Olá,
O tabaco era inicialmente usado pelos nativos do Novo Mundo,
através do fumo, mastigação das folhas ou unguentos.
Acreditava-se que
alguns tipos antigos de tabaco fossem mais potentes e com
concentrações maiores de substâncias psicoativas, o que levava à
obtenção de experiências místicas.
Dessa forma, seu uso fazia parte dos
rituais de oferenda aos deuses.
Após as explorações de Colombo, o tabaco foi levado para o Velho
Mundo e espalhou-se pela Europa, África e Ásia; seu uso inicialmente, foi
combatido pelas autoridades governamentais por ser considerado um
hábito de bárbaros. Contudo, seu consumo popularizou-se com a difusão
da crença de que a fumaça inalada possuía poderes milagrosos.
A partir de 1870, surgiram as primeiras máquinas para o fabrico de
cigarros de papel. Tal fato, associado à propagação de um hábito
socialmente aceito e estimulado, contribuiu para o rápido aumento de
seu consumo.
Após a Primeira Guerra Mundial, verificou-se um crescimento
considerável na porcentagem de fumantes. A partir da década de 70,
iniciou-se uma forte campanha antifumo, baseada nos prejuízos à saúde,
o que provocou uma diminuição do consumo, mas na década de 90 a
reação dos não fumantes criou a aversão ao cigarro e leis surgiram para
impedir seu uso em ambientes públicos. Prato feito para a necessidade
de transgressão do jovem, a partir daí assistimos a uma adesão
avassaladora da população jovem ao cigarro.
Dados encontrados no jornal Correio Brasiliense (31/05/96) afirmam
que existem um bilhão de fumantes no mundo, no Brasil 35 milhões,
destes 2,8 milhões são jovens entre 5 e 19 anos.
Efeitos do tabaco nas culturas ocidentais, a nicotina é ingerida primariamente através
do fumo ou da mastigação das folhas de tabaco.
Fumar significa inalar 4.720 substâncias tóxicas, incluindo óxidos de
nitrogênio, amônia e aldeídos, além da nicotina, alcatrão e monóxido de
carbono, que constituem os três principais componentes do tabaco:
* O alcatrão (TPM) contém aminas aromáticas possivelmente
causadoras de câncer.
* O monóxido de carbono (CO) acarreta uma redução na capacidade
do sangue de transportar oxigênio e, conseqüentemente, um aumento
no número de hemácias (policitemia); provavelmente é o responsável
pelo desenvolvimento de doenças cardíacas.
* A nicotina, indiscutivelmente, é considerada a maior (embora não
seja a única) produtora de reforço para instalar a dependência e
desenvolver a tolerância, associada também a fatores psicológicos,
que talvez expliquem, em parte, a dificuldade dos fumantes pararem
de fumar.
Uma tragada de fumaça resulta em níveis mensuráveis de nicotina no
cérebro dentro de segundos. Um cigarro médio sem filtro contém 1,5 a
2,5 mg de nicotina; com filtro ocorre uma leve diminuição desse índice.
Os cigarros com "baixo teor de alcatrão" possuem, em compensação,
níveis aumentados de monóxidos de carbono (trata-se da mesma
substância que sai do escapamento dos automóveis).
Comprovadamente a nicotina, quando consumida em pequenas
doses, altera o funcionamento do SNC, através de um aumento do
estado de alerta, seguido por uma sensação de calma. Também é
observada maior clareza de pensamento e aumento da concentração.
A pouco tempo, os jornais noticiaram a informação de um cientista
que trabalhava numa indústrias de cigarro e comprovou a manipulação
da nicotina, este caso trouxe sérias repercussões sociais e foi tema do
filme "O Informante".
No nível físico, o uso de tabaco provoca uma diminuição do apetite,
relacionado ao decréscimo na força das contrações estomacais, bem
como náuseas e vômitos, por causa de um efeito direto sobre o SNC,
ocasionando também úlceras no estômago.
No aparelho respiratório, é comum ocorrer irritação local e o depósito
de substâncias carcinogênicas (responsáveis pelo câncer).
O uso intenso provoca um aumento no ritmo cardíaco, na pressão
sangüínea e na força das contrações cardíacas, predispondo ao enfarto,
derrame cerebral e doenças dos vasos sangüíneos.
Motivações para o hábito de fumar de modo geral, o hábito de fumar atende a pressões sociais, bem
como a necessidades psicológicas.
Os jovens, muitas vezes, começam a fumar por imitação, para serem
atraentes, adquirirem segurança, expressarem sua independência ou
rebeldia (reflexo das propagandas que exploram uma ligação tipo:
cigarro, maturidade, independência e estilo de vida).
Dentre as motivações para o uso, incluem-se:
* prazer de fumar, de executar todo o ritual até soltar a fumaça e
observar os desenhos no ar, descontraidamente;
* a necessidade de fumar para aliviar tensões, enfrentar situações
adversas, dominar sentimentos de medo, nervosismo, acanhamento,
vergonha, etc.
Constata-se, contudo, uma carência de estudos e pesquisas
relacionadas às motivações para o uso do tabaco (o mesmo acontece,
talvez em menor escala, para o alcoolismo), quando comparados
àqueles referentes às drogas ilícitas.
