Olá,
Evangelho segundo Mateus cap. 3,
13 Então veio Jesus da Galileia ao Jordão ter com João, para ser batizado
por ele.
14 Porém João impedia, dizendo: Eu sou o que devo ser batizado por ti e
tu vens a mim?
15 E respondendo, Jesus lhe disse: Deixa por ora; porque assim nos
convém cumprir toda a justiça. E ele então o deixou.
16 E depois que Jesus foi batizado, saiu logo para fora da água; e eis que
se lhe abriram os céus; e viu o Espírito de Deus, que descia como pomba
e que vinha
sobre ele.
17 E eis uma voz dos céus que dizia: — Este é meu filho amado, no qual
tenho posto toda minha complacência.
Este ponto, em que os Evangelistas tratam do batismo do Mestre, deu
origem a intermináveis discussões, que sempre se reacendem ao depararem
com circunstâncias favoráveis.
Todas as seitas que se constituíram ao influxo das palavras evangélicas,
adotaram o batismo. Algumas de um modo racional, pois só permitem que seus
adeptos se batizem na idade em que possam julgar o ato que praticam. Outras
obrigam seus seguidores a se batizarem na prmeira infância, idade em que
lhes é impossível avaliarem a cerimônia na qual tomam parte
inconscientemente.
O batismo em nossos dias é uma formalidade exterior, sem significado
moral e serve apenas para a satisfação de vaidades e preconceitos arraigados
nos corações dos pais.
O Espiritismo não adota o batismo. O batismo, diante das revelações do
Espiritismo, é uma cerimônia do passado, inútil no presente.
E por que Jesus se batizou?
Porque lhe convinha cumprir toda a justiça, segundo ele próprio o declara a
João.
O precursor encerra o período das fórmulas exteriores, quais até então se
adorava o Pai. Jesus inaugura o
período em que se presta veneração a Deus em espírito e verdade, no
santuário da consciência de cada um de seus filhos.
O batismo de João era bem diferente do que conhecemos em nossos dias.
Pregando no deserto as alvoradas do reino dos céus, dirigia enérgico convite a
todos para que se preparassem para o luminoso dia da redenção. Seduzidos
pela sua palavra vibrante de fé, muitos dos ouvintes se arrependiam da vida
delituosa que tinham levado e confessavam-lhe as faltas, como penhor e que
não tornariam a cometê-las. E João batizava-os, isto é, lavava-os, dando a
entender que o arrependimento sincero, seguido do firme propósito de não
mais reincidir no erro, limpa o espírito como a água limpa o corpo.
E João prega que Jesus batizaria no Espírito Santo e no fogo. Entrando Jesus
na água para ser batizado, é como se dissesse: Até agora foi assim; daqui por
diante, será conforme lhes vou ensinar.
E seu batismo é do Espírito Santo e de fogo.
O avaro que deixa de ser avarento. O hipócrita, que se torna sincero.
O orgulhoso que se torna humilde. O mau que se torna bom.
Os viciados que abandonam os vícios.
Os inimigos que esquecem os ódios que os separavam se abraçam à luz
do Evangelho.
O forte que se lembra de proteger o fraco.
O rico que procura concorrer para o bem-estar dos pobres.
O pobre que não murmura.
Os que, apesar de seus padecimentos, bendizem a vontade de Deus.
Todos esses não sofrem um verdadeiro batismo de fogo?
O batismo de fogo, pois, com o qual Jesus nos batiza, é o esforço que ele
nos convida a fazer para que nos livremos das paixões inferiores, que nos
dominam; livres delas, estaremos batizados, isto é, puros diante de Deus,
nosso Pai.
O Espírito Santo é a denominação dada à coletividade dos espíritos
desencarnados, que lutam pela implantação do reino de Deus na face da terra.
Batizar-se no Espírito Santo significa receber-se a mediunidade. Todos os
que recebem a mediunidade se colocam à disposição dos espíritos do Senhor
para os trabalhos de evangelização que se desenvolvem no plano terrestre.
É
um batismo de renúncia, devotamento, abnegação e humildade.
Todos são
chamados para o sagrado batismo do Espírito Santo, porque todos podem
trabalhar para o advento do reino dos céus.
Quando Jesus saiu da água, João viu a legião dos fulgurantes espíritos
que seguiam Jesus e ouviu o cântico que entoavam ao Senhor nas alturas.
E
para ser compreendido pelo povo, traduziu a visão celeste por um símbolo
material.
EVANGELHO DOS HUMILDES - ELISEU RIGONATTI
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