Olá,
Celibato voluntário sem aproveitamento espiritual
Entre os Espíritos que se encontram em vida celibatária servindo às
diversas ordens religiosas do mundo, somente uma minoria é que já educou e
sublimou realmente os seus impulsos sexuais, pois a maioria tem, nesta
experiência difícil de silêncio afetivo, uma grande oportunidade a fim de educar
suas emoções e desejos para a vida espiritual superior.
Os hábitos exteriores da convivência regulada, da disciplina planejada, do
regime afetivo e da vida de ascetismo não determinam, por si só, as conquistas
dos valores espirituais.
Pode-se viver em pleno egoísmo e muito distante das
virtudes cristãs. É o que vemos na pergunta de “O Livro dos Espíritos”, na
Questão 698:
“O celibato voluntário representa um estado de perfeição
meritório aos olhos de Deus?
“Não, e os que assim vivem por egoísmo, desagradam a Deus e
enganam o mundo.”
Vida monástica, por si só, não é sinônimo de evolução espiritual. Podemos
passar uma vida toda com disciplinas rígidas e não aproveitá-las para o
aprimoramento dos sentimentos.
Num regime de abstenção sexual, sem desenvolver os valores do coração,
através do serviço de amor desinteressado aos semelhantes, a alma continuará
estacionária e sem sublimação das energias sexuais.
O Espírito
Emmanuel aprofunda esta análise sobre celibato e aperfeiçoamento espiritual:
“A criatura que abraça encargos dessa ordem está procurando ou
aceitando para si mesma aguilhões regeneradores ou educativos, de
vez que ordenações e providências de caráter externo não
transfiguram milagrosamente o mundo íntimo. As realizações da fé,
por isso mesmo, se concretizam à base de porfiadas lutas da alma, de
si para consigo.”
“Vida e Sexo” — Emmanuel / F. C. Xavier LIÇÃO 25
Causas mais comuns do celibato: inibições irreversíveis e
processos de inversão
A esmagadora maioria dos Espíritos em vida celibatária, nas ordens
religiosas ou fora dela, são criaturas menos elevadas em grandes lutas
expiatórias para educar seus impulsos genésicos, que em vidas passadas
foram muito mal aplicados. Agora voltam em abstinência sexual, não
simplesmente por uma aceitação voluntária, mas, sim, impulsionados por duas
forças poderosas de contenção sexual: inibições irreversíveis e processos de
inversão, que são os complexos psicológicos profundos e o fenômeno da
homossexualidade, seja no homem ou na mulher.
As causas espirituais são
básicas na maioria das experiências celibatárias, como nos diz Emmanuel:
“(...) encontramos aqueles outros, os que já renasceram no corpo
físico induzidos ou obrigados à abstinência sexual, atendendo a inibições
irreversíveis ou a processos de inversão pelos quais sanam erros
do pretérito ou se recolhem a pesadas disciplinas que lhes facilitem a
desincumbência de compromissos determinados, em assuntos do
Espírito”.
“Vida e Sexo” — Emmanuel / F. C. Xavier LIÇÃO 23
Podemos considerar os Espíritos, nestes casos acima, como submetidos
ao regime de abstinência sexual involuntária, pois uma força mais poderosa do
que a própria vontade ou aptidão, determinou este tipo de experiência para
disciplinar e educar as suas energias desordenadas e muitas vezes confusas.
Eunucos que se castraram pelo Reino dos Céus
O Evangelho nos fala dos “eunucos que se castraram a si mesmos por
causa do Reino dos Céus”.
Os eunucos serão, em nosso entendimento,
aqueles que, com abstinência sexual e vida celibatária, entregaram a vida a
benefício da Humanidade ou de si mesmos, em duas situações:
1º) a dos Espíritos
Superiores que vêm com missão definida em atividades religiosas para
impulsionar as criaturas humanas ao progresso espiritual e que aceitaram
voluntariamente, vivendo num clima de amor, renúncia e humildade a bem dos
semelhantes;
2º) a daqueles Espíritos que se encontram com necessidades
expiatórias e aceitaram involuntariamente ou seja, sem a aprovação de um
desejo íntimo. Trazem ainda muitos problemas morais por resolverem, através
de um trabalho árduo e penoso de reeducação dos sentimentos, em busca do
Amor Universal.
Os Espíritos do segundo caso não superaram ainda dificuldades e defeitos
do sentimento e se encontram protegidos por uma determinada disciplina
externa, à feição de um braseiro encoberto por pequena camada de cinzas,
mas que, ao leve sopro das tentações e testes, voltam à tona das emoções e
dos hábitos menos felizes, trazendo angústias, frustrações e desencanto.
Estão
sujeitos a falhas e quedas no campo da afeição, pois todos os seus recursos
genésicos não estão mortos nem imperfeitos mas, sim, algemados por
inibições e inversões, as quais não lhes garantem absoluto afastamento dos
deslizes do sentimento.
Apresentação exterior de religiosidade não determina conquista de valores
espirituais e sublimação da energia sexual.
O Espírito Emmanuel analisa, com
agudeza psicológica, as criaturas com experiência de vida celibatária:
«Esses eunucos, porém, muito ao contrário do que geralmente se
afirma, não são criaturas psicologicamente assexuadas, respirando
em climas de negação da vida. Conquanto abstêmios da emotividade
sexual voluntária ou involuntária, são almas vibrantes, inflamadas de
sonhos e desejos, que se omitem, tanto quanto lhes é possível, no
terreno das comunhões afetivas, para satisfazerem as obrigações de
ordem espiritual a que se impõem. Depreende-se daí a
impossibilidade de se doarem a quaisquer tarefas de reparação ou
elevação sem tentações, sofrimentos, angústias e lágrimas, e, às
vezes, até mesmo escorregões e quedas, nos domínios do
sentimento, de vez que os impulsos do amor nela se mantêm com
imensa agudeza, predispondo-as à sede incessante de compreensão
e de afeto.” “Vida e Sexo” — Emmanuel / F. C. Xavier LIÇÃO 23
Walter Barcelos " Sexo e Evolução "
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