Consequências do tabaco a médio e a longo prazo, podem-se identificar consequências do uso
de tabaco a níveis clínicos, ecológicos e econômicos.
Do ponto de vista clínico, observa-se um elevado índice de câncer nos
pulmões, boca, faringe, laringe e esôfago, principalmente quando
associado ao consumo de álcool. Apresenta, ainda, riscos de câncer na
bexiga, pâncreas, rins e útero.
Outras consequências importantes são: derrames, ataques cardíacos,
angina, bronquite, enfisema pulmonar, além dos riscos aumentados de
úlceras e arteriosclerose.
O fumo pode antecipar a menopausa, envelhecendo prematuramente
a mulher.
A nicotina favorece a formação de rugas, causa palidez, obstrui
os poros, resseca a pele das mãos, mancha os dentes, envelhece
prematuramente as gengivas e irrita as cordas vocais, dando ao fumante
uma "voz rouca".
Ainda em relação às mulheres, o risco de enfarto cardíaco é maior
quando associado ao uso de pílulas anticoncepcionais.
Quando uma gestante fuma, as substâncias tóxicas do cigarro
atravessam a placenta, afetando diretamente o feto.
Os efeitos maléficos
do fumo em mulheres grávidas que fazem uso de cigarro (um maço por
dia) são:
* o feto pode nascer com baixo peso e menor tamanho;
* aumento do risco de aborto espontâneo;
* maior probabilidade de ocorrer a Síndrome de Morte Súbita Infantil;
* aumento do risco de nascimento de crianças com defeitos
congênitos. Caso a mulher grávida pare de fumar e não se exponha à
poluição tabágica, esses riscos diminuem e se tornam semelhantes
aos das mulheres que nunca fumaram.
Quanto aos problemas ecológicos (folheto do Ministério da Saúde),
podem-se citar:
* a utilização de fornos à lenha para a secagem das folhas de tabaco,
contribuindo para a devastação de florestas. Cada trezentos cigarros
produzidos utilizam uma árvore, ou seja, o fumante de um maço de
cigarros por dia consome uma árvore a cada 15 dias.
* a plantação de fumo emprega grande quantidade de agrotóxicos,
intoxicando os plantadores, poluindo o solo, a água e o ar.
* a terra onde se planta o tabaco fica empobrecida, não servindo mais
para o cultivo de alimentos.
* os grande incêndios que ocorrem na zona urbana e rural, por
cigarros acesos, jogados inadvertidamente em locais secos.
Do ponto de vista econômico, o recolhimento de impostos de cigarro
não cobre os gastos decorrentes de seu consumo, tais como, doenças,
faltas no trabalho, etc. e nem os prejuízos ecológicos, citados
anteriormente.
Em nível particular, sabe-se do sacrifício econômico de muitas
famílias, que chegam a prejudicar a alimentação dos filhos para sustentar
sua dependência.
Dificuldades de parar de fumar, quando um dependente do fumo resolve parar de fumar, ele passa
por uma Síndrome de Abstinência, com sintomas leves de intensidade
variável para cada pessoa.
Os sintomas iniciam-se algumas horas após a interrupção do uso e
aumentam durante as doze primeiras horas, piorando durante o
anoitecer.
Dentre os mais frequentes, observam-se: irritabilidade;
ansiedade; dificuldade de concentração; agitação; sonolência; insônia;
sentimento de hostilidade; cefaléia, etc., tudo indicando uma
dependência da nicotina. Pode acontecer, ainda, constipação, diarréia e
um ganho significativo de peso (uns cinco quilos ou mais). No entanto,
estas alterações podem cessar em um mês, enquanto os sintomas
psicológicos de compulsão pelo fumo podem persistir durante muitos
meses.
Foi comprovado que a abstinência lenta ou gradual pode resultar em
sintomas de compulsão ainda mais intensos do que a interrupção brusca
e pode ser ineficiente para o objetivo de parar de fumar.
Cientistas procuram explicar (Folha São Paulo, 22/02/96) por que
fumantes criam dependência em relação aos cigarros. Embora
responsabilizem a nicotina, descobriram que outras substâncias como a
MAO-B e a dopamina também poderiam estar associadas. Esclarecem
que para melhor encontrarem modos de ajudar as pessoas a
combaterem suas dependências, precisam desenvolver uma melhor
compreensão do "porquê" as pessoas fumam.
Cerca de 95% dos fumantes abandonam o tabaco por conta própria.
Existem algumas terapias alternativas como injeções de clonidina,
hipnose, emplastro ou adesivo de nicotina, chicletes especiais,
acupuntura, auriculoterapia, laserterapia, tratamento psicológico
complementar, etc. Contudo, acredita-se que o melhor método, ainda,
seja a força de vontade.
Livro:
A PREVENÇÃO DE DROGAS
À LUZ DA CIÊNCIA E DA DOUTRINA ESPÍRITA
REFLEXÕES PARA JOVENS E EDUCADORES
Rosa Maria Silvestre Santos
Pedagoga, psicopedagoga, psicodramatista, consultora de prevenção às drogas, co-dirigente do curso "Escolinha" de Pais.
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