Olá,
Não te percas na contemplação excessiva do plano exterior,
aniquilando a gloriosa oportunidade de tua própria ascensão
à Luz Divina.
Aquele que passa na estrada, exibindo pesada bagagem de ouro,
provavelmente transporta um coração atormentado e infeliz.
Muitas vezes, quem estende os braços, implorando a esmola fácil,
traz consigo a revolta e a dureza íntima, sob o farrapo humilhante.
Não raro, o jovem que provoca a inveja de muitos se dirige para
destino doloroso,
fazendo-se credor de nossa simpatia em preces de
intercessão.
Frequentemente, aquele que te parece feliz, no círculo da
prosperidade transitória,
é um irmão desventurado, entre aflições morais que
lhe constringem o Espírito.
Não julgues o rico por impiedoso, nem o pobre por humilde.
Não suponhas a Felicidade na beleza efêmera do corpo, nem
admitas a virtude incorruptível onde se encontre a felicidade passageira.
Às vezes, a santificação permanece com aquele que se afigura
pecador e a maldade se resguarda no imo de quem se oculta na máscara da
pobreza e da angústia, no jogo das aparências.
Lembra-te de que a Força Divina sabe ver nas profundezas e,
com o arado do tempo, tudo corrige, reajusta e eleva, sem necessidade de
nossa apreciação individual.
Aproveitemos o campo da boa luta para a sementeira do bem,
porque não responderemos pelos outros e sim por nós mesmos, quando a
ordem superior da vida nos conduzir a exame necessário.
Não te prendas à sombra e, consciente de que receberemos,
segundo as nossas próprias obras, procuremos, cada dia, a glória de servir, a
fim de encontrarmos na imortalidade, fora das ilusões da carne, a Felicidade
verdadeira e maior.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Cândido
Xavier
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