Olá,
Não poderemos ser autênticos se não formos corajosos. Não poderemos ser originais se não lançarmos mão do destemor. Não poderemos amar se não corrermos riscos.Não poderemos pesquisar ou perceber a realidade se não fizermos uso da ousadia.
A palavra coragem vem da raiz latina cor, cordis, que significa coração (sede ou centro da alma, da inteligência e da sensibilidade). Portanto, ser corajoso significa agir utilizando um potencial que vem de dentro — a voz do coração.
Coragem não é arrogância ardilosa, determinação astuta ou agressividade. Ela é, na realidade, a certeza íntima que se demonstra na moderação dos atos e atitudes, na firmeza de caráter e no desempenho perseverante de uma atividade.
É necessário coragem para assumir as consequências de nossas ações e desacertos; para suportar a vontade de retrucar de acordo com as ofensas recebidas; para sentir e fazer as coisas que acreditamos serem certas para nós, ainda que o medo da rejeição e da discriminação nos ameace; para aprender a dizer "não", impedindo que passemos a vida inteira sendo usados ou explorados; para ver as coisas pelo lado bom, esperando sempre uma solução favorável; para não aceitar responsabilidades que não são nossas, mas de amigos ou parentes imprudentes que se omitem em executá-las.
A criatura realmente corajosa sabe que viver é correr riscos, é enfrentar o desconhecido. Ela solta o passado e deixa o futuro vir a ser. O futuro é uma semente de possibilidades, o passado ficou para trás; devemos deixá-lo passar. O presente nada mais é do que um deslocamento em direção ao futuro. A todo instante o presente está se tornando futuro e o passado indo embora.
Todos nós estamos constantemente enfrentando coisas ignoradas, desconhecidas.
Correr riscos indica a probabilidade de insucesso em função de ocorrências que, muitas vezes, escapam de nossas mãos, pois não dependem exclusivamente de nosso empenho ou vontade.
" O uso dos bens da terra é um direito para todos os homens (...) Esse direito é a consequência da necessidade de viver (...)"
Ao utilizarmos os "bens da terra" nos sentiremos temerosos e vacilantes diante dos riscos da vida, mas esses perigos são muito valiosos para que possamos amadurecer. Lembremo-nos de que errar faz parte do crescimento, pois é uma "consequência da necessidade de viver".
Sempre que tomamos consciência de nossos erros, chegamos mais perto da verdade. Trata-se de uma busca ou descoberta pessoal; ninguém pode fazê-la por nós.
Os "bens da terra", aqui citados pelos Espíritos Amigos, também são os "bens éticos" - conjunto de princípios ou valores universais de uma sociedade referentes à vida, à dignidade das pessoas e ao aprimoramento de uma coletividade.
Ao lançarmos mão dos "bens éticos", podemos, de início, não saber usá-los convenientemente, mas necessitamos de coragem, autonomia e firmeza de espírito para vivenciá-los, e não buscar de modo desesperado o consenso ou aprovação das pessoas.
É impossível passar pela vida sem incorrer em grandes doses de desaprovação.
É o ônus que pagamos pelo fato de vivermos numa sociedade onde a diversidade de opiniões é uma das características mais marcantes das criaturas.
Os grandes missionários da história nos ensinam que não se pode agradar a todos e que precisamos ser livres das opiniões alheias.
Usar a própria alma como guia e não precisar do consentimento exterior é utilização correta da verdadeira coragem - postura psicológica que nos plenifica, em qualquer nível, nas pretendidas realizações pessoais.
Não poderemos ser autênticos se não formos corajosos.
Não poderemos ser originais se não lançarmos mão do destemor.
Não poderemos amar se não corrermos riscos.
Não poderemos pesquisar ou perceber a realidade se não fizermos uso da ousadia.
A coragem é uma qualidade interior que vem em primeiro lugar; tudo o mais acontece sucessivamente.
Um olhar cuidadoso na vida de Jesus irá revelar a criatura extremamente corajosa, que pregou a tenacidade diante de situações emocional ou moralmente difíceis e que não teve medo de enfrentar a desaprovação.
No entanto, muitos dos seus seguidores distorceram seus ensinos, transformando-os no catecismo da culpa, do temor e da submissão.
O Mestre de Nazaré sempre se conduziu com base em sua consciência pessoal, em sua integração com a Divindade e nas leis naturais, e não porque alguém ditou a maneira que ele deveria pensar ou se comportar.
O Cristo de Deus era dirigido por razões interiores que, literalmente, nada tinham a ver com o fato de que alguém possa ter gostado ou não do que Ele tivesse dito ou feito. Sempre considerou os mandamentos de Moisés, porém sabia que tudo que é escrito e traduzido ao pé da letra, bem como tudo que é relatado de forma oral, quer dizer, passado de geração a geração, se reveste através dos séculos de uma atmosfera simbólica ou mítica.
"Não penseis que vim revogar a Lei e os Profetas. Não vim revogá-los, mas dar-lhes pleno cumprimento (...)."2
A atitude de "dar cumprimento", aqui proclamada, estava recoberta de nobreza corajosa para a execução, realização e desenvolvimento de algo propício para a atualização do aperfeiçoamento moral da humanidade.
Jesus não receava correr riscos, porque seus valores não eram locais; em outras palavras, não eram analisados sob a luz de um enfoque particular e geográfico. O Mestre via a si mesmo como pertencente à vida universal; transcendia as fronteiras tradicionalistas - família, raça, cidade, estado ou país. Aliás, a coragem dos renovadores é geralmente rotulada, pela mediocridade ou incompreensão da humanidade, de rebeldia, desobediência e perturbação dos valores preestabelecidos ou convencionais.
1 Questão 711 O uso dos bens da terra é um direito para todos os homens?
"Esse direito é a conseqüência da necessidade de viver. Deus não pode ter imposto um dever sem haver dado os meios de o satisfazer."
2Mateus, 5:17
Hammed/Francisco do E.S.Neto " Prazeres da Alma "
Deixe seu comenntário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário