Olá
O ódio, esse famigerado adversário do ser humano, é o perverso genitor da vingança que
tantos males proporciona à sociedade.
Iniciando-se na raiva, condensa-se em emoções perturbadoras que se convertem em
tormentos destruidores de que as criaturas terrestres ainda não se resolveram por banir em definitivo
do seu comportamento. Herança hedionda do primarismo por onde o Espírito transitou em experiências passadas,
responde por terríveis males que assolam a Terra.
Guerras e terrorismo, perseguições cruéis e estúpidas, preconceitos e crimes inomináveis são
frutos espúrios das suas articulações nefastas.
Nutrindo-se do cultivo dos pensamentos doentios, trabalha os tormentos defluentes da
inferioridade moral do indivíduo, convertendo-se em enfermidade grave a devorar igualmente
aquele que o cultiva.
O ódio é vírus moral que infecta as pessoas inadvertidas e as domina, tornando-as fatores de
destruição onde se encontram.
O seu antídoto é o amor feito de compaixão e de amizade, que constitui recurso terapêutico
legítimo para restituir o equilíbrio, a saúde moral.
Quando o ódio se instala nos sentimentos, de imediato se apresenta o desejo de vingança
que, de forma alguma, proporciona a reparação do mal que lhe deu origem.
No desvario que
encoraja, fixa-o o anseio pelo desforço, por vez sofrer aquele que produziu dano ou aflição.
O outro, aquele que é tido por adversários, passa a ser um figura detestada, sendo vigiada e
mentalmente perseguida, sem nenhuma chance de reparação do equívoco, porque o ódio não
permite ao infeliz a sua recuperação.
Compraz-se em vê-lo sofrer até a exaustão, numa terrível
conjuntura de poder desalmado que, nada obstante, torna mais desventurado aquele que pensa estar
desforçando-se, porque a sua sede de vindita é insaciável e nada consegue diminuir-lhe de
intensidade.
Normalmente, esse atormentado vingador anela pelo desencadear de múltiplas dores e
angústias ou de tormentosas mortes que pareciam aliviar as suas agruras sofridas, infligindo-as ao
agente do seu padecimento.
Quando se promove a vingança que o ódio engendra, aquele que lhe padece a injunção
deseja a destruição do outro matando-se também, o que é profundamente desolador e irracional.
Toda onda de inimizade que se direciona contra outrem, responde pelos transtornos que lhe
dão origem.
O ser humano encontra-se programado para o amor e para a plenitude.
As dificuldades enfrentadas devem constituir-lhe estímulo para o avanço, com a natural
administração das ocorrências infelizes que se lhe devem transformar em experiências de sabedoria.
A destruição do inimigo a quem se odeia, não traz de volta a paz que ele roubou, quando
investiu contra o seu irmão.
Constituem exemplos de dignidade e de elevação espiritual as vítimas que não se alegram
com as desgraças do seus algozes, ou que, contribuindo com a justiça, não têm como meta torná-los
infelizes, objetivando somente recuperá-los sob as determinações e impositivos das leis que regem a
sociedade.
quando algum mal te aconteça, pensa de maneira lúcida e tenta descobrir o benefício que
podes auferir com a sua superação.
Evita permanecer ruminando o ato inglório, a fim de que se não te fixe, mantendo-te livre da
sua mórbida contaminação.
Aquele que, de alguma forma, te gerou embaraço e aflição, é um infeliz, embora no
momento não se dê conta, permanecendo na situação de réprobo perturbador.
Ninguém se evade da própria consciência, que aguarda ocasião especial para manifestar-se
com a severidade que lhe é peculiar, porque nela se encontra ínsita a lei de Deus que a tudo
comanda.
O cão raivoso, por exemplo, que desejas matar, quando ameaçador, passados os anos,
debilitado pelas doenças e pela idade, é inofensivo, inspirando compaixão e não mais temor.
De igual maneira, são as criaturas humanas. Esse arrivista perverso e agressivo, soberbo e
prepotente, também envelhece e decompõe-se. O tempo toma-lhe a vitalidade da valentia,
deixando-o inerme e dependente.
Considera a debilidade dos idosos, suas necessidades inumeráveis e transtornos afligentes, e
recorda-te de que, possivelmente, alguns deles foram violentos, perversos, alegrando-se com o mal
que faziam aos demais.
Odiar esse infeliz de hoje é investir na própria degradação.
A vida é severa para com todos os indivíduos, especialmente para com os seus
dilapidadores.
Assim, procura eliminar todos os lances e ocorrências infelizes que te envenenaram o ser e
te impõem como espículos cravados nas carnes da alma.
Tudo quanto ocorre tem uma razão de ser, e somente acontece contigo aquilo que se
encontra no desenho reencarnacionista da tua evolução.
Isso não significa que o mal se manifeste e domine nos arraiais dos relacionamentos
humanos. Tratando-se, porém, de enfermidade moral do longo curso, o tempo e a luz do divino
amor se encarregam de curá-la.
Evita, portanto, cultivar o ódio ou qualquer um dos disfarces com que se apresente, tais
como: animosidade, preconceito, repulsa, raiva, prevenção, ira...
aprende a exercitar a compreensão em torno do estágio inferior no qual o teu agressor se
encontra e supera a situação perigosa.
De maneira alguma sintonizes na mesmas onda de malquerença com aquele que te prejudica,
mantendo-te em atitude equilibrada, porque o mal que te façam, realmente não te fará mal, se não
permitires que te afete.
Poderão, talvez, criar-te embaraços, dificultando a tua existência, gerando
incompreensões em torno da tua conduta, produzindo complexas situações de dor e de angústia,
tudo, porém, dentro do esquema do teu processo evolutivo.
Nenhum mal consegue infelicitar aquele que se entrega a Deus e confia na Sua justiça,
especialmente o que se deriva do ódio, filho também da inveja e do despeito.
Vive-se, na Terra, um momento muito especial de conquistas e de misérias defluentes do seu
estágio de transição.
Embora as ciências e a tecnologia hajam proporcionado benefícios incontáveis, o amor ainda
não se pôde instalar nas paisagens humanas, o que é lamentável, mas que acontecerá
oportunamente.
O ser humano será resgatado pelo amor. Em face disso, o ódio cederá lugar ao perdão e à
compaixão, ampliando os horizontes da fraternidade entre todos os seres.
Após a libertação do campo de concentração e extermínio em Auschwitz, um ex-prisioneiro
foi interrogado a respeito do ódio que deveria votar aos nazistas.
Para a surpresa do questionador, ele explicou o sofrimento sentido ao ver serem assassinados sua mulher e filhos, milhares de pessoas inofensivas com perversidade selvagem e invulgar
indiferença pela vida. Descobrindo que possuía duas alternativas: odiar e morrer fulminado pelo
veneno letal ou perdoar para sobreviver e ser útil à humanidade, a fim de que aquele holocausto
jamais voltasse a acontecer, como a sua maneira de homenagear as suas vítimas.
Outro que sofrera humilhações contínuas e punições sádicas, sendo mutilado com crueldade,
asseverou que se manteve em paz, para não permitir que a hediondez dos algozes o tornasse igual
a eles...
A morte de inimigo a quem se odeia não eliminará a possibilidade do surgimento de outros...
Somente o amor que proporciona paz interior pode diluir a face hedionda do ódio e
apresentar o ser infeliz nela oculto, dando origem à sua felicidade.
Divaldo Franco/ Joanna de Ângelis " Atitudes Renovadas "
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