quinta-feira, 14 de julho de 2016

ABSTINÊNCIA SEXUAL E APERFEIÇOAMENTO IV

Olá,

 Compreensão para com os de vida celibatária

Percebendo a complexidade afetiva e as experiências difíceis do sentimento por que passa a maioria das criaturas em vida de solidão afetiva, seja o homem ou a mulher, devemos compreender suas profundas lutas intimas, respeitá-los e não exigir-lhes uma posição de vida matrimonial na presente encarnação, que para eles seria muito difícil ou impossível de concretizar-se. A união matrimonial deverá ser sempre uma busca afetiva natural, autêntica, pessoal e não para atender simplesmente aos anseios, embora louváveis, dos pais, familiares e amigos.
E isto ocorre algumas vezes com Espíritos que vieram para a vida de celibato e que se consorciam para atender aos pais e familiares — uniões essas que não obterão durabilidade e causarão maiores sofrimentos.

Programa de abnegação não cumprido por um sacerdote

Vejamos agora os belíssimos votos de abnegação sacerdotal do Espírito Pólux, quando se encontrava na Vida Espiritual, pouco antes da reencarnação, prometendo uma vida exemplar de sacerdócio com renúncia, ascetismo e aperfeiçoamento. Atentemos no que nos fala Emmanuel em o livro “Renúncia”: “— Sim, esclareceu Pólux, desfeito em lágrimas —‘ roguei a recapitulação do esforço dos sacerdotes devotados ao labor divino. Uma vez mais, quero tentar as provas da abnegação e o ascetismo, na exemplificação do amor ao próximo.
 (...) Quero viver sem lar e sem filhos carinhosos, quero conhecer a solidão que muitas vezes já experimentaste no mundo, nos extrêmos sacrifícios por mim. Minhas noites hão de ser desertas e tristes, caminharei junto dos que caem e padecem sobre a Terra, no propósito de servir a Jesus, através da sua Seara de Amor e Perdão.”
“Renúncia” — Emmanuel / F. C. Xavier  1ª  PARTE

 Este maravilhoso projeto de trabalhos de amor e aperfeiçoamento não foi concretizado por Pólux, pois na Terra ele foi o sacerdote Carlos Chenagham, no século dezoito, na época da Inquisição, e levou sua vida de sacerdote para a intriga, o crime, a perseguição e a crueldade. Embora sendo alma afim do Espírito elevadíssimo de Alcíone, ainda nesta encarnação não soube aproveitar as experiências de sacerdote para o bem da Humanidade.

Modificação de programa de celibato para o de matrimônio

 O Espírito que renasce com o programa traçado para uma vida celibatária, com a finalidade de amparar e educar os que o cercam, se modificar sua vida para uma paixão matrimonial ou outro tipo de experiência afetiva, fugindo ao conjunto de deveres inadiáveis, assumidos antes da reencarnação, irá complicar, dificultar e atrasar em muito o seu aperfeiçoamento espiritual.
Em o livro “Sexo e Destino” assim está expressado:
 “(...) há provações e circunstâncias difíceis em que o homem ou a mulher são chamados à abstenção sexual, no interesse da tranquilidade e da elevação daqueles que os cercam, situação essa que não se modifica sem alterar ou agravar os próprios compromissos”. ”Sexo e Destino” — André Luiz / F. C. Xavier / Waldo Vieira  CAPÍTULO 10 .2 P
Para ilustrar este ensinamento, quanto ao desvio da experiência celibatária para a vida conjugal, temos o sugestivo caso do jovem Otávio, em o livro de André Luiz “Os Mensageiros”, Capítulo 6, intitulado: A queda de Otávio.
Fizemos o resumo deste capítulo, em que buscamos destacar a mudança de destino da vida celibatária para o de casamento. Otávio precisava experimentar a vida de celibato, porque o seu caso particular assim o exigia. Como missão particular, deveria receber, com a vida de solteiro, seis crianças órfãs, seus credores de vidas passadas, a fim de ampará-las e educá-las. Aos dezenove anos, sofrendo problemas mediúnicos, interpretados como alucinações, vai ao médico, o qual lhe aconselha experiências sexuais. De imediato, entrega-se aos abusos sexuais. Aos vinte anos de idade, quando foi chamado à tutela das seis crianças, fugiu ao compromisso assumido, tomado de horror. Em virtude de uma ação menos digna com uma jovem, foi obrigado a casar-se, precipitadamente, o que não estava no seu programa de vida. A mulher a quem se ligara somente por apetites do instinto sexual era criatura muito inferior aos seus recursos espirituais. Otávio não foi feliz no casamento, pois sofreu muito com a esposa, que não se dedicava a nenhum valor espiritual. Teve um filho de triste condição espiritual, o qual, juntamente com a sua esposa, atormentou sua vida a tal ponto, que, sem os recursos inestimáveis da fé viva, desalentado e infeliz, veio a desencarnar aos quarenta anos de idade, roído pela sífilis, pelo álcool e pelos desgostos. Perdeu todas as oportunidades para o resgate, aperfeiçoamento e libertação.

 Respeito para com a vida sexual de qualquer criatura

Grande parte dos Espíritos em vida celibatária encontra-se em grandes lutas de auto-superação e necessita, por parte daqueles que possuem normalidade na atividade sexual, da compreensão que ajuda e do respeito que conforta. Permaneçamos distantes de toda conversação maledicente, das críticas impiedosas, das exigências insistentes para o matrimônio e mesmo de brincadeiras de mau gosto com sua posição de solteiro ou de solteira. Tais comportamentos são contrários ao Evangelho do Cristo de Deus e criam situações mais difíceis para as criaturas que passam pela experiência da solidão afetiva. Emmanuel explica quanto à compreensão com a vida sexual de cada pessoa:
‘Tais considerações nos impelem a concluir que a vida sexual de cada criatura é terreno sagrado para ela própria, e que, por isso mesmo, abstenção, ligação afetiva, constituição de família, vida celibatária, divórcio e outras ocorrências, no campo do amor, são problemas pertinentes à responsabilidade de cada um, erigindo-se, por essa razão, em assuntos, não de corpo para corpo, mas de coração para coração.”
“Vida e Sexo” — Emmanuel / F. C. Xavier  LIÇÃO.23

Amar é também compreender o estado espiritual de cada criatura, buscando não perturbar de modo algum sua vida íntima, fazendo sempre o melhor em palavras e atos como nos ensinou Jesus.

Walter Barcelos                                       " Sexo e Evolução"

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