Olá,
Deixai vir a mim os pequeninos...
Quando Jesus atribuiu a si mesmo a qualidade de Caminho, Verdade e
Vida, não fez, logicamente, uma declaração de ordem pessoal, mas se referiu,
decerto, à mensagem que trouxera ao Mundo, em nome e por delegação do
Pai.
Reportou-se o Mestre, sem dúvida, aos ensinos,
ao roteiro que traçava por
norma de aperfeiçoamento, à moral que pregava e exemplificava.
O Evangelho é Caminho, porque, seguindo-o, não nos perderemos nas
sombrias veredas da incompreensão e do ódio, da injustiça e da perversidade,
mas perlustraremos, com galhardia e êxito, as luminosas trilhas da evolução e
do progresso — da ascensão e da felicidade que se não extingue.
O Evangelho é Verdade, porque é eterno.
Desafia os séculos e transpõe os milênios.
Perde-se no Infinito dos Tempos...
O Evangelho é Vida, porque a alma que se alimenta dele, e nele vive,
ganhará a vida eterna. Aquele que crê em Jesus e pratica os Seus ensinos
viverá — mesmo que esteja morto.
Deixar ir a Jesus os pequeninos, levar as crianças ao Mestre não significa,
pois, organizar, objetiva e materialmente, uma caravana de Espíritos de
meninos — encarnados ou desencarnados — para, em luminosa carruagem,
romperem as barreiras espaciais, vencerem as distâncias cósmicas e
prostrarem-se, devotamente, ante o Excelso Governador Espiritual do Mundo,
com a finalidade inconcebível, porque absurda, de Lhe tributarem pomposas
homenagens. Conduzir as crianças a Jesus significa incutir-lhes nos corações os
preceitos evangélicos, a fim de que os seus atos possam revelar, no futuro,
nobreza e dignidade.
O Espiritismo, através das Escolas de Evangelho, vem cuidando de levar
os pequeninos ao Mestre, fazendo-os apreender as imortais lições da Boa
Nova do Reino.
Urge, contudo, que o meritório esforço das nossas instituições, polarizando-se
na criança, não encontre obstáculos na despreparação evangélica dos pais,
para evitar que a criança “ouça”, nos Centros, luminosos conceitos de
espiritualidade e moral, mas “veja” e “sinta”, dentro de casa, no próprio lar,
inadequadas atitudes de egoísmo e torpeza.
Não basta, pois, evangelizar a criança nas Instituições Espíritas.
É imprescindível que essa educação alcance, também, os genitores ou
responsáveis, evitando-se, destarte, se estabeleça na incipiente alma infantil a
desastrosa confusão de ver e ouvir”, em casa, atitudes e conceitos bem
diversos dos que “vê” e “ouve” nas aulas de Evangelho e Espiritismo.
A primeira escola é o lar.
E o lar evangelizado dá à criança, grava-lhe, na consciência, as firmes
noções do Cristianismo sentido e vivido.
Imprime-lhe, no caráter, os elementos fundamentais da educação.
É necessário que a criança sinta e se impregne, no santuário doméstico,
desde os primeiros instantes da vida física, das sublimes vibrações que só um
ambiente evangelizado pode assegurar, para que, simultaneamente com o seu
desenvolvimento moral e intelectual, possa ela “ver” o que é belo, “ouvir” o que
é bom e “aprender” o que é nobre.
Se o lar não é evangelizado, as lições colhidas fora dele podem ser,
apenas, um conhecimento a mais, no campo religioso, para a inteligência
infantil.
Um conhecimento a mais não passa de um acidente instrutivo. E o que
devemos buscar é a realidade educativa, moral, que tenha sentido de perene
renovação.
Cuidar da criança — esquecendo os pais da criança — parece-nos esforço
incompleto.
Não adianta ser a criança aconselhada, na Escola de Evangelho, por
devotadas instrutoras ou instrutores, a se expressarem de maneira
conveniente, se observa ela em casa palavrões e gírias maliciosas,
impropriedades e xingamentos.
Se o lar é uma escola A PRIMEIRA ESCOLA
e se os pais representam para os filhos, como primeiros educadores, o que há
de melhor, sob o ponto de vista de cultura e respeito, experiência e autoridade,
evidentemente a criança será inclinada — entre os pais que proferem
palavrões e grosserias e a professora de Evangelho que ensina boas maneiras
e sobriedade no vocabulário — a seguir os primeiros.
Com os pais a criança dorme, levanta-se, faz refeições e convive,
diuturnamente.
O convívio da criança, na Aula de Evangelho, com os instrutores, verifica-se
uma vez por semana, durante uma hora ou pouco mais.
E não nos esqueçamos de que, na opinião dos filhos, os pais são os
maiores.
Contribuir para que os pequeninos possam “ir a Jesus”, mediante o
aprendizado evangélico, representa, a nosso ver, providência correlata,
simultânea com o esforço de “levar a Jesus” os pais, preparando-os,
condignamente, para a missão da paternidade ou da maternidade.
Informa a sabedoria popular que o exemplo deve vir de cima...
ESTUDANDO O EVANGELHO MARTINS PERALVA
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