Olá,
Uma psicoterapia eficiente libera o paciente não só dos
conflitos, mas também das paixões primitivas, que passam a ser
direcionadas com equilíbrio, transformando os impulsos
inferiores em emoções de harmonia. As imagens arquetípicas que
emergem do inconsciente pessoal, heranças algumas dos
instintos agressivos que predominam em a natureza humana,
resultantes do processo antropossociopsicológico, tornam-se
diluídas pela razão, em um trabalho de conscientização das suas
inclinações más e imediata superação, conforme acentua Allan
Kardec, o ínclito codificador do Espiritismo.
Essas inclinações más ou tendências para atitudes primitivas,
rebeldes,
perturbadoras do equilíbrio emocional e moral, são
heranças e atavismos insculpidos no Self em razão da larga
trajetória evolutiva, em cujo curso experienciou o primarismo das
formas ancestrais, mais instinto que razão, caracterizadas pelos
impulsos automáticos do que pela lógica do discernimento.
Impregnando o ego com a sua carga de paixões asselvajadas,
necessitam ser trabalhadas com afinco, a fim de que abandonem
os alicerces do inconsciente, no qual se encontram, e possam ser
dissolvidas, substituídas pelos mecanismos dos sentimentos de
amor, de compaixão, de solidariedade.
Indutoras a reações, nas diversas situações do comportamento,
também respondem por vários conflitos da personalidade, que
são desencadeados pelo convívio no lar, na dependência da mãe
castradora, da supermãe, do pai negligente e competitivo, ou
mesmo nos confrontos da sociedade, em cujo grupo o ser se
encontra situado para viver e desenvolver os valores pessoais.
Nos tormentos que assaltam esse indivíduo, ele se vê
constrangido a fugir, a ocultar-se dos demais, ampliando a
mágoa contra a sociedade e contra ele próprio, ampliando os
sentimentos de amargura, de frustração e de rejeição, assim
tornando-se agressivo, medroso e temperamental.
Alguns transtornos depressivos podem desenvolver-se nessa
oportunidade, como resultado desses eventos de vida, que são
assimilados pela natureza animal, desbordando em traumas e
melancolias prenunciadores de distúrbios na área da afetividade.
A medida que o ego se faz consciente dos valores ínsitos no
Self, torna-se factível uma programação saudável para o
comportamento, trabalhando cada dificuldade, todo desafio,
mediante a reconciliação com a sua realidade eterna.
Os fenômenos que parecem obstar o processo de maturação
psicológica cedem lugar aos estímulos pelas conquistas que se
operam, emulando a novas realizações edificantes que
enriquecem de alegria os relacionamentos familiares, sociais e
humanos em geral.
É uma forma de o paciente desencarcerar-se dos impulsos
perniciosos, que somente contribuem para asselvajar--Ihe os
sentimentos e emparedar-lhe as aspirações no estreito espaço
das ambições tormentosas.
Não pode a sociedade adaptar-se a cada indivíduo, em razão
dos seus estatutos de comportamento considerados positivos e
saudáveis. Deve o ser identificar-se com a programação da
sociedade, tornando-se autêntico nos seus valores, sem
escamotear projetos ou desejos, assim evitando ferir o
estabelecido que constitui norma de bom-tom e de paz para todo
o grupo social.
Igualmente não é justo que assuma as características doentias
da personalidade, em uma falsa necessidade de ser autêntico,
antes faz-se imprescindível trabalhar essas expressões do
primarismo de forma a ultrapassar a faixa dos instintos
agressivos que, de alguma forma, permanecerão, porém sob
outras manifestações produtoras de equilíbrio, em relação ao
primarismo de forma a ultrapassar a faixa dos instintos
agressivos que, de alguma forma, permanecerão, porém sob
outras manifestações produtoras de equilíbrio, em relação ao
estabelecido socialmente.
Um equilibrado estado de saúde comportamental no homem
sempre decorrerá da boa aceitação das ocorrências do dia a dia,
tanto quanto de sentir-se incluído no grupo como membro
atuante e produtivo, nada obstante as dificuldades que, de um
para outro momento repontam, convidando-o à reflexão, à
maturidade...
A necessidade de trabalhar as tendências primárias, os
instintos dominantes e primitivos, torna-se intransferível em
todos os indivíduos. Todo esse patrimônio psicológico ancestral
que nele permanece, constitui-lhe patamar inicial do processo
para a aquisição da consciência, que não pode ser violentado,
sem graves prejuízos, no que diz respeito a outras manifestações
que fazem parte da realidade dos próprios instintos.
Essa batalha íntima se faz possível graças aos estímulos que
decorrem dos primeiros resultados, sempre salutares, quando
são vencidas as etapas iniciais da luta interna que se processa
com naturalidade.
Como não se podem preencher espaços ocupados, faz-se
imperioso substituir cada impulso perturbador por um
sentimento enobrecido, ampliando a área de compreensão da
vida e disputando a harmonia no cometimento da saúde.
Merece seja evocada, novamente aqui, a já analisada sábia
proposta de Krishna ao discípulo Arjuna, conforme narrada no
Bhagavad Gita, quando o primeiro lhe refere que, na sua
condição de príncipe pândava terá que lutar com destemor contra
os familiares do grupo kuru, mesmo que esses sejam
numericamente maiores. Não obstante o jovem candidato à
plenitude desejasse a paz, foi tomado de temor por considerar
que lhe seria impossível combater os demais membros da sua
família, gerando uma tragédia de grande porte. Ademais,
ignorava onde seria essa batalha vigorosa.
O Mestre, compassivo e sábio, no entanto, admoestou-o,
informando que se tratava de familiares, sim, porque procedentes
da mesma raiz, mas que os pândavas eram as virtudes, enquanto
os kurus eram os vícios, nesse interrelacionamento que se
estreitava na causalidade dos fenômenos, mas que a vitória, sem
dúvida, seria daqueles valores nobres, enquanto que a luta teria
que ser travada no campo da consciência...
Esse momento do despertar da consciência para a realidade do
Si, também significa a alegria de reconhecer a necessidade de
libertar-se das paixões dissolventes, geradoras de tormentos,
portanto, das negativas heranças do passado evolutivo.
Todo e qualquer empreendimento psicoterapêutico deve
trabalhar em favor da libertação do paciente de quaisquer
amarras e dependências conflitivas, tornando-o capaz de avançar
vivenciando as impressões edificantes, mediante imagens
arquetípicas que irão sendo insculpidas no seu inconsciente
pessoal, superando aquelas que procedem do passado de
perturbação e primarismo.
Joanna de Ângelis/Dival P. Franco " Triunfo Pessola "
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