Olá,
Tentemos, agora, uma interpretação mais ampla, nos domínios dos símbolos.
A VINHA (cfr. vol. 1) representa a "sabedoria espiritual”, ou seja, a interpretação simbólica dos ensinos
dados. Então, a plantação da vinha exprime os ensinamentos superiores, cuidadosa e carinhosamente
ministrados por Mensageiro Divino, com todas as atenções dispensadas aos pormenores:
a
palissada em volta, a fim de evitar penetração das águas (interpretações puramente alegóricas) vindas
de fora; o lagar , onde a uva do conhecimento deve ser pisada, para dela extrair-se o vinho da
sabedoria, abandonando sob os pés o bagaço da erudição;
os poços (corações) onde deve a sabedoria
ser guardada para fermentar pela meditação; e a torre de vigilância, onde o discípulo possa permanecer
desperto, sem dormir, nas observações de tudo o que ocorre, para não se deixar surpreender
por ataques inopinos e traiçoeiros que poderiam derrubá-lo.
Uma vez tudo pronto, os discípulos são deixados sós, a fim de executar, isto é, de VIVER os ensinos
que receberam. Têm tudo perfeito e pronto: resta ver se renderão os frutos que deles se esperam.
De tempos a tempos chegam Mensageiros Superiores, para arrecadar os frutos que a Escola devia ter
produzido.
Mas infelizmente ocorre que as Escolas todas sofrem do mesmo mal das criaturas que as constituem:
entram em decadência.
"A resistência de uma corrente se mede pelo elo mais fraco". E os Mensageiros
não são reconhecidos, por falta de capacidade dos discípulos ...
Estamos vendo que esta interpretação coincide, em parte, com a que é emprestada à parábola, mas
em nível mais amplo e mais elevado: não mais se trata de poder físico, da constituição material eclesiástica
de Israel ou do cristianismo, e sim do sistema doutrinário, dos princípios sapienciais.
Realmente Israel recebeu a vinda (a sabedoria); mas a interpretação que lhe foi dada foi literal (pedra),
ou no máximo alegórica (água), não conseguindo manter a simbólica (vinha).
O Cristo diz que a vinha será dada a outro povo. Todos interpretam como sendo o Cristianismo. E é.
Mas ocorre que três séculos depois da partida de Jesus (o Espírito), o verdadeiro cristianismo (arianismo)
foi violenta e sanguinariamente massacrado pelo que se intitulou "catolicismo romano”, e tudo
voltou ao mesmo ponto anterior em que estavam os judeus: interpretação literais ou no máximo alegóricas.
A sabedoria simbólica, o ensino espiritual e profundo, desapareceram. E o catolicismo passou
a agir talqualmente o judaísmo: feriu, martirizou, ofendeu e matou todos os Emissários divinos
que lhe vieram para cobrar os frutos dos ensinos simbólicos.
Quando
qualquer desses Mensageiros
Celestes encarnados na Terra tentavam abrir-lhe os olhos e relembrar-lhe
os ensinamentos profundos,
as fogueiras da Inquisição ("santa"!) sufocavam-lhes a voz, o fogo
queimava-lhes as carnes, "para
maior glória de Deus"!
De tempos a tempos, "sempre que há um enfraquecimento da Lei e um
crescimento da ilegalidade por
todas as partes, ENTÃO EU me manifesto. Para salvação do justo e
destruição dos que fazem o mal,
para o firme estabelecimento da Lei, EU volto a nascer, idade após
idade" (Bhagavad Gita, 4:7-8): é
o FILHO AMADO que volta à Terra, para restabelecer os ensinos simbólicos
da Lei.
Por isso encontramos as encarnações sublimes de Hermes, de Krishna, de
Gautama, de Pitágoras, de
Jesus o Cristo e, mais recentemente, de Bahá'u'lláh e de Gandhi, todos
"Filhos Amados", além de talvez
outros de que não temos conhecimento.
Mas todos são perseguidos e quase sempre assassinados. Não pelo povo,
mas exatamente pelo clero,
pelos sacerdotes, pelas autoridades eclesiásticas, justamente por
aqueles que tinham o dever de recebê-
Los, de reconhecê-Los, de acatá-Los e beber-Lhes as lições, honrando-Os
como Filhos do Dono da
Vinha!
Quando terá a humanidade suficiente evolução para agir certo?
Mas a segunda parte traz outros esclarecimentos.
"Uma pedra, que foi recusada pelos construtores, transformou-se em
cabeça de ângulo" - ou seja, um
trecho literal, que não foi compreendido e foi mal interpretado
(rejeitado) pelos construtores, isto é,
pelos exegetas e autoridades, esse é transformado em base para
construção futura do edifício evolutivo, como "chave mística" para o
crescimento espiritual da criatura. Por exemplo: todos os textos
comprobatórios da reencarnação, rejeitados pelas autoridades
eclesiásticas da igreja de Roma, já se
tornaram hoje pedra angular, quase a ponto de serem comprovados
cientificamente ...
"Essa transformação é operada pelo Senhor”, pelo Espírito, o senhor da
vinha, e é coisa que "se torna
admirável a nossos olhos".
O chocar-se contra essa pedra, que se tornou "cabeça de ângulo", isto é,
o combater as interpretações
simbólicas e místicas, extraídas da primitiva pedra simples, contunde,
machuca, os opositores. Mas se
a interpretação nova cair sobre as criaturas, essa interpretação as
peneirará. Realmente, a nova interpretação
tem por objetivo peneirar os discípulos, deixando que o vento carregue
os imaturos, os
incapazes, os de má-vontade, ficando aproveitados aqueles que estiverem
aptos para entender e praticar
os ensinamentos apresentados com as interpretações novas.
Aí temos, pois, uma previsão de que os próprios trechos literais, os
fatos narrados, as parábolas, tudo
o que ficou cristalizado na letra das Escrituras, deve ser transformado
pelo Espírito em "cabeças de
ângulo", com interpretações profundas, pois só assim poderão produzir
frutos na época própria.
Por isso não tememos fazer essas interpretações, inteiramente novas, que
vimos fazendo nesta obra.
São tentativas de transformar as pedras rejeitadas em cabeças de ângulo.
Com isso, estamos tentando a seleção dos seres que, de futuro não muito
longínquo, deverão receber o
Cristo de volta entre nós, quando Sua Santidade o Espírito se dignar
atender aos chamados que ansiosamente
todos Lhe fazemos, repetindo com o Apocalipse (22:20): "Vem, Senhor
Jesus"! E também
estamos tentando preparar as criaturas, já amadurecidas, para receber de
volta o Cristo QUE NASCERÁ
NELAS MESMAS. Essas criaturas que, sequiosas de Espírito, repetem as
palavras proféticas
do Vidente de Patmos. “Vem, Senhor Jesus"!
SABEDORIA DO EVANGELHO CARLOS TORRES PASTORINO
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