terça-feira, 20 de agosto de 2019

Evangelho - PROVAÇÃO REDENTORA

Olá,

 A voz que laboraste por modular docemente agora se transforma em brado de acusação impiedosa; as mãos que uniste muitas vêzes dentro das tuas, em gesto de ternura, parecem prontas a esbordoar-te; o rosto tantas vêzes osculado com meiguice surge congestionado diante da tua presença; os gestos que plasmaste com incansável devotamento, fazem-se bruscos e violentos em desafio à tua serenidade; aqueles olhos que enxugaste com desvêlo, quando choravam, fitam-te com chispas de ódio; o corpo que embalaste noites a fio, ora freme de revolta e se agiganta diante do teu atual carinho; todo aquele ser que cumulaste de amor, então, se contorce sob o gás da rebeldia e não trepida em malsinar-te, ferindo as mais caras aspirações que demoradamente acalentaste, bem como os nobres objetivos que tõda a vida perseguiste — a meta da tua realização interior.

Insultado por tão grotesca reação tentas, ainda, acercar-te do ser querido, escondendo a decepção e a dor íntima; no entanto, não consegues transpor a barreira entre ti e ele, colocada propositadamente para produzir distância, não obstante o êxito dele depender do teu suor e da tua soledade, das tuas lágrimas e dos teus silêncios.
Permite-se acusar-te, censurar-te, e não te concede a condição ao menos de “ser humano”.
Reserva-se o direito de magoar-te e explora os teus sentimentos para pisoteá-los logo depois. Enquanto o envolves em otimismo, há muito tempo a inferioridade dele espezinha-te com recalques cruéis, que procedem de vidas consumidas no passado do espírito e não te oferece a concessão das queixas ou das justas censuras que são descargas da tensão que te atormenta.
 E dizer que te deste com o melhor que possuias, oferecendo-te todo por ele, para a felicidade dele! Retempera, porém, o ânimo e insiste no dever que te cabe ou que assumiste, mesmo incompreendido, apesar de sitiado pela ingratidão com que ele te retribui o carinho demorado.
 * * *
 Seja quem fôr o ingrato — filho, amigo, afeto, companheiro —, é alguém vitimando-se com o ácido que o destruirá logo depois.
A ingratidão é enfermidade de erradicação difícil e demorada; a rebeldia reflete distonia espiritual; o azedume exterioriza infelicidade interior; a agressão atesta primitivismo; a cólera é morbidez de complexa definição no campo da mente em desalinho.
Todo aquele que se permite conduzir por tais famanazes da indisciplina e do orgulho merece caridade pelo tratamento do amor que ora e socorre, insiste ao lado e não revida mal por mal.
Ele, aquele que te acicata o espírito, caminhará pela estrada da experiência, avançando na rota do futuro.
Aprenderá inevitavelmente e tornar-se-á brando.
 Não é necessário que o desejes: a vida se en¬carrega de nós todos, cada um a seu turno...
 * * *
 É pena — e sofres com isso — que te não saibas valorizar o amor, aquele que hoje te fere e subestima.
 Jesus, porém, experimentou, e em grau muito maior, a ingratidão e o desinteresse dos companheiros mais amados.
Medita nEle, na Sua vida e não te abales com a provação redentora.
Felizes são os que amam, e amam sempre, reconhecidos, fiéis,
Os outros, dentre os quais o ser que ora não te retribui amor por amor, já estão justiçados em si mesmos, sorvendo a amargura da inquietação e o tóxico da insegurança pessoal, que os envenenam paulatinamente.

 *
 “Mas na hora de provação volta atrás”. Lucas: capítulo 8º, versículo 13.

*
 “Os que, ao contrário, usam mal da liberdade que Deus lhes concede retardam a sua marcha e, tal seja a obstinação que demonstrem, podem prolongar indefinidamente a necessidade da reencarnação e é quando se torna um castigo”. São Luiz. (Paris 1859).
O E.S.E. Capítulo 4º — Item 25, parágrafo 2.

Joanna de Ângelis/Divaldo P. Franco     " Florações Evangélicas"

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