Olá,
Quanto à responsabilidade individual, perante a Justiça Divina, há muita
diferença entre os aidéticos que adquiriram a doença por causa de seus
desvarios sexuais, em relação àqueles que contraíram a doença, sem o desvio
ou a prática abusiva do instinto sexual.
A criatura que busca voluntariamente a prática sexual de forma compulsiva
e irresponsável, sem tomar os devidos cuidados corpóreos e morais, não
estará, com o seu sofrimento, resgatando dívidas do passado, mas única e
simplesmente purgando os sofrimentos de uma doença que poderia ser
totalmente evitada na experiência atual.
É um carma adquirido pelo próprio
abuso sexual. Já para aqueles que são vítimas da doença, sem raízes nas
aberrações sexuaís, a enfermidade torna-se um elemento providencial no
ressarcimento de dívidas assumidas em vidas pretéritas, ensejando o resgate,
aperfeiçoamento e iluminação da alma, isto é, se a criatura souber aproveitar
os sofrimentos dolorosos, com resignação, humildade e confiança em Deus.
Esclarecendo ainda: no primeiro caso, o aidético estará também, por sua
vez, colhendo os benefícios do sofrimento em seu Espírito, como experiência
valiosa para a sua educação sexual e a conquista do amor espiritualizado,
sem, contudo, aliviar-se da lesão na estrutura sensível do corpo espiritual,
acarretando, com isso, distúrbios não só espirituais mas também cármicos
futuros.
Os dramas dolorosos da Aids, acometem a todos os pacientes, cabendo
unicamente à Lei Divina avaliar as causas e as necessidades de sofrimento do
Espírito, na escalada evolutiva.
6.7 — O aidético e seus sofrimentos físicos e morais.
O indivíduo, depois de declarado enfermo da Aids pela Medicina e tomar-se
conhecido pela sociedade como portador desta nova moléstia, padecerá,
além dos terríveis sintomas da enfermidade, todos os tipos de preconceitos,
incompreensão e abandono por parte de familiares, amigos e colegas, por ser
ela por enquanto incurável, bem como pelo receio e pavor natural que assola
todo o mundo, quanto aos riscos de contágio e transmissão para os cônjuges e
filhos.
Esse terror que toma conta da população é, de certa forma, benéfico,
porque coloca um freio nos instintos sexuais desequilibrados.
As doenças físicas, por mais difíceis e dolorosas que sejam, não superam
os traumas morais, que são muito mais profundos e consequentemente mais
torturantes ao Espírito, por atingir de forma cruciante a sua sensibilidade total.
Com o exílio afetivo decretado pelos familiares, amigos e colegas, vivendo o
abandono geral dos corações queridos e recebendo até mesmo críticas sobre o
seu comportamento, experimenta uma solidão imensa, superável apenas com
muita força interior, sustentada pela fé na luz superior, que é DEUS, fonte
inesgotável de Amor para o nosso fortalecimento espiritual.
O aidético, quando banhado pela fé superior, passa a compreender suas
dores e isolamento com o devido perdão e humildade, beneficiando-se em
todos os aspectos físicos e psíquicos, pela eliminação da revolta, condenação,
tristeza e desespero, que poderiam indubitavelmente lesar ainda mais o seu
sistema mental.
Existem inúmeras frentes de pesquisas na Ciência, buscando a cura da
Aids — o que é louvável — mas, para o Espiritismo, não basta unicamente
curar o corpo físico, o que seria apenas paliativo, mas sobretudo eliminar os
agentes etiológicos radicados na alma.
Para que possamos entender melhor o que acabamos de comentar,
meditemos no que nos relata Emmanuel sobre as graves moléstias de difícil
tratamento:
“Indagareis, aflitos, quanto às moléstias incuráveis pela ciência da
Terra e eu vos direi que a reencarnação, em si mesma, nas circunstâncias
do mundo envelhecido nos abusos, já representa uma
estação de tratamento e de cura e que há enfermidades d’alma, tão
persistentes, que podem reclamar várias estações sucessivas, com a
mesma intensidade nos processos regeneradores.” (“O Consolador” — Emmanuel / F. C. Xavier — PERGUNTA 96)
O Espiritismo, que revive o Cristianismo Primitivo, descortinando a
grandeza das Leis Divinas no Universo, nos ensina a conquistar primeiramente
a saúde espiritual, como reflexo do equilíbrio interior, o qual nasce da disciplina
das emoções, contenção de nossos desejos inferiores e da anulação completa
de nossa inquietação sexual.
A Humanidade mantém-se na ignorância das próprias misérias espirituais,
ainda bastante distanciada que está dos princípios superiores da Vida Maior,
contidos nas regras morais do Evangelho de Jesus.
Jesus é o Divino Médico
das almas.
Aidéticos ou não, todos necessitamos enormemente dos esclarecimentos e da prática das Leis Morais e Espirituais que governam a vida e o destino de
todas as criaturas.
Emmanuel em seu livro “O Consolador” esclarece-nos, à luz
do Evangelho, com relação aos benefícios das doenças incuráveis:
“O Plano Espiritual não pode quebrar o ritmo das leis do esforço
próprio, como a direção de uma escola não pode decifrar os
problemas relativos à evolução de seus discípulos.
Além de tudo, a doença incurável traz consigo profundos
benefícios.
Que seria das criaturas terrestres sem as moléstias dolorosas
que lhes apodrecem a vaidade?
Até onde poderiam ir o orgulho e
o personalismo do espírito humano, sem a constante ameaça de uma
carne frágil e atormentada?
