terça-feira, 19 de junho de 2012

ADOLESCÊNCIA - PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE DROGAS


Olá,

As drogas naturais são menos perigosas do que as drogas químicas?

Não, as drogas obtidas a partir de plantas são até mesmo mais perigosas do que as produzidas em laboratório. Existem muitos venenos extraídos das plantas.

Qual a diferença entre drogas leves e pesadas?



O termo correto seria uso leve e uso pesado, depende muito mais do consumo, da maneira e circunstância que é usada do que do tipo de droga ingerida. Uma pessoa pode usar o álcool, por exemplo, de modo inofensivo e ocasional (leve), enquanto outra se torna dependente e habitual (pesado).

Qual a relação entre depressão e uso de drogas?

A depressão é um transtorno psiquiátrico que mais se associa à dependência de drogas, segundo Silveira (1999) e requer um tratamento psicoterapêutico específico. Muitas vezes a falta de serotonina e o mau funcinamento do sistema límbico do jovem são os responsáveis pelo agravamento do quadro depressivo, associado na maioria das vezes com um processo espiritual obssessivo.

 Qual a relação do déficit de atenção com ou sem hiperatividade e o uso de drogas?

Pesquisas recentes concluíram que muitos jovens com dificuldades de aprendizagem estão mais propensos ao uso de drogas. Como as famílias e escolas não realizam o diagnóstico correto (não encaminham a especialistas) e atribuem o insucesso escolar à preguiça ou indisciplina, o jovem fica marginalizado, com uma autoestima baixa e sem possibilidade de desenvolver seu potencial. Se esse distúrbio fosse tratado, essas conseqüências trágicas não aconteceriam. Diz Silveira (1999) muitos jovens que apresentavam transtornos de atenção, depois de tratados por especialistas, pararam de consumir drogas.

De todas as razões para o jovem usar as drogas, qual sintetiza mais esta opção? Já lemos e ouvimos inúmeras razões para o uso, mas o pano de fundo para todos os motivos reside em não estar bem com ele mesmo. O jovem que não está bem consigo mesmo encontra uma atração irresistível pelos efeitos das drogas, ele fica vulnerável. A droga tem o poder de transformar as emoções e modificar e ocultar os verdadeiros sentimentos. O jovem pode ter uma auto-imagem muito depreciativa e compensar com lances de "superioridade", ou fortes sentimentos de solidão, inadequação e baixa auto-estima e falta de confiança e não saber lidar com estas emoções. Os jovens precisam aprender a conhecer suas emoções e a lidar com suas dificuldades e problemas.

 Cabe aos pais adquirirem a sensibilidade para transmitir a segurança e o afeto de que os filhos necessitam, mas, se mesmo assim, os filhos permanecerem vulneráveis, possam ter o discernimento para buscarem ajuda especializada para lidarem com o complicado e pantanoso mundo interno de cada um. Os pais precisam ouvir mais e falar menos, não desistir nunca de conversar, mesmo que esta conversa sempre se torne tensa e cheia de conflitos, mesmo assim ainda é uma via de comunicação essencial. O consumismo que vivemos não é um péssimo modelo de vida? Infelizmente nosso modelo de felicidade está ligado ao consumismo, possuímos a crença ingênua de que podemos comprar felicidade e de que temos que evitar a tristeza e a dor a qualquer preço.

A melhor maneira de viver é aceitar nossa humanidade e nossa imperfeição, é compreender que nem tudo são flores e que o conflito e o descontentamento pode ser uma excelente forma de crescimento e evolução. Com este novo paradigma podemos enfrentar as lutas sem anestesiar o mundo, sem ser atraído pela ilusão da droga. Como os pais podem ter uma atitude de prevenção às drogas mais adequada? Primeiro ponto é ser coerente, o que ele faz é mais importante do que o que diz. Cortar de vez o dito popular:

"Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço." As crianças aprendem pelo exemplo e imitação, percebem quando os adultos recorrem aos tranqüilizantes ao menor sinal de tensão, ou que estão comendo exageradamente por compulsão, ou fazem compras sem necessidade ou trabalham excessivamente... Todos esses comportamentos são dependentes e compulsivos e precisam ser repensados urgentemente pelos pais, antes que os jovens os assimilem e estabeleçam a mesma relação com as drogas.

Qual seria o papel eficiente da escola na prevenção do uso de drogas?

Prevenir o uso de drogas é, antes de mais nada, uma decisão política determinada por uma filosofia e um projeto integrado. Implica em falar de educação de filhos, de adolescência, de relação social e convivência afetiva. Prevenir não significa tratar o tema com sensacionalismo ou com terrorismo, os efeitos poderão ser inversos do esperado, tais como: aguçamento do interesse, curiosidade e incentivo para condutas negativas. Acreditamos que a escola seja um espaço para desenvolver atividades educativas, visando qualidade de vida e educação para a saúde. Portanto, ela tem a responsabilidade da prevenção primária e secundária.

 Quais as etapas de um trabalho de prevenção dentro da escola? Um projeto de prevenção na escola passa por três etapas, envolvendo, respectivamente, os profissionais da escola, pais e alunos.

