sábado, 27 de setembro de 2014

Evangelho - O MILAGRE DE JONAS

Olá,

Mateus  Cap. 12

  38  Então lhe tornaram alguns dos escribas e fariseus, dizendo: Mestre, nós￾quiséramos￾ver-te fazer algum prodígio.

Incapazes de compreenderem a beleza moral de seus ensinamentos e não querendo ver as numerosas curas que tinha praticado, os escribas e os fariseus reclamavam de Jesus surpreendentes fatos materiais.
 Curando os doentes, Jesus queria demonstrar que o verdadeiro poder é o daquele que faz o bem. Aliviando o sofrimento de todos os que se
aproximavam dele, Jesus conquistava as criaturas pelo coração e fazia prosélitos mais numerosos e sinceros, do que se os encantasse com maravilhas, que apenas lhes tocassem os olhos, como se fosse um prestidigitador a desempenhar sua parte num espetáculo.
 O objetivo de Jesus não era satisfazer à curiosidade dos indiferentes, mas plantar no coração dos homens as sementes do amor a Deus e ao próximo e fornecer-lhes os meios de concretizarem na terra o reino dos céus. Por isso não atendeu ao estulto pedido que os sacerdotes lhe fizeram.
Comentando este episódio da vida de Jesus, Allan Kardec judiciosamente conclui:
 “Do mesmo modo o Espiritismo prova sua missão providencial pelo bem que faz. Ele cura os males físicos, mas cura, sobretudo, as doenças morais, e são estes os maiores prodígios que lhe atestam a procedência.
Seus mais sinceros adeptos não são os que foram tocados pela observação de fenômenos extraordinários, mas os que dele recebem consolações para suas almas; aqueles aos quais liberta da tortura da dúvida; aqueles aos quais levantou o ânimo nas aflições, que hauriram forças na certeza que lhes trouxe acerca do futuro, no conhecimento da vida espiritual.
Estes são os de fé inabalável, porque sentem e compreendem. E assim como Jesus, não será por meio de prodígios que o Espiritismo triunfará da incredulidade; será pela multiplicação dos benefícios morais.

 39 Ele lhes respondeu, dizendo: Esta geração má e adúltera pede um prodígio; mas não lhe será dado outro prodígio, senão o prodígio do profeta Jonas;
 40 Porque assim como Jonas esteve no ventre da baleia três dias e três noites, assim estará o Filho do Homem três dias e três noites no coração da terra. 

 Três dias e três noites no coração da terra, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, é um símbolo de que Jesus se serve para descrever-nos o estado de transição, que se seguiria ao seu desencarne, antes de poder materializar-se a seus discípulos.
 O desencarne traz ao espírito uma série de perturbações. Deixando o corpo material que por tantos anos lhe serviu de morada, é natural que o espirito gaste algum tempo em adaptar-se ao ambiente espiritual no qual passará a viver.
Além da perturbação própria da transição, há necessidade de o espírito eliminar os fluidos animalizados que lhe integraram o perispírito durante sua vida terrena e dos quais necessitou enquanto encarnado.
Jesus não fugiu à lei. E aqui, em sentido figurado, ele se refere ao tempo que consumiria para libertar-se dos efeitos de seu desencarne.
 A transição não é igual para todos; a cada espírito ela apresenta particularidades próprias, que dependem do grau de desenvolvimento moral do espírito, do gênero de vida terrena que viveu, do bom ou do mau emprego do tempo que lhe foi concedido na terra e do progresso espiritual que conseguiu.
 De um modo geral, podemos agrupar as transições em três grupos: a dos espíritos superiores, a dos medianos e a dos ignorantes ou inferiores.
 A transição dos espíritos superiores é facílima; como já são possuidores de grande adiantamento espiritual e como suas vidas terrenas foram pautadas por sentimentos nobres, rapidamente se identificam com o ambiente espiritual quando desencarnam e tudo se resume no processo mecânico de se desprenderem da matéria; em seguida alijam de seus perispíritos os fluidos animalizados, que se gravaram nele; isso feito, voltam à normalidade e começam a cumprir seus deveres espirituais.
 Os espíritos medianos já gastam mais tempo para se adaptarem ao novo ambiente. E depois de libertos da perturbação que se seguiu ao desencarne, ainda passam por um período de aprendizado, antes de iniciarem suas tarefas no novo plano.
 Nos espíritos inferiores ou ignorantes a transição é sempre dolorosa. Como a inferioridade deles fez com que somente se preocupassem com a matéria durante suas encarnações, jamais cuidando das coisas do espírito, a transição é acompanhada de grandes e penosas perturbações, que se prolongam por muitos anos.
 É um erro alegarmos que a obra de Jesus fica desmerecida, por ter ele sofrido os efeitos normais das leis que regulam a vida na terra. Isso mais realça a grandiosidade de sua missão, porque nos ensina a profunda obediência que devemos às leis divinas, sejam elas quais forem, obediência essa que é uma das principais virtudes dos espíritos verdadeiramente superiores. Ao passo que a rebeldia, às leis divinas e o procurar esquivar-se a elas, revelam ignorância e atraso.
 Se Jesus, sem reclamar, submeteu-se às leis iníquas dos homens que o condenaram, sendo ele inocente, porque haveria ele de não respeitar as leis planetárias instituídas pelo Pai Celestial?
 Assim Jesus também nos prova que na obra de Deus não há privilegiados. A herança do Pai Celestial está distribuída equitativamente por todos os seus filhos; os riscos, os trabalhos, as oportunidades e as recompensas são iguais para todos.

Eliseu Rigonatti          O Evangelho dos Humildes

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