Olá,
Os homens conhecem muitos amores: amor materno, amor filial, amor conjugal, amor fraterno,
amor platônico, amor da pátria, amor divino, etc, etc.
E, talvez por isso mesmo, ignorem o que seja o amor propriamente dito.
O amor sem
complementos, desacompanhado de todas as adjetivações, essa força que preside à harmonia do
Universo; o amor, simplesmente amor.
Da ignorância em que os homens vivem do único amor, origina-se a causa de todos os seus
males e sofrimentos.
Os amores apendiculados não resolvem os problemas da vida, antes os complicam. Alguns
chegam a ser nocivos e perigosos.
Aquele que se denomina conjugal responde quase sempre
pelos divórcios e pelas tragédias domésticas, não raras vezes sanguinolentas. E' muito provável
que sua benéfica influência explique a razão por que os cônjuges, neste mundo, raras vezes se
entendem.
Esse mesmo tipo de amor, quando ainda nos pródromos da conjugação, costuma ter o seu
epílogo nos necrotérios, através de dois crimes: assassínio e suicídio. Chama-se a isso — drama
passional, ou delitos por amor! Blasfêmia!
Do amor fraterno resulta que os filhos dos mesmos pais, que juntos cresceram sob o mesmo teto,
se desestimem e até mutuamente se hostilizem. Os que se querem constituem exceção.
O amor da pátria gera as dificuldades e os graves problemas internacionais, as crises
econômicas, para cuja solução determina a queima de produtos indispensáveis à vida humana,
tais como o trigo, o café, o petróleo, etc.; esquecendo-se de que há carestia, fome e nudez em
várias regiões do globo.
Faz mais ainda esse decantado amor: emprega a maior parte das arrecadações, extorquidas
ao povo, na manutenção de exércitos parelhados com tudo quanto a arte de matar e destruir tem
produzido de mais aperfeiçoado. E, de quando em vez, açula essas matilhas de lobos umas contra
as outras em cruentas lutas, ensopando a terra de sangue e de lágrimas, quando ficou
estabelecido pelo Senhor dos mundos que o solo fosse regado com o suor do rosto.
O dito amor divino (que dele o céu nos defenda) criou abismos de separação entre os membros
da família humana. Não contente com isso, inventou a Inquisição, as Cruzadas e a noite de S.
Bartolomeu!
Decididamente, os tais amores (salvo as exceções que transcendem para o amor propriamente
dito, pois tais modalidades constituem um meio para atingir aquela finalidade) são desastrosos.
Certamente, prevendo tudo isso é que o Divino Instrutor da Humanidade, depois de muito haver
falado e exemplificado acerca do amor (sem complementos, nem apêndices), terminou dizendo aos
seus discípulos:
Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros, como eu vos amei.
A novidade do mandamento está no modo como ele ama. Seu amor é diferente dos muitos
amores já bem conhecidos, em todos os tempos, nesta sociedade.
Deus é amor. Portanto, o verdadeiro amor é uno com o verdadeiro Deus.
O politeísmo, como o
amor polimorfo, gera a confusão.
Não podemos servir ao Deus uno, alimentando idéias
exclusivistas e sentimentos sectários, por isso que todas as coisas e todos os seres são obras
suas e refletem sempre, de uma ou de outra maneira, a divina presença.
O mesmo sucede no que respeita ao culto do amor. Este nobre sentimento em tudo palpita,
pois, em essência, é a mesma vida universal que anima a infinita criação. Por isso, podemos
senti-lo na estrela que refulge no azul do céu, no perfume da flor, na gota de orvalho que tremula na
relva, no canto do passaredo, no sorriso da criança...
Tal é a moralidade daquele mandamento a que Jesus chamou novo há vinte séculos, e que novo
contínua sendo hoje, porque ignorado e não praticado.
E' tempo de aprendê-lo, cultivando o amor, até
que adquiramos o hábito de amar; até que nos tornemos, como Jesus, filhos do AMOR
Vinícius " Em torno do Mestre "
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