Olá,
“O Espiritismo, por sua natureza e seus
princípios, é essencialmente pacífico; é uma idéia que se infiltra
sem ruído, e se encontra numerosos adeptos, é porque agrada;
jamais fez declamações, nem propaganda, nem qualquer encenação;
forte pelas leis naturais sobre as quais se apóia, se vê crescer
sem esforços nem abalos, não vai atrás de ninguém; não violenta
nenhuma consciência; diz aquilo que é, e espera que venham a
ele. Todo o ruído que é feito ao seu redor é obra de seus adversários;
se é atacado, deve se
defender, mas sempre o fez com
calma, moderação e apenas pelo raciocínio, jamais se afastou da
dignidade que é própria de toda causa que tem a consciência de
sua força moral; jamais usou de represálias restituindo injúrias
com injúrias, maus procedimentos com maus procedimentos.
Não é esse, convenhamos, o caráter ordinário dos partidos inquietos
por natureza, fomentando a agitação, e a quem tudo é bom
para atingir aos seus fins?
Mas desde que lhe demos este nome –
de partido – o aceita, certo que não o desonrará por nenhum
excesso; porque repudiaria qualquer um que disso se prevalecesse
para suscitar o menor problema.
O Espiritismo prosseguia em sua rota sem provocar nenhuma
manifestação pública, aproveitando totalmente a publicidade que
lhe davam seus adversários; quanto mais sua crítica fosse zombeteira,
acerba, virulenta, mais excitava a curiosidade daqueles
que não o conheciam, e que, para saber que opinião se ter sobre
essa, assim dizendo, nova excentricidade, iam simplesmente se
informar na fonte, isto é, nas obras especiais; se estudava, e se
encontrava totalmente outra coisa que não aquilo que se estava
pretendendo dele dizer.
É um fato notório que as declamações
furiosas, os anátemas e as perseguições ajudaram fortemente à
sua propagação, porque, em lugar de dissuadir, provocavam o
exame, não fosse isso que atrai um fruto defendido. As massas
têm sua lógica; dizem que se uma coisa nada fosse, dela não se
falaria, e medem sua importância precisamente pela violência
dos ataques de que são objeto e pelo esforço que causa a seus
antagonistas.”
ALLAN KARDEC
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