Rogando
amparo ao Senhor, não olvides a prestação de amparo a ti mesmo.
Deus
confere ao lavrador a luz do sol, a bênção da chuva e o fator do vento, mas não
lhe dispensa o próprio suor, no trato da sementeira, para que a colheita lhe
surja às mãos por recurso divino.
Concede
ao artista o mármore bruto, o buril e a inspiração generosa; entretanto, não o
exonera do próprio labor na consecução da obra prima.
Pedirás
o concurso do Céu em teu benefício; entretanto, de que valeria a bênção do
Alto, se te consagras, deliberadamente, ao menosprezo da própria vida?
O
médico mais competente nada conseguirá na assistência ao enfermo que não deseja
curar-se e o professor mais exímio nada alcançara do aluno que foge
sistematicamente à lição.
Não
basta rogar alguém auxílio para que se veja auxiliado com segurança.
É
imprescindível o senso de responsabilidade de viver para que as vantagens da
existência nos engrandeçam o espírito.
A
oração será sempre o desejo expresso, exigindo esforço próprio, a fim de
concretizar-se.
Lembremo-nos
de que um edifício não se ergue do solo tão-somente pela beleza e pelo
merecimento da planta.
A
prece que nos exterioriza o anseio de progresso e de luz é o projeto louvável
de nossa melhor esperança, mas se em verdade pretendemos chegar ao progresso e
à luz, que anelamos ardentemente, é preciso nos disponhamos a lutar e sofrer,
trabalhar e servir na construção de nosso ideal.
Ajudemo-nos
cada dia para que o Céu nos ajude com o devido proveito, de vez que o Céu ajuda
sempre mas nem sempre sabemos aquilo que procuramos para fixar em nosso caminho
a incessante ajuda celestial.
Emmanuel
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de
Francisco Candido Xavier.
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