Olá,
Pompas religiosas herdadas de avoengos da Humanidade ainda hoje suscitam tristeza
em múltiplos ambientes da fé.
Procura-se comumente o contato com as Forças Superiores da Vida, que operam
em nome da Providência, com o verbo reprimido em posturas e maneiras previamente
estudadas, qual se as relações com Deus devessem obedecer às rígidas etiquetas das
cortes antigas, em que os corações dos vassalos batiam muito longe dos reis.
Se os costumes sociais alcançaram atualmente feição nitidamente mais liberal nas
civilizações de liderança, não acontece o mesmo em matéria de cultos.
Tomamos o serviço religioso como sendo clima exótico para se engavetar a alma no
preparo da morte, como se mergulha carne em salmoura.
Decerto que não será lícito dispensar a dignidade e a decência das atividades do
sentimento e do estudo, em torno da Espiritualidade Maior, mas é necessário exonerar
a máscara em nosso intercâmbio com os planos sublimes.
Nesse sentido, é mais que justo recorrer ao exemplo do Mestre, em cujo tempo,
cerimônias e rituais já haviam atingido culminâncias.
Jesus lê e ora nos cenáculos consagrados à prece, mas isso não o impede de tratar
dos assuntos da alma sob o céu a pleno campo.
Em nenhum texto evangélico aparece notícia de artifícios ou meneios que houvesse
ele usado para impressionar.
Prefere sempre mais o templo da natureza para os transbordamentos da alma que
os santuários de pedra.
As orações que nos deixou são modelos de concisão e simplicidade sem a mínima ideia
de solenidade ou dramatização.
E se hoje na Terra fala a ciência da possibilidade de chamar os recém-desencarnados
à existência, atenuando-se o império da morte, Jesus foi o pioneiro de semelhante
movimento, conferindo a vários mortos o retorno à vida, por mais tempo, demonstrando
que nem sempre a desencarnação é fulminativa e que, por isso mesmo, na maioria
dos casos, será possível reajustar o recém-desencarnado na casa orgânica, ainda
usufruível, ponto essencial para compreendermos a necessidade de abolição dos
ofícios fúnebres perfeitamente incompatíveis com o senso da perenidade da alma.
E ele mesmo, o Mestre, institui a base do cristianismo em sua própria sobrevivência,
materializando-se à frente dos seguidores, para que a certeza da imortalidade dissipe
para sempre a neblina da angústia ante a separação transitória.
A Doutrina Espírita entra no cenário do mundo, precisamente quando a investigação
científica arreda para longe todos os resíduos das superstições humanas, a fim de
mostrar que religião é sinônimo de vida eterna.
Holofote da verdade espanejando no horizonte avelhantadas teias de treva, para que o
homem contemple adiante os objetivos dos próprios destinos, o Espiritismo vem
quebrar as limitações menos dignas e romper os condicionamentos inferiores, à
maneira de processo natural de evolução, destinado a libertar o espírito na Terra para
estágios mais altos de ascensão e progresso, tais como aqueles que desfazem a casca
do ovo e desintegram o envoltório da semente, para que a ave e a planta ganhem
atividade e altura.
Reverenciamos nele o caminho da renovação pavimentado de esperança e alegria.
Doutrina Espírita é mensagem de Cristo, anunciando-nos que a felicidade de crer não
está unicamente conjugada à responsabilidade de agir, mas também ao júbilo de
criar, sentir, continuar e viver.
André Luiz/Waldo Vieira " Sol nas Almas "
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