Olá,
Meditando estrada afora,
Perceberás com clareza
Que a vida fulge ensinando
No livro da Natureza.
Por sugestão de fé viva
Ante a aflição que te invade,
Recorda a força tranquila
Do ninho na tempestade.
Estendendo amparo a todos
No culto da Lei Divina,
A árvore não devora
Os frutos que dissemina.
Repara o incêndio no campo
Que a tudo atinge e consome...
A ambição é como fogo
Que morre de gula e fome.
Não censures nem condenes.
Melhora a feição da estrada.
O pão alvo nasce puro
Da lama regenerada.
Resguarda-te a paciência
Se a dor te parece um mal.
Contempla a rosa florindo
Na ponta do espinheiral.
Evita a lamentação.
A mágoa que chega e fica
Traz a queixa que parece
A praga da tiririca.
Por lição de lealdade
A rota em que persevera,
A andorinha brilha sempre
Nas luzes da primavera.
Mostrando que o bem é gloria
Na mais humilde expressão,
O esgoto na moradia
É a caridade no chão.
Toda pessoa ociosa
Cuja vida é sombra e nada
Tem o perigo iminente
Do poço de água parada.
Serve a Deus em teu lugar.
Pouco faz quem muito ousa.
A galinha mito andeja
Tenta o bote da raposa.
Há quem traga insulto à fonte,
Mas a fonte segue e vence-o,
Por receber todo insulto
Em melodia ou silencio.
Escutando a alma das coisas,
No dever de cada dia,
Entenderás pouco a pouco,
A Eterna Sabedoria.
Casimiro Cunha/Francisco C. Xavier " Através do Tempo"
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