Olá,
O problema da materialização e da desmaterialização revela muitas dificuldades
para ser colocado em termos técnicos.
Assim me pronuncio, com respeito ao assunto, porque em nossa esfera de ação
os enigmas científicos não são reduzidos.
Adianto-lhes, porém, que se a vida deve ser considerada um todo
ascendente,
dentro de seus característicos de aprimoramento e eternidade, o Universo, englobando o
Infinito dos Mundos, deve ser interpretado por organismo vivo, sem solução de
continuidade, isto é, sem vácuos, em suas manifestações diversas nos ângulos mais
remotos da Criação.
Matéria e espírito constituem para nós, ainda no plano em que evolucionamos,
duas realidades, das quais até agora não conseguimos descortinar o ponto de integração.
Em “nosso lado”, o avanço das Inteligências de minha condição não vai muito
além das linhas em que o progresso intelectual da Terra está situado.
Somos
constrangidos a reconhecer, portanto, que a eletricidade e o magnetismo estão, por
enquanto, apenas levemente vislumbrados no campo em que nos exteriorizamos.
A
matéria que nos serve de base ao esforço de ascensão é a grande desconhecida.
Leis vibratórias presidem à integração e à desintegração dos átomos em todos
os ângulos da vida e, em nos reportando ao assunto, estimaria poder transmitir-lhes
certos apontamentos que vamos estudando aqui, com relação aos poderes mentais.
Tais
poderes são tão grandes e de tamanha importância sobre a organização da matéria nos
mais variados reinos da natureza visível e invisível que não nos é dado formular algumas
de nossas experiências, em terminologia terrestre, porquanto não somente nos faltam
recursos analógicos para o cometimento, como também porque as Ordenações
Superiores acreditam que esse gênero de revelação perturbaria o clima do progresso
humano, por prematura e suscetível de favorecer a ignorância e a maldade.
Convençam-se, contudo, de que os “fenômenos de conversão”, como
denominamos as trocas entre dois planos, se verificam constantemente.
Pelo crivo da
química orgânica, milhões de existências surgem aqui, por morrerem aí, e vice-versa.
O movimento é incessante.
Não há paradas na ação, tanto quanto não há hiatos no Espaço.
A vontade é vigoroso fator de prosperidade e decadência. Através do
pensamento próprio, cada espírito cria, destrói e recompõe no presente e no futuro.
Nossas idéias são como imãs; nossos ideais, turbilhões de força atrativa.
Em torno de cada criatura, jazem os materiais invisíveis que ela mesma deseja e
que torna visíveis e palpáveis, na esfera humana, por intermédio da assimilação mental,
perispirítica e fisiológica.
A alma, onde quer que se encontre, permanece “querendo algo” e, em razão
disso, vive criando em processos de cooperação espontânea com o Sumo Poder que rege
a Vida Eterna.
Diariamente, materializamos e desmaterializamos coisas diversas.
Semelhantes faculdades são exercidas por nós, com tanta naturalidade, quanto
o ato de respirar.
Daí nasce o impositivo de nossa renovação individual para o bem.
Nesse sentido, o aprendiz do Evangelho nada mais realiza, quando sincero e
operoso, que o dever de adaptar-se aos padrões vivos do Divino Mestre, conduzindo a
Ele os materiais de que dispõe, dentro de si próprio, reestruturando-os, gradativamente,
até que possa sintonizar-se com o Senhor, de maneira integral.
Baste-nos, pois, por enquanto, a confortadora certeza de que cada espírito é pai
e ao mesmo tempo filho das próprias obras e que, sendo livre para fazer, é constrangido
a suportar os efeitos da ação ou obrigado a recolher os frutos de suas realizações felizes
ou infelizes, compreendendo-se, assim, que todos somos independentes na sementeira e
escravos na colheita.
Esta é a grande lição do caminho que, por agora, devemos aprender.
Néio Lúcio/Francisco C. Xavier " Através do Tempo "
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