Olá,
Ei-la cansada, com o peito ofegante e o andar em desalinho, que passa...
O tempo sulcou-lhe a face, apergaminhando-a, deixando em cada ruga um sofrimento, uma decepção, uma amargura.
Quem a vê não é capaz de avaliar as lutas que travou com estoicismo demorado.
Talvez tenha vendido o corpo para que o pão minguado não faltasse totalmente em casa, ou a gôta de leite nutriente não
fôsse negado ao filho, que sustentou com abnegação e devotamento.
Possivelmente, quando percebeu a presença do gérmen da vida movimentando-se na intimidade do ventre e cantou a notícia aos ouvidos do amor que a fecundou, foi convidada a extirpá-lo e preferiu a rota da soledade, do abandono, ao infanticídio...
Quem sabe os demorados travos de amargura que lhe tisnaram os lábios e os silêncios que foram sufocados no coração, a fim de que, misturando as suas com as lágrimas do filho, não o deixasse sofrer em demasia?...
Há, sim, muitas mães que se transformaram em hienas desapiedadas.
Outras se fizeram indiferentes ao sublime cometimento maternal, deixando os filhos a êsmo.
Muitas, incontáveis, fizeram-no vitimadas pela miséria, pela ignorância, pelo desespêro...
E são, no entanto, exceção.
Um sem número de jovens traídas no sonho de felicidade a que se deixaram arrastar, santificaram as horas mais tarde sustentando o filhinho nos braços como o mais precioso tesouro que jamais ambicionaram.
Desde a hora em que lhes sorriu o pedacinho daquela vida, parte da sua vida, elas se esqueceram de si mesmas e empenharam-se com sofreguidão a protegê-lo, acalentando, talvez, a ambição de receberem um amparo mais tarde para si mesmas, não obstante amparando em regime integral de proteção e defesa o filhinho que sustinham nos braços...
Há, também, os filhos ingratos, que se transformaram em abutres que sobrevoam o quase cadáver de quem lhes ofertou o vaso orgânico...
Também os há que se converteram em regaço de luz e em aroma de benignidade, em santa devoção, tentando retribuir...
Mães — estrêlas da Vida, multiplicando vidas!
Filhos — gemas brutas a serem trabalhadas para as fulgurações estelares!
Muitos corpos não geraram outros corpos, no entanto fizeram-se mães da dedicação em nome do amor de Nosso Pai, sustentando essas vidas que não se estiolaram porque elas tomaram a si o ministério de socorrê-las e ampará-las.
São as mães da abnegação e do sofrimento...
Em singela manjedoura, um dia, uma mulher sublime fêz-se Mãe Santíssima e depois de uma cruz de infâmia transformou-se na mãe-modêlo de tôdas as mães, simultãneamente mãe de todos nós.
Quando as criaturas da Terra evocam para homenagear a própria genitora, Maria, a Santíssima, roga ao Filho Celeste que abençoe a Humanidade, especialmente as mães, no momento em que, ultrajada e sofrida, a maternidade é considerada punição e desgraça pelas mulheres e pelos homens que passam enlouquecidos na direção do desespero...
“Honrai a vosso pai e a vossa mãe”.
Lucas: capítulo 18º, versículo 20.
“Honrar a seu pai e a sua mãe não consiste apenas em respeitá-los; é também assisti-los na necessidade; é proporcionar-lhes repouso na velhice; é cercá-los de cuidados como eles fizeram conosco na infância”.
ESE.
Capítulo 14º — Item 3, parágrafo 2
Florações Evangélica Joanna de Ângellis/Divaldo P.Franco
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