Olá,
“Diremos primeiramente que o Espiritismo
não podia ser responsável pelos indivíduos que tomam indevidamente
a qualidade de médium, não mais que a ciência verdadeira
não é responsável pelos escamoteadores que se dizem
físicos.
Um charlatão pode pois dizer que opera com a ajuda de
Espíritos, como um prestidigitador diz que opera com a ajuda
psíquica; é um meio, como outro, de lançar poeira aos olhos;
tanto pior para os que nisto se deixam prender.
Em segundo
lugar, o Espiritismo condena a exploração da mediunidade, como
contrária aos princípios da Doutrina do ponto de vista moral, e
demonstrando que não deve nem pode ser um ofício nem uma
profissão; todo médium que não tire de sua faculdade algum
lucro direto ou indireto, ostensivo ou dissimulado, descarta, por
isso mesmo, até a suspeição de trapaça ou charlatanismo; desde
que não seja solicitado por algum interesse material, o malabarismo
seria sem propósito.
O médium que compreende o que há
de grave e de sagrado em um dom dessa natureza, creria profaná-lo,
ao fazê-lo servir às coisas mundanas para si e para os outros,
ou se dele fizesse um objeto de divertimento e de curiosidade;
respeita os Espíritos como quereria que se o respeitassem quando
se tornar um Espírito, e não os colocaria em ostentação.
Por
outro lado, sabe que a mediunidade não pode ser um meio de
adivinhação; que ela não pode descobrir os tesouros, as heranças,
nem facilitar o êxito nas chances aleatórias, e não lê a sorte, nem
por dinheiro nem por nada; então ela não terá jamais de desembaraçar-se com a justiça.
Quanto à mediunidade de cura, ela
existe, isto é certo; mas está subordinada a condições restritas,
que excluem a possibilidade de se ter uma sala aberta às consultas,
e sem suspeita de charlatanismo, é uma obra de devotamento
e sacrifício, e não de especulação.
Exercida com desinteresse,
prudência e discernimento, e encerrada nos limites traçados pela
Doutrina, ela não pode cair sob o golpe da lei.
Em resumo, o médium, segundo os objetivos da Providência
e do Espiritismo, quer seja artesão ou príncipe, porque dela há no
palácio e nas choupanas, recebeu um mandato que cumpre
religiosamente e com dignidade; não vê em sua faculdade senão
um meio de glorificar Deus e de servir a seu próximo, e não um
instrumento para servir seus interesses ou satisfazer sua vaidade;
se faz estimar e respeitar por sua simplicidade, sua modéstia e
sua abnegação, o que não é o fato com aqueles que procuram
dela fazer um degrau.”
Allan Kardec
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