Assunto difícil, nuvem que se agiganta, ampliando terreno: o ateísmo.
Nós.os espíritas, ou mais propriamente os cristãos incumbidos de entregar à Terra a luminosa mensagem da imortalidade, perguntamo-nos, ansiosos, pela causa disso.
Tanta ideia santificante, tanta demonstração de vida eterna e por que o avanço das trevas de espírito?
Esta, a síntese dos monólogos desencorajadores a que nos damos, anestesiados pela crença inoperante com que arbitrariamente nos dispensamos da responsabilidade de viver, a isolar-nos na ante visão de um paraíso imaginário, para além da morte, que existe apenas em função de nossa fantasia.
Todavia, indaguemos da lógica, acerca da verdade, e a lógica nos dirá que não nos achamos — lidadores encarnados ou desencarnados — na ribalta do mundo para solilóquios desnecessários.
O próprio Cristo esteve na Terra em função do diálogo, ouvindo, anotando, providenciando, respondendo.
Nós que cremos nas realidades do espírito, que damos de nós a benefício dos que não crêem para serem crentes?
Que adianta falar da Misericórdia Divina a um homem em desespero que acaba de ver um filho triturado sob as rodas de um carro, em doloroso acidente, sem ajudá-lo com os princípios da reencarnação?
De que vale situar o companheiro em penúria exclusivamente na prece abandonando-o à própria miserabilidade sem a mínima atenção, no sentido de ampará-lo na solução de um só dos problemas que lhe amargam a vida?
Certo que é preciso exaltar a Bondade de Deus e proclamar os méritos da oração, sempre e em toda parte, mas não será mentir às próprias leis do Senhor que nos propomos dignificar, restringir-nos à frase e à postura piedosas, como alguém que estivesse num banquete, louvando os manjares que saboreia, sem estender migalha ao pedinte que enlanguesce de fome?
O materialismo cresce junto de nós porque as criaturas, quando amadurecidas e dispostas a humanizar a vida, via de regra nos recusam os sistemas arcaicos de crença infantilizada, pelos quais somos sempre férteis em recursos de evasão.
Se somos sinceros, ao lamentar a descrença e a incerteza dos nossos irmãos que perderam a fé, saibamos, antes de tudo, ouvir-lhes as queixas e registrar-lhes as perplexidades, entendendo-nos com eles, através de nossos próprios exemplos, de nossas próprias vidas, sem exigir que outros façam a nossa parte na obra de construção e re-construção que o Evangelho nos preceitua cumprir.
Pregar sim, mas escutar; aconselhar sempre, mas igualmente fazer.
Agir, edificando.
Materialismo é doença da alma. Ninguém duvide disso.
Convenhamos, porém, que, quanto mais progride a Humanidade mais a medicina se aperfeiçoa, não assumindo atitudes marginais, mas ouvindo e dialogando com doenças e doentes.
André Luiz/Waldo Vieira Sol nas Almas
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