Olá,
Recorda que, um dia, demandarás também o país da morte.
Sentirás o frio do túmulo a envolver-te o raciocínio, até que a luz te bafeje o espírito
renovado.
Nem por isso, deixarás de ouvir as palavras que a boca humana pronuncie em tua
memória e, em plena transformação, receberás o impacto de todos os pensamentos formulados na
Terra a teu respeito.
Então, suspirarás pela benevolência do próximo para que tuas boas intenções sejam
tomadas em conta no julgamento de teus dias.
Sofrerás em teu coração a crítica e malevolência, a mágoa e a acusação com que te
envolvam o nome, tanto quanto regozijar-te-ás com as vibrações de carinho e com as preces de
amor endereçadas ao teu espírito.
Reflete nessa lição do amanhã inevitável fazendo-te, agora, mais humano e mais doce,
em recordando os mortos que são mais vivos que tu mesmo, na imortalidade renascente.
Ainda mesmo no comentário em torno daqueles que se arrojaram às trevas, pensa nas
boas obras que terão inutilmente desejado praticar durante a permanência no corpo e lembra-te
das esperanças que teceram no mundo os primeiros sonhos.
Meditas nas lágrimas ocultas que choraram sem consolo, nas aflições e remorsos que lhes
vergastaram a consciência, mas, não te confies à reprovação do ódio, destacando-lhes o lado
obscuro e amargo da vida.
Procura enxergar o bem que os outros ainda não perceberam. Auxilia onde muitos
desistiram do perdão, ampara onde tantos desertaram da caridade e estarás acendendo piedosa luz
para teus próprios pés à maneira de lâmpada suave e amiga, com que te erguerás, desde hoje,
muito acima da sombra espessa e triste da morte.
EMMANUEL
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Candido Xavier
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