Olá,
No íntimo acreditam-se neutros.
São portadores, porém, de uma neutralidade conveniente,
adotando posição parasitária, como se fora possível a indiferença ante as questões
palpitantes da vida.
Não se desejam comprometer. Preferem ser arrastados pela força
voluptuosa dos sucessos, invariavelmente negativos, embora se façam crer pessoas
honestas e interessadas no progresso do bem.
Omissos, esperam que o tempo tudo resolva, sem oferecerem a contribuição decisiva para
apressar a chegada da oportunidade
promissora que fomenta o êxito das realizações.
Em
verdade, tornam-se frios, hipnotizados pela comodidade, após perderem o calor do ideal e a
vibração positiva da fé
Anseiam por melhores dias, mas nada fazem por produzi-los.
Agitam-se em círculo vicioso de especulações imediatistas, sem a contribuição decisiva pelas
realizações superiores.
Aqui, em face ao desgoverno de muitas coisas, erguem os ombros, dizendo nada terem com
isso; ali, fingem não ver, asseverando que a questão não lhes é pertinente; adiante, passam
por cima dos gritantes descalabros, informando que lhes não cabe atitude alguma...
No
entanto, comentam, combatem, exigem providências dos outros, portadores que são de larga
percepção para condenar e ruminar pessimismo.
São espíritos doentes, sem dúvida, portadores de virose singular.
Algumas vezes, quando
convém, aderem à facção maior, a que lhes parece vitoriosa, ou, normalmente, permanecem
na posição dúbia de quem está indeciso.
O cristão legítimo, particularmente o espírita, é
dinâmico, combativo no sentido ideal da palavra, pugnando sempre pelas causas superiores,
envidando todo esforço pela direção segura do ideal que esposa.
Não se entibia quando surgem dificuldades, nem se arreceia quando se multiplicam
problemas. Recorda-se que a Causa do Cristo sempre esteve em minoria na Terra, e que,
todavia, é a Causa da Verdade.
Diante dele avolumam-se os valores legítimos do bem e
torna-se, em consequência, expressão do bem onde se encontra.
O clamor da desordem não lhe abafa a voz, porque esta é a do exemplo;
a opressão não o
esmaga, porque rutilam suas realizações;
o desânimo não o vence, em razão de haurir
reforço de energias, nas Fontes da Espiritualidade Superior;
a calúnia não o afeta, em face
ao estoicismo com que vive a verdade, e prossegue, sempre o mesmo, sem pressa mas com
decisão, confiando na vitória final, após a última batalha que lhe compete travar.
A omissão, no entanto, é responsável pelo desmoronamento de ideais enobrecedores com
que a Humanidade sempre foi contemplada, porquanto estimula a desordem, no silêncio
conivente; açula a ira, pela morbidez que dissemina; favorece a fuga dos dubitativos que se
resolvem pela atitude mais fácil.
Omissão, é, também, ausência de firmeza de caráter,
covardia moral.
A omissão de muitos dos companheiros e beneficiários de Jesus contribuiu largamente para
o drama do Calvário.
O silêncio dos chamados homens probos favorece a penetração e
vitória das infelizes falcatruas e malversações promovidas pelos aventureiros e maus.
Imperioso fazer convergir para os pontos fulgurantes do dever todos os esforços, não
compactuando com os menestréis da perturbação e fomentadores da iniquidade.
Silenciar a
autodefesa em prol do ideal representa elevação de espírito, enquanto calar para preservar
posições mentirosas traduz desrespeito a si próprio e, em decorrência, agressão ao que
supõe acreditar ou afirma seguir.
O cristão omisso é alguém em vias de decomposição emocional, que está em processo de
morte sem o perceber. Desse modo, constrói sempre e convictamente o bem em toda parte,
comunicando entusiasmo e otimismo, descobrindo, por fim, que o contágio do amor e da
esperança é tão fecundo que, após, mimetizar aqueles que nos cercam, retorna com força
nova que nos domina e agiganta, conduzindo-nos na direção dos objetivos que defendemos
e a que nos afervoramos.
Joanna de Ângelis/Divaldo P. Franco " Celeiro de Bênçãos "
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