Olá,
Aprendendo, em verdade, onde se encontra o tesouro real do homem, perante Deus,
ensaiamo-nos em novo regime, dentro do qual o direito à propriedade estivesse sofrendo
a mais ampla renovação.
Imaginemos que regulamentos distributivos determinassem a divisão compulsória de
todos os bens acumulados nos Bancos, para que o ouro guardado felicitasse cada
criatura em benefícios iguais.
Mentalizemos decretos que transformassem toda a legislação agrária em vigor, para que
o solo fosse subdividido em quotas idênticas, conferindo-se, a cada homem, à parte que
lhe coubesse, segundo a estatística em andamento.
Idealizemos portarias sobre a organização predial,repartindo todos os edifícios existentes
entre os habitantes do mundo, em exata partilha, e figuremos todos os recursos
potenciais das Nações equitativamente entregues aos filhos que lhes são próprios.
Entretanto, se o homem, a pretexto de possuir, não mais se dispusesse ao trabalho,
decerto que a fome e a violência viriam, em breve,aniquilar essa suposta igualdade,
porquanto, com a propriedade imposta por lei, ninguém se inclinaria a servir, acabando a
instituição de semelhantes princípios em guerra aberta e destruidora, pela qual, cada
homem, se sentiria com o direito de perturbar o caminho alheio, rendendo novo culto às
trevas da escravidão.
Não tenhamos, pois, qualquer dúvida, em matéria de regimentos legais.
Não vige a lei benigna quando o homem não se decide a ser bom.
E sabendo, portanto, que cada criatura vale, perante a vida, pelos frutos e exemplos que
venha a produzir, saibamos trabalhar simples e honestamente, porque o trabalho é
sempre a única riqueza capaz de assegurar a perfeita alegria, garantindo, a si própria, o
domínio da luz.
Emmanuel/Francisco C. Xavier " Intervalos "
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