Olá,
Se os pais suspeitam e descobrem que o filho está usando drogas
precisam primeiramente escutar o que o filho tem a dizer para depois
compreenderem o que está acontecendo.
Este uso pode ser devido a uma oportunidade que surgiu e não
significa que ele já é um dependente.
Todo cuidado é pouco, uma
abordagem inicial desastrosa pode se tornar mais perigosa do que o uso
de drogas em si. De nada adianta a agressão, a violência e o desespero,
cabe o diálogo e o esclarecimento dos riscos de acordo com as
informações científicas, sem terrorismo, porque exagerar riscos pode ser
um estímulo para o uso, pode ser uma forma de testar limites.
Muitas famílias espíritas estão sofrendo com seus filhos, mesmo
conhecendo a dimensão espiritual, a lei da ação e da reação, a
necessidade do resgate de nossas dívidas, os perigos de repetirmos os
mesmos erros de outrora, acabam fracassando em seus projetos e
retardando a sua evolução espiritual.
Na adolescência o espírito retoma suas antigas tendências, por isso
Divaldo Franco recomenda a prática da meditação pelos jovens, vista
como a principal alternativa para evitar ou substituir as drogas.
Os especialistas recomendam atividades artísticas e esportivas como
alternativas saudáveis para a substituição de drogas, mas nossa
experiência confirma o quanto a arte e o esporte, infelizmente, é
insuficiente, podendo se tornar mais um meio de propagação de drogas.
Os psicólogos alertam sobre a necessidade de dar segurança para os
filhos através do afeto, da escuta e da atenção concentrada, fator de
proteção contra as drogas, aliás se fôssemos mais atentos com os sinais
que nossos filhos apresentam, não seríamos pegos de surpresa,
faríamos a intervenção correta antes mesmo que as drogas entrassem
em suas vidas.
Estudos concluíram a depressão como um transtorno psiquiátrico
mais associado à dependência às drogas. Quantos jovens não estão
sofrendo deste mal?
Recentemente descobriu-se que crianças com dificuldades de
aprendizagem, hiperatividade, déficits de atenção e concentração são
mais propensas a se tornarem dependentes de drogas.
Geralmente os
familiares não identificam a dificuldade, não encaminham a especialistas
como a um psicopedagogo, por exemplo, e rotulam como rebeldia,
preguiça, desinteresse, indisciplina, provocando um grande abalo na
auto-estima e no desenvolvimento de outras potencialidades. Se os
distúrbios de aprendizagem fossem tratados, estas consequências
drásticas não aconteceriam, como exemplo relata Silveira (1999) muitos
dependentes de drogas que apresentavam transtornos de atenção e
foram adequadamente tratados pararam de consumir drogas.
Os conflitos e rebeldias fazem parte da adolescência normal e não
indicam necessariamente envolvimento com drogas, os jovens precisam
aprender a conhecer suas emoções e lidar com suas dificuldades e
problemas, principalmente desenvolverem sua autonomia para
aprenderem a serem responsáveis por suas opções.
O desejo de drogas é sempre a busca de algo mais. Os pais
transmitem aos filhos quando eles próprios ingerem drogas e os seus
filhos acabam fazendo a mesma coisa. Isso é explicado geneticamente
por algumas correntes que acreditam que já existe uma predisposição
manifestada no equilíbrio bioquímico.
Pesquisas e estudos de Bergeret & Leblansc mostraram que existem
patologias comumente encontradas nas famílias de usuários (nuclear ou
mais ampla), tais como: alcoolismo paterno ou materno, uso abusivo de
medicamentos, excessos de automedicação, óbito precoce de um dos
pais, condutas de suicídio, distúrbios mentais, sintomatologias neuróticas
graves, estados depressivos, etc.
Quando constatada a dependência do filho às drogas, percebem-se
intensos conflitos porque, ao mesmo tempo que o filho rejeita o sistema
de valores dos pais, permanece em uma situação de dependência
infantil, revelando falhas na capacidade de reconhecer-se como indivíduo
adulto e capaz.
