Olá,
Amai-vos uns aos outros — tal a lei soberana.
Mas os homens, em sua ignorância e em seu
egoísmo, desprezam-na, e mutuamente se hostilizam e se consomem.
Todavia, a Providência Divina, pondo sua. sabedoria ao serviço de sua misericórdia, faz que os
homens, mesmo infringindo a lei, venham, afinal, a respeitá-la e cumpri-la.
Deus tira dos
próprios erros e insânias dos homens o meio de corrigi-los e regenerá-los.
Observando-se o leito de certos rios, vemos ali grande porção de seixos lisos, polidos, com. suas
superfícies arredondadas e perfeitamente brunidas.
No entanto, nem sempre foram assim.
Antes,
eram pontiagudos, disformes, arestosos.
Entregues, porém, à corrente dos rios, eles se
entrechocaram duramente arrastados pelo curso caudaloso das águas em épocas de enchente.
No decorrer desses repetidos embates periódicos, as arestas e os vértices desses seixos foram-
se desgastando e polindo pelo atrito, até que, depois de muito se friccionarem, se tornaram lisos,
como que envernizados por engenhosa arte.
Assim sucede com os homens.
Lançados ao curso da vida, combatem-se, guerreiam-se, devoram-se.
As paixões entrechocam-se num tumultuar constante.
As competições e as rivalidades,
em todas as classes, se sucedem continuamente.
"O homem é o lobo do homem."
Cobiça,
orgulho, ciúmes, invejas, quais arestas aguçadas, vão-se ferindo reciprocamente, até que um dia,
após longos e repetidos embates, acabam por se destruírem.
Surge, então, o homem novo,
caráter íntegro, lapidado em todas as suas facetas como o diamante lavrado por mão de
habilíssimo artífice.
A justiça e a misericórdia divinas, agindo em concomitância, levam o homem a reconhecer a
soberania da lei.
Tudo que a vingança dita, que a cobiça inspira, que o orgulho obriga, que o egoísmo, numa palavra,
impõe, se consome e passa.
Só o amor é eterno, só o amor vence e permanece.
Vinícius "Em torno do Mestre"
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