Na primeira etapa, chamada "Escola", realiza-se estudos e debates e treinamentos que envolvam o corpo técnico-administrativo e o corpo docente.

A segunda etapa envolve "Pais", tem o objetivo de fortalecer mais o contato com as famílias.

A terceira etapa -"Alunos"- compreeende diversas formas sutis de abordar o assunto, desde o espaço de discussão aberta oferecido pela Orientação Educacional, ao espaço interdisciplinar, planejado ou não no currículo escolar.

 Como os professores reagem frente ao trabalho preventivo?

De modo geral percebemos três posturas diferentes:

* Nenhuma disponibilidade interna e indiferença: relatam que estão cansados, querem dar seu conteúdo e ir para casa. Atribuem à família toda a responsabilidade pelo processo preventivo. Representam uma grande parte.

 * pouca disponibilidade interna: geralmente associado a motivos pessoais (droga na família, extremo preconceito, etc). Possuem ojeriza de tocar no assunto "droga", quando o fazem exacerbam, adotam atitudes extremistas e de desespero, como o desejo de expulsar o usuário da escola ou a fantasia de resolver ou eliminar todos os envolvidos em droga, a partir de uma intervenção. Representam uma minoria dos educadores.

* Muita disponibilidade interna: acreditam que a escola precisa parar, refletir e preparar seus profissionais para o trabalho preventivo. Atestam a força do amor, diálogo, crença em Deus e acreditam na sua intervenção para a formação do aluno. Relatam que querem deixar de ser espectadores e se tornarem co-autores do processo preventivo.

Querem vencer a barreira da acomodação pessoal e da rigidez institucional. São excelentes colaboradores nos encontros, treinamentos e consultorias. Candidatam-se como voluntários para pertencerem à equipe de montagem do projeto em sua escola. Não são muitos, mas são os verdadeiros educadores no sentido profundo da palavra.

Como as escolas estão reagindo frente ao grande consumo de drogas?

Existem diferentes tipos de escolas, algumas querem ainda acreditar em "escolas sem drogas", ou pelo menos querem que as famílias acreditem isso.
Outras procuram se mobilizar, sem bem saber como começar, mas organizam grupos de estudos sobre assunto, adotam algumas iniciativas isoladas.
Outras escolas recebem modelos importados e adaptam para sua realidade, outras recebem cursos de órgãos estaduais e uma pequena minoria optam por chamar profissionais especializados para trabalharem com sua equipe e montar um projeto coletivo de prevenção às drogas, sexualidade e outros temas emergentes atuais, buscando uma abordagem interdisciplinar.

Como as famílias podem praticar a prevenção às drogas?

Em primeiro lugar tratar o assunto sem terrorismo, falar a verdade, o jovem está vendo seus colegas usarem e não estão mortos. Em segundo lugar dar o exemplo, não abusar do álcool, não fumar e nem tomar medicamentos sem prescrição médica. A prevenção se inicia desde a gestação da criança, num clima de aceitação, amor e respeito. Desde a mais tenra idade o espaço para o diálogo é cultivado e assuntos sobre sexualidade, drogas e outros temas fazem parte do cotidiano familiar. Não existe tabus e preconceitos. Ao mesmo tempo a criança é educada para a autonomia, para ter senso crítico, tomar pequenas decisões.

 Quando crescer esta criança crítica e segura saberá lidar com todas as drogas nas prateleiras. A droga nunca vai ser eliminada da sociedade, a grande diferença está na opção do jovem, ele fortalecido em sua auto-estima, com um projeto de vida saberá resistir às tentações dos colegas, às tentações da sua curiosidade e do modismo.

 Como a família deve reagir quando descobre que seu filho abusa do álcool, está fumando ou usando drogas ilegais?

A primeira atitude é de calma, sem desespero, conversar, melhorar o canal de comunicação com o jovem, procurar ajuda espiritual, ler, buscar ajuda e o mais importante realizar uma revisão geral nas relações, procurar conversar sobre os sentimentos verdadeiros, trabalhar as diferenças e os conflitos com equilíbrio.
Verificar o grau de comprometimento do jovem, ele pode estar no início, usar ainda recreativamente. Tenho visto excelentes resultados com terapia familiar, todos os membros da família fazem parte do problema e da solução, muitas vezes o usuário é o bode expiatório da família, ou ele carrega a culpa e a depressão de todos. Todos precisam de ajuda e de se reverem.
 Os pais precisam compreender que apenas uma minoria transforma-se em dependente químico, principalmente aqueles que possuem pais dependentes de drogas, ou dificuldades pessoais ou familiares, neste caso a família está tão desestruturada que pouco pode atuar para um processo de ajuda. Quanto mais neutra e apagada for a relação do jovem com os pais, mais a droga vai completar sua personalidade.

Livro:

A PREVENÇÃO DE DROGAS À LUZ DA CIÊNCIA E DA DOUTRINA ESPÍRITA

REFLEXÕES PARA JOVENS E EDUCADORES

Rosa Maria Silvestre Santos

Pedagoga, psicopedagoga, psicodramatista, consultora de prevenção às drogas, co-dirigente do curso "Escolinha" de Pais.



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