sábado, 10 de outubro de 2015

Cotidiano - Lobos vorazes

Olá,

 O divino Pastor previne as suas ovelhas do perigo que as ameaça, dizendo-lhes: "Guardai-vos dos falsos profetas que vêm a vós com vestes de ovelhas, mas que por dentro são lobos vorazes. Pelos seus frutos os conhecereis."
Geralmente, os profitentes de determinado credo imaginam que os falsos profetas são os representantes de outros credos.
 Assim, para os católicos romanos, os lobos vorazes são os pastores protestantes, são os expoentes da Doutrina Espírita.
 Para os protestantes, os lobos são os membros do clero romano e os espíritas em geral.

E este falso conceito é também partilhado por alguns espíritas, os quais pretendem ver o perigo nos arraiais vizinhos . Estão todos redondamente enganados.
 Os falsos profetas, os lobos vorazes estão dentro dos respectivos rebanhos, que eles pretendem explorar, assumindo ali atitudes de mentores e guias, disputando posição de destaque.
Daí precisamente o perigo para as ovelhas.
Os lobos do protestantismo estão lá com eles, rotulados com a mesma rubrica oficial daquela igreja, mostrando-se interessados por tudo que ali se passa.
 Da mesma sorte, os lobos do catolicismo romano lá se encontram no seio daquela comunidade, usando os seus distintivos, as suas insígnias.
Consoante o mesmo critério, os falsos profetas contra os quais nós, os espíritas, nos devemos precaver, não se acham em arraiais longínquos, não são os membros da clerezia de saia ou de sobrecasaca. Eles estão perto de nós, em nosso meio, no aprisco mesmo, disfarçados em ovelhas inocentes.
Usam palavras melífluas, arvorando-se, ora em ardentes propagandistas e fogoso foliculários, ora em operadores de prodígios e milagres, ora ainda em profundos conhecedores de mistérios, possuidores de poderes invulgares, ora, finalmente, como dotados de dons excepcionais para curar enfermidades de toda a natureza.
Lobos há de toda a casta: malhados, fulvos e pretos.
 Da espécie de que tratamos agora, existem, desde os exploradores e charlatães ignorantes, que exercem suas traças entre os incautos ignaros, até os de alto coturno, que frequentam rodas literárias, portadores de títulos e credenciais, impando de vaidade, pretensos sábios.  Tanto estes, porém, como aqueles, se dão a conhecer pelos frutos, como sabiamente diz o Evangelho.
Seguindo as pegadas desses lobos, verificamos desde logo que seus frutos são maus. Os de baixa estirpe, em geral, contentam-se com ilaquear a boa fé dos incautos, colhendo em seguida os proventos que miram.
Os de alta categoria visam a alvo mais elevado, pelo menos mais distante. Querem satisfazer suas pretensões vaidosas e seus apetites, como os primeiros, porém, com certo jeito e maestria, a fim de se não comprometerem. Para atingirem os fins, não trepidam em lançar, aqui, a cizânia; ali, a intriga; acolá, a confusão e a dúvida.
 Insultam, agridem, perseguem mesmo os que se não curvam às suas pretensões e duvidam das suas autoridades. Tais são os frutos que produzem.
Querem dirigir o rebanho à viva força; querem posto de comando; querem o bastão. Com tal propósito, faremos todas as agremiações organizadas, todos os redis onde há ovelhas a tosquiar.
 Não logrando seus intentos saem murmurando e vociferando contra os núcleos onde não conseguiram pontificar.
A passagem dessa alcateia deixa sempre vestígios. São víboras que empeçonham o ambiente, quando não podem inocular o veneno mortífero. O cunho característico desses lobos é serem todos eles inimigos da cruz do Cristo, como dizia, com justeza, o Apóstolo dos gentios.
 Falam no Cristo, porém num Cristo forjado pelos seus caprichos e veleidades, que nada tem de comum com aquele Cristo que anuncia a cruz, que põe em realce a cruz e que, sobretudo, manda viver segundo ele viveu, nos termos e no espírito da cruz, como símbolo do dever, da humildade, da renúncia e do sacrifício.
Os falsos profetas — grandes ou pequenos, ignaros ou eruditos, plebeus ou magnatas são, invariavelmente, epicuristas, devotos de Baco, adoradores de Príapo; uns, mais ou menos abertamente, outros, de modo hipócrita e velado, deixando, todavia, transparecer o que lhes vai no íntimo.
 Guardai-vos, portanto, ó crentes de todas as igrejas, dos lobos vorazes.
 Lembrai-vos de que eles estão no meio de vós, agindo ao vosso lado; não vêm de fora, estão no interior de cada aprisco. Pelos frutos os conhecereis.

 Vinícius                                             " Em torno do Mestre "

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