sexta-feira, 31 de agosto de 2012

ADOLESCÊNCIA NA BUSCA DA IDENTIDADE E DO IDEALISMO II

 Olá,
Quando alguém deseja impor seu ponto de vista, transfere realização não lograda, para que o outro a consiga, assim alegrando aquele que se lhe torna mentor.
A educação propõe e o educando aprende mediante o exercício, a reflexão, o amadurecimento. Os modelos devem ser silenciosos, falando mais pelos exemplos, pela alegria de viver, pelos valores comprovados, ao invés das palavras sonoras, mas cujas práticas demonstram o contrário.


Quando alguém convive com adolescente encontra-se sob a alça de mira da sua acurada observação. Ele compara as atitudes com as palavras, o comportamento cotidiano com os conteúdos filosóficos, não acreditando senão naquilo que édemonstrado, jamais no que é proposto pelo verbo. Em razão disso, surgem os conflitos domésticos, nos quais os genitores se dizem incompreendidos e não seguidos, olvidando-se que são os responsáveis, até certo ponto, pelo insucesso das suas proposições.

A identidade de cada um tem suas características pessoais, e essas não podem, nem devem ser clones, nos quais se perde a individualidade. A busca da identidade no adolescente é demorada, qual ocorre com o indivíduo em si mesmo, prolongando-se pelo período da razão, amadurecimento e velhice.
Por isso mesmo, nem sempre a avançada idade biológica é sinônimo de sabedoria, de equilíbrio. Jovens há, maduros, enquanto idosos existem que permanecem aprisionados na criança caprichosa e renitente da infância não ultrapassada.

 O idealismo brota do âmago do ser e deve ser cultivado pelos genitores, que estimularão as tendências positivas do filho, oferecendo-lhe os recursos emocionais e afetivos para que ele possa materializar a aspiração do mundo íntimo. Quando se revelar a tendência para o idealismo perverso, o desequilíbrio firmado no egoísmo, no capricho, nos desregramentos morais, é necessário ensinar-lhe a técnica de como canalizar as energias para o lado melhor da vida, propondo ideais práticos e mais imediatos, que sejam compensadores psicologicamente, de forma que a eleição se opere com naturalidade, por meio da substituição daqueles que são perturbadores por esses outros que são satisfatórios.

Ao invés das lutas contínuas, que se fazem imposições descabidas, enriquecidas de queixas e lamentações pelo investimento dirigido ao filho, a quem se informa não saber aproveitar tudo quanto recebe, é justo que todas as propostas sejam apresentadas de forma edificante, sem acusações nem rejeições, mas com espírito de tolerância e compreensão, até que o discernimento do adolescente aceite como fenômeno natural a contribuição, tendo em mente que a escolha foi própria e que isso é bom para ele, não porque outros assim o queiram, porém porque mais o conforta e o agrada.

 A adolescência é ainda fase de amoldamento, de adaptação, ao mesmo tempo de transformações, que merece e exige paciência e habilidade psicológica. De um lado, existe o interesse familiar, que trabalha para o melhor do educando, mas por outra parte se encontra o grupo social, nem sempre equilibrado, na Escola, no Clube, na rua, no trabalho, conspirando contra as atitudes saudáveis que se deseja oferecer e que naturalmente atraem o adolescente, porque ele gosta de ser igual aos demais, não chamar a atenção, ou quando, em conflito, quer destacar-se, exibir-se, exatamente porque vive inseguro, experimenta dramas, que mascara sob a desfaçatez, o cinismo aparente...

Com o tranquilizar do fluxo sexual, mediante a reflexão e o trabalho, através do estudo e das aspirações superiores que se devem ministrar com cuidado, ele passa a identificar-se com o mundo, com as pessoas e por fim com ele mesmo. Essa auto-identificação é mais demorada, porque mais profunda, prolongando-se por toda a existência bem orientada pelo dever e pelas aspirações enobrecidas. O idealismo torna-se-lhe um alimento que deve ser ingerido com freqüência, a fim de que não haja carência emocional e perda de identidade no tumulto das propostas sociais, econômicas e artísticas...

Invariavelmente o Espírito reencarna para dar prosseguimento a tarefas que ficaram interrompidas, e ressurgem nos painéis mentais como aspirações e tendências mais acentuadas. Outras vezes, no entanto, deve começar a experimentar atividades novas, mediante as quais progredirá no rumo da vida e de Deus. Na fase da insegurança pela adolescência, toda a vigilância é necessária, de modo a auxiliar o jovem a encontrar-se e a definir o seu ideal de vida, entregando-se-lhe confiante e rico de perseverança até conseguir a meta ambicionada.

" ADOLESCÊNCIA E VIDA "  JOANNA DE ÂNGELIS

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