Olá,
A condição primordial para que possamos realmente partilhar o amor é não impedir o
outro de crescer como indivíduo distinto de nós.
Quando bloqueamos o crescimento
de quem amamos, a relação de afetividade fica segmentada por montanhas de
frustração e desapontamento.
"A justiça consiste no respeito aos direitos de cada um. (...) O direito estabelecido pelos homens,
portanto, não está sempre conforme a justiça. Aliás, ele não regula senão certas relações sociais,
enquanto que, na vida particular, há uma imensidade de atos que são unicamente da alçada do
tribunal da consciência."
O "respeito aos direitos de cada um", a que se referem os Guias Espirituais, está
fundamentado, acima de tudo, nos bens imortais ou valores íntimos que conquistamos
e que nos dão o direito de uso, desfrute e disposição, sem desacatar, afrontar ou
impedir, no entanto, o crescimento das pessoas com quem convivemos.
O ultraje e o desrespeito no amor têm como "pano de fundo" certas características
psicológicas de indivíduos que negam seus próprios temores, inseguranças e fraquezas
e que se compensam utilizando comportamentos autoritários, possessividade e
arrogância.
No amor não é preciso viver como se estivéssemos num "torneio", tentando medir
forças ou exibir a importância de nosso valor por meio de imposições, discussões e
disputas diárias.
O respeito legitima e valoriza o amor, que sempre vem acompanhado
de atenção, colaboração, companheirismo e afetuosidade.
Quando amamos alguém, o melhor a fazer é mostrar-lhe nossa "visão de mundo".
No
entanto, devemos dar-lhe o direito de aceitar ou de recusar nossas idéias e
pensamentos, sem causar-lhe nenhum constrangimento nem utilizar expressões de
subordinação.
Eis algumas notas importantes para todos aqueles que pretendem cultivar o amor
pleno:
•respeitar o valor das diferenças pessoais;
• evitar atitudes de possessividade afetiva;
• admitir que todos estamos sujeitos ao erro;
• abandonar a idéia de ser compreendido em tudo;
• assumir a responsabilidade pelos atos que praticar;
• não esquecer a própria identidade;
•jamais querer mudar as pessoas pelos seus pontos de vista;
• usar sempre a sinceridade como defesa;
• perceber suas limitações para poder compreender as dos outros;
• entender que, em se tratando do amor, todos somos ainda aprendizes.
No que diz respeito a laços afetivos, por mais envolvimento que haja em termos de
simpatia, ternura e anseio, a dinâmica que nos manterá unidos a outra pessoa será
invariavelmente o respeito mútuo.
Se desejarmos conviver bem afetivamente,
deveremos nos empenhar na aquisição da sabedoria interior, que é sempre uma tarefa
pessoal.
Para atingirmos a plenitude do amor, é necessário nos libertarmos das crises de
onipotência, pois somente admitindo nossa vulnerabilidade é que criaremos uma
situação favorável para o êxito no amor.
O amor nos põe à disposição o mais frutífero e abençoado dos terrenos para o
crescimento interior. Esse "solo fecundo", quando fertilizado pelo afeto real, nos faz
abrir mão da ilusão de possuir toda a verdade, eliminando, em consequência, nossas
síndromes de inflexibilidade.
O L.E. Questão 875 Como se pode definir a justiça?
"A justiça consiste no respeito aos direitos de cada um."
O que determina esses direitos?
"Duas coisas os determinam: a lei humana e a lei natural.
Tendo os homens feito leis apropriadas aos seus
costumes e ao seu caráter, essas leis estabeleceram direitos que puderam variar com o progresso dos
conhecimentos. Vede se vossas leis de hoje, sem serem perfeitas, consagram os mesmos direitos da Idade Média.
Esses direitos antiquados, que vos parecem monstruosos, pareciam justos e naturais naquela época. O direito
estabelecido pelos homens, portanto, não está sempre conforme a justiça. Aliás, ele não regula senão certas
relações sociais, enquanto que, na vida particular, há uma imensidade de atos que são unicamente da alçada do
tribunal da consciência."
Hammed/Francisco do Espírito Santo Neto “Os Prazeres da Alma”
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