Olá,
Os remanescentes da fase de mendacidade permanecem no
adulto imaturo, levando-o ao prosseguimento da distorção da
realidade, de modo que lhe agrade aos sentidos, gerando,
inconsequente, situações vexatórias que o fazem sofrer e aos
demais, após o que, liberado do que poderiam ser resultados
infelizes, mesmo prometendo-se que não voltará a reincidir no
vício, no condicionamento da mentira, repete a experiência
desagradável.
A insegurança infantil está presente nesse indivíduo que se
recusa ao crescimento, acreditando chamar a atenção utilizando-
se desse instrumento de perturbação.
A mentira dever ser rechaçada sob qualquer forma em que se
apresente, em face dos prejuízos morais que provoca, levando à maledicência, à calúnia e a todo um séquito de terríveis distonias
psicológicas e éticas no comportamento social.
O mentiroso é
alguém enfermo, sem dúvida, no entanto provoca desprezo, em
razão da forma de proceder, tornando sua palavra desacreditada
mesmo quando se expressa corretamente, o que nem sempre
acontece.
De tal forma se lhe faz natural alterar o conteúdo ou a
apresentação dos fatos, que os revela de forma irreal, esperando
manipular pessoas através desse ignóbil ardil.
As raízes da mentira estão no lar malformado, instável, onde a
insegurança era substituída pela compra dos valores que a
fantasia disfarça.
Além desse fator, os conflitos da personalidade
induzem ao comportamento da fantasia, em fuga neurótica da realidade, que constitui ao paciente um verdadeiro fardo, que não
gosta de enfrentar.
As coisas e os acontecimentos para ele devem
ser coloridos e sempre bons.
Assim, quando não ocorre, o que é
normal, apresentasse-lhe assustador, parecendo ameaçar-lhe a
paz e levando-o ao mecanismo da falsificação do acontecimento.
Tornou-se tão habitual o fenômeno da distorção dos fatos, que
se criou a imagem da chamada mentira branca, isto é, aquela de
caráter suave, que não prejudica, pelo menos intencionalmente, e
evita situações que se poderiam tornar desagradáveis, caso fosse
dita a verdade.
A face da verdade é transparente e nunca deve ser ocultada.
Na
história da humanidade, as grandes lições sempre foram
apresentadas de forma poética, simulada, velada, a fim de
sobreviverem aos tempos e terem o seu significado interpretado conforme os parâmetros de cada época, em todos os séculos,
como o Vedanta, a Bíblia, o Zend Avesta, o Corão, para nos
referirmos a apenas alguns dos grandes Livros espirituais,
passando pela literatura de Homero, de Virgílio, de Ovídio, de
Horácio, de Dante.
São assim os contos, as suras, as parábolas, as estórias, os
koans...
Apesar da forma, a verdade ressalta no conteúdo dessas
narrativas, levemente escondida, de modo a preencher o
entendimento daqueles que as ouviram dos seus autores, bem
como tornar-se fácil narrá-las à posterioridade, que delas todas
se vem beneficiando no transcurso dos milênios.
Há, quase sempre, nos indivíduos, uma reação psicológica
contra a verdade.
Deseja-se sempre ouvi-la, porém, como se assevera popularmente, dourando-se a pílula, isto é,
escamoteando-a.
Certamente, não se deve zurzi-la como um
látego, que é uma forma neurótica de agir, de impor-se com a sua
verdade, ferindo e, dessa maneira, sentindo-se triunfante, em
mecanismo perturbador de falsa superioridade moral.
Todo
aquele que assim procede é portador de grave complexo de
inferioridade inconsciente, que se exibe como autoridade e fiscal
da fragilidade humana.
A verdade deve ser ministrada com naturalidade, suavemente,
sem alarde, sem imposição, mas também sem ser falseada, sem
perder a força do seu conteúdo.
O mentiroso desculpa-se, incidindo no erro e acusando as demais pessoas, que parecem não o entender, fugindo à
responsabilidade das suas informações alteradas.
Uma disciplina e vigilância rígida na arte de falar, procurando
repetir o que ouviu como escutou, o que viu conforme ocorreu,
evitando traduzir o que pensa em torno do assunto, que não
corresponde à legitimidade do fato, são de vital importância para
o encontro com a realidade.
A terapia da boa leitura, dos hábitos saudáveis no campo
moral, sem pieguismo nem autocompaixão, produz resultado
relevante e reajusta o indivíduo à harmonia entre o que pensa,
vê, ouve e fala.
Não há, portanto, necessidade de mentir, e quando isso ocorre,defronta-se um distúrbio de comportamento que precisa ser
corrigido.
A filosofia budista, entre outros ensinamentos nobres, mostra
as sete linhas da conduta saudável, estabelecendo os itens ideais
do bem proceder, dos quais destacamos apenas: pensar
corretamente, falar corretamente, agir corretamente...
No pensamento, portanto, tem lugar o planejamento de tudo.
Dessa forma se deve pensar com correção, falar com correção, de
modo a se poder agir com correção.
Por isso, a vida familiar deve ser um lugar de segurança
emocional, de realização total e não o reduto onde se vão
descarregar o meu humor e as tensões do cotidiano.
Uma criança de sete anos indagou à sua genitora, profissional
de televisão, por que ela sempre se apresentava sorrindo na tela
do aparelho, enquanto que em casa estava sempre aborrecida e
enfezada. Surpreendida com a indagação, a senhora respondeu
que, na televisão, ela ganhava para sorrir.
Diante da resposta, a filha, que a amava, indagou--lhe, esperançosa: - E quanto a
senhora quer ganhar para sorrir também em casa?
Os filhos são mais do que reproduções do corpo. Trata-se de
Espíritos atentos, necessitados uns, preparados outros, para
seguirem adiante e construírem o mundo do futuro.
Todo o
cuidado que lhes seja dispensado é sempre de resultado feliz.
Joanna de Ânngelis " Vida:desafiose soluões"
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