Observemos as dádivas de Deus no terreno das grandes
descobertas, mobilizadas para a guerra de extermínio, e
contemplemos com simpatia os hospitais isolados e escuros, onde,
tantas vezes, a alma humana se recolhe para as necessárias
meditações.” (“O Consolador” — Emmanuel / F. C. Xavier —
PERGUNTA 101)
Que os irmãos aidéticos possam aproveitar suas experiências dolorosas,
com as luzes da fé e as bênçãos do amor fraterno e universal, para o devido
resgate e aperfeiçoamento espiritual.
6.8 — Educação sexual à luz do Evangelho.
Medicina preventiva do corpo
e da alma
Analisando os problemas da educação sexual, principalmente do
homossexual, à luz do Espiritismo, lembremos as palavras de uma elevada
personalidade espiritual no livro “No Mundo Maior”, que nos faz recordar que os
problemas sexuais são todos de ordem espiritual. Senão, analisemos:
“(...) temos, na inquietação sexual, fenômeno peculiar ao nosso
psiquismo, em marcha para superiores zonas da evolução”. (“No Mundo Maior” — André Luiz / F. C. Xavier — CAP.11)
Todas as nossas manifestações sexuais, bem como os problemas da
sexualidade humana, estão profundamente radicados na estrutura mental, e
não simplesmente em neurônios, glândulas e hormônios, cuja atuação no
organismo se concentra unicamente no sentido da expressão dos caracteres
sexuais físicos.
Todos nós (em especial, o irmão homossexual interessado em educar-se
para a prática do AMOR ESPIRITUALIZADO) enfrentamos não somente as
doenças sexualmente transmissíveis, dentre elas a Aids, mas também o
sintoma íntimo mais infeliz — a TORTURA SEXUAL, problema também da
maior gravidade, inerente a cada pessoa, o qual está profundamente radicado
em nossa estrutura psicológica, ou seja, na MENTE.
A educação do homossexual na área do sexo, à luz do Espiritismo, não se
fará com a eliminação dos seus reflexos mentais de feminilidade ou
masculinidade, pois estes já constituem patrimônio íntimo, adquiridos em
experiências nas reencarnações sucessivas, nos milênios. O que é bom no
Espírito deve ser conservado, cabendo somente o dever de aperfeiçoar e
purificar estas qualidades.
É imprescindível que o homossexual trabalhe a espiritualização de sua própria personalidade para que possa, através dela,
dominar os desejos inferiores, conter as aberrações sexuais e distanciar-se da
promiscuidade sexual, direcionando suas energias psíquicas com MUITO
ESFORÇO INTERIOR para as obras da FÉ SUPERIOR, da CARIDADE, da
VIRTUDE e das ARTES.
O Querido médium e sábio conhecedor da alma humana, Chico Xavier, em
resposta à Folha Espírita, de novembro de 1988, quando questionado a respeito
da Aids, iluminou-nos a mente com os seguintes esclarecimentos:
“Acredito que a Aids, a nova moléstia, não é um castigo de Deus, mas uma
questão criada por nós mesmos, as criaturas da Terra, e que alcançará, por
misericórdia de Deus, a vacina necessária para que nos desvencilhemos de
semelhante flagelo.
Devemos compreendê-lo como uma sugestão para melhorar os nossos
costumes. Não podemos dizer que seja um castigo de Deus uma doença que
tem aparecido nos próprios recém-nascidos.
Os cuidados, a higiene, a possível
abstenção sexual e o respeito uns a frente dos outros são os remédios de que
dispomos, à espera de um antídoto, uma vacina que está sendo elaborada
pelos nossos cientistas.”
Do ponto de vista material, a ciência oferece de imediato o preservativo
‘camisinha de Vênus” e orienta para a diminuição de parceiros sexuais, como
meio de prevenção das doenças sexualmente transmissíveis, essencialmente
da Aids, ao passo que o Espiritismo nos oferece a prática das virtudes
evangélicas, como preservativo das doenças da alma, sem o qual estaremos
expostos ao contágio de todo tipo de bacilos psíquicos e irradiações mentais
infecciosas, a debilitar as nossas energias espirituais.
De nossa parte, queremos afirmar que pertence a cada criatura, seja na
condição de homossexual ou heterossexual, a responsabilidade pessoal de
promover, quando lhe aprouver, a auto-educação das energias da libido, para
que possa a cada dia, conquistar o amor espiritualizado, aprendendo a aplicá-las
com equilíbrio e discernimento, expandindo a sensibilidade para novas
fontes de prazeres mais nobres e sutis, muito além do sexo fisiológico.
Em matéria de sexo, é necessário entender: não proibição, mas educação;
não preconceito, mas compreensão da individualidade psicológica sexual de
cada pessoa; não satisfação fácil do desejo, mas disciplina; não viciação do
instinto sexual, mas uso com discernimento; não abstinência imposta, mas
emprego digno.
Devemos adquirir valores morais superiores, para purificar
nossos desejos e aprimorar a energia sexual, a fim de sermos mais felizes no
amor sexual, não somente no prazer momentâneo do orgasmo fisiológico, mas,
muito especialmente no prazer íntimo e profundo de doar e permutar amor,
carinho, simpatia, humildade e renúncia em nosso relacionamento afetivo e
sexual, apesar das grandes dificuldades e imperfeições morais de todos nós
em Humanidade.
SEXO E EVOLUÇÃO WALTER BARCELLOS
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