Olá,
Fala a criatura ao Criador, na oração. Fala o Criador à criatura, na pregação.
A linguagem do louvor, ou da súplica, sobe na Terra.
A palavra de consolo, ou de advertência, desce das Alturas.
Há muitos que investigam o pregador de existência claudicante e repelem a mensagem
divina, esquecidos de que eles mesmos alimentam o corpo com os frutos da natureza,
criados nas adjacências da lama.
Deus, que desabotoa flores perfumadas no pântano, pode colocar as glórias da revelação
em lábios ainda impuros.
Ninguém saborearia as folhas tenras da alface à mesa festiva, com a mente voltada para
os vermes da horta.
O cântaro lodoso pode recolher a água cristalina da chuva, para socorrer o viajor
alquebrado pela canícula.
Não desprezemos, por bagatelas da carne ambulante e frágil, os dons da luz eterna.
As notícias do Reino Divino podem chegar até nós por intermédio das inteligências
mergulhadas nas trevas, assim como os relâmpagos de clarão deslumbrante faíscam
dentro da noite escura.
Importa, em todos os lugares e em tudo, ver o melhor e escolher a boa parte.
A frase que acende em nós a flama da virtude ou que nos inclina à meditação, que nos
torna o sentimento mais doce e o raciocínio mais elevado, é uma flor celeste,
desabrochando no tronco do nosso pensamento inferior e primitivo, por miraculoso
processo de enxertia divina.
“Aquele que julga estar de pé, olhe não caia” – disse o apóstolo Paulo; e o apóstolo Tiago
assevera à cristandade: - “Toda boa dádiva vem do Alto.”
Que possuirá o homem de excelente, que lhe não tenha sido prodigalizado de Cima?
Ainda mesmo quando na boca de um criminoso confesso, a palavra do bem é fruto
precioso do amor de Deus, amadurecido nos galhos tristes do arrependimento humano.
Em todos os tempos e em todos os círculos de atividade comum, a argumentação
restauradora e santificante da fé representa a conversação do Pai com os filhos, entre a
misericórdia e a necessidade.
Ninguém se suponha esquecido pelo Senhor, porque o senhor nos dirige a palavra,
através de todo verbo construtivo que nos leve ao bem.
“O pão nosso de cada dia, dá-nos hoje” – afirma a prece dominical.
Mal-avisados viveríamos se nos julgássemos precisados tão-só de viandas fortalecedoras
do corpo em trânsito para as cinzas do túmulo. Referia-se Jesus, muito mais, ao pão
espiritual do coração e da consciência, no santuário da alma que nunca morre, pão que é
alimento da palavra enobrecedora, do esclarecimento digno, da cultura edificante e da
elevação divina.
Onde luzir o verbo da bondade que auxilia e educa, aí se reflete, magnânima, a voz da
Providência.
Cada vez que imploramos os favores do Altíssimo, não nos esqueçam os recados e os
avisos, as lições e as advertências que havemos recebido do Amoroso Senhor.
André de Cristo/Francisco C. Xavier " Falando à Terra "
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