Existe um tempo de latência longo entre a descoberta pela família
(cegueira familiar) e o uso de drogas pelo jovem. Jovens dependentes
podem viver anos como crianças dóceis e afetuosas, sem serem
descobertos pelos pais. A revelação do uso incomoda os pais e perturba
o usuário na lua de mel com as drogas.
O jovem geralmente demonstra extrema dificuldade de
relacionamento com a figura de "autoridade", desafiando e transgredindo
compulsivamente. A realidade fica insuportável, os únicos momentos
dignos de serem vividos são quando vive o imaginário, alucina o real e
descobre no corpo sua fonte de prazer.
Antes que a dependência se instale, a família precisa reverter o
processo, deve assumir sua parte da responsabilidade, procurando
orientação, quando necessário, e compreendendo que o jovem usuário é
portador de um sintoma que inclui o familiar, e cada qual deve procurar o
significado desse sintoma.
Metacomunicar a respeito da história familiar
não significa culpabilizar os pais. Todos os membros da família são
vítimas de um sintoma, cuja modificação irá alterar a homeostase
familiar.
Não existem culpados, a família é parte do problema e, como tal, é
parte da solução.
A família se depara com o problema com extrema perplexidade e
despreparo sobre o assunto, procurando encontrar soluções mágicas e
imediatas. Sternschuss e Angel analisam a família do toxicômano e
concluem que a primeira reação da família ao saber do uso de drogas
por um de seus membros é de total desconhecimento, seguida de
"cegueira familiar" e, quando realmente constata, eclode a crise familiar.
Pesquisas realizadas no Centro Monceau, presidido por C.
Oliveinstein, que atende centenas de famílias de heroinômanos,
comprovaram a existência de mitos familiares (conceito elaborado por
Ferreira e J.Byng-Hall, apud Bergeret e Leblansc, 1991). Seus estudos
analisam três tipos de "mitos familiares": o da "boa convivência"; o do
"perdão, da expiação e da salvação" e o mito da "loucura na família".
* O "mito da boa convivência" faz com que a família não reconheça
nenhuma necessidade de mudança na sua dinâmica, culpa os
colegas e traficantes e a frase típica é: "tudo começou depois que
meu filho ficou amigo de fulano".
* O "mito do perdão, da expiação e da salvação" é típico do caso do
jovem que é depositário da culpa da família inteira, é o bode
expiatório. Se um dia ele sair dessa situação, outro membro aparece
para o equilíbrio do sistema familiar.
* O "mito da loucura na família", pressupõe que a loucura circula
dentro da família, quando um membro se recupera, outro apresenta
um sintoma ou uma doença como mecanismo regulador.
O meio familiar exerce um papel importantíssimo na formação do
indivíduo e no aprendizado da vida social.
Alguns sinais podem alertar para um possível uso de drogas, porém,
necessariamente também podem indicar que há algo de errado com o
filho, alguma crise ou sofrimento que vai exigir intuição, amor e
perspicácia para ajudá-lo.
No entanto, alguns sinais são preocupantes:
troca do dia pela noite, insônia, vermelhidão nos olhos, desaparecimento
dos objetos de valor, agressividade excessiva, queda brusca do
rendimento escolar, e outros.
Como afirma Oliveinstein (1980): "Num momento como este, o único
papel possível consiste em dizer claramente que os adultos não têm
nenhum paraíso para oferecer, mas que a escolha não é entre o paraíso
e a sociedade. Querendo ou não, já que o mundo gira, a escolha é entre
um futuro inserido (e que pode ser tranqüilo) e a desgraça, porque na
sociedade em que vivemos, e quaisquer que sejam os motivos e o valor
que lhe damos, a droga leva à loucura, à morte ou à rejeição."
Livro:
A PREVENÇÃO DE DROGAS
À LUZ DA CIÊNCIA E DA DOUTRINA ESPÍRITA
REFLEXÕES PARA JOVENS E EDUCADORES
Rosa Maria Silvestre Santos
Pedagoga, psicopedagoga, psicodramatista, consultora de prevenção às drogas, co-dirigente do curso "Escolinha" de Pais.
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