segunda-feira, 24 de setembro de 2012

ADOLESCÊNCIA-- PREVENÇÃO DE DROGAS NA ESCOLA II

Olá,

 Cabe à escola organizar um projeto coletivo e um espaço para o jovem falar e ouvir seus colegas falarem de si e de suas vidas.
A prevenção de drogas passa por três níveis:

* Prevenção Primária: acontece antes que surja o problema da droga, é caminho fértil para a família e escola.


Supõe um diálogo aberto; um exemplo, a presença de modelos identificatórios positivos; atividades prazerosas (musicais, literárias, sociais, esportivas, artísticas, etc); estímulo à auto-estima (elogios sinceros, crença na pessoa, etc); estímulo à crítica; treino das habilidades para lidar com frustrações, fracassos e ansiedades; espaço e treino para lidar com "figura de autoridade".

* Prevenção Secundária: ocorre quando já começa a surgir o consumo de drogas, é uma etapa difícil para a família que, muitas vezes, não quer enxergar e para a escola, que fica sozinha e se sente impotente.
A única saída é enfrentar corajosamente a situação, buscar auxílio de pessoas especializadas, oferecer ajuda concreta, evitando emitir juízos de valor e agindo com coerência e bom senso. A escola deve abrir-se ao diálogo, marcar reuniões periódicas para discutirem todos os assuntos e esperar o momento próprio de chamar a família, com o consentimento do jovem.

Procurar junto com o jovem o que está por trás desse comportamento e compreender as dificuldades pessoais e, com muito tato, sensibilizá-lo a procurar uma terapia. Respeitar o aluno, ouvir suas opiniões e conversar com argumentos lógicos e coerentes é tarefa do professor. Nesta fase, procura-se aproveitar os professores "líderes" para colaborarem nesta abordagem com o jovem.

* Prevenção Terciária: ocorre quando já chegou à dependência de drogas, implica em incentivar os usuários a procurar uma terapia adequada, contar com pessoas que são da sua confiança para convencê-lo a encontrar ajuda especializada; incentivar o diálogo com a família; acreditar que ele é recuperável; colaborar na reintegração social com oferecimentos de alternativas de lazer, arte, esporte e profissão.
Significa também denunciar os eventuais traficantes e no caso de alunos traficantes, comunicar às famílias. Tiba (1994, p.59), em resposta a uma questão sobre a maneira como a escola pode ajudar no problema das drogas, também confirma os aspectos primordiais que defendemos num programa de prevenção nas escolas:

 "Seria ideal que a escola complementasse essa filosofia de vida familiar e acrescentasse em seu currículo programas que também preparassem seus alunos para enfrentar não só a droga, mas a vida como um todo. No entanto, muitos professores nem conhecem a realidade científica e psicológica das drogas, seus efeitos e suas consequências. É frequente não saberem nem identificar um usuário de drogas e, se identificam, não sabem o que fazer com tal descoberta, por isso, as diretorias das escolas preferem negar as drogas em seus estabelecimentos.

Mas já não é possível "tapar o sol com a peneira". As drogas existem, e imaginar que apenas os "outros" as usam só facilita sua propagação". Tiba atribui à escola toda a sua responsabilidade. Enfatiza a necessidade dos professores se prepararem para a convivência diária, realizar a prevenção primária, transmitindo uma postura de vida, evitando palestras gigantescas com grande público.
 Faz-se mister desmistificar o assunto, adotar atitude de compreensão do fenômeno e estar atento para detectar quando seu aluno inicia o uso, já que a família, no seu envolvimento emocional, vive a "cegueira psíquica" e não quer enxergar. A escola tem mais condições de detectar as alterações do comportamento do aluno e agir com coerência e bom senso, sem atitudes levianas e sem cometer injustiças, como querer responsabilizar a droga por tudo que aconteça. O autor acima citado conclui com uma postura com a qual concordamos:
"Não compete à escola o tratamento contra drogas, mas sim o encaminhamento adequado do caso. Essas situações são muito complicadas, e quanto mais pessoas estiverem envolvidas, maior a confusão. Entretanto, mil vezes preferível a confusão à covarde omissão. Se a escola não tomar nenhuma atitude, todos perdem: a família, a escola, o aluno e a sociedade. Vence a droga, que assim ultrapassa a terceira barreira, aquela que poderia conter a destruição da pessoa pelo vício. A segunda foi a família, e a primeira, o usuário. Por isso, a escola tem de ser clara e honestamente firme."

O grande dilema da escola está na sua forma de atuar. Nossa experiência prática tem constatado que, em geral, o profissional se vê despreparado para atuar na prevenção. Às vezes, participa de cursos, mas não viabiliza sua prática e se sente impotente para se adaptar à sua realidade. Muitas vezes, está solitário dentro de sua escola, sua preocupação não atinge a direção nem a equipe escolar.
Outras vezes, sente-se aterrorizado, recusa-se a pensar no tema, por sentir dificuldade pessoal de lidar com o assunto. Ou ainda, usa recreativamente a droga e teme se comprometer. Com estas e tantas outras dificuldades, a escola se omite, adiando a sua atuação.

A prevenção de drogas nas escolas é uma decisão política e conjunta. Prevenir drogas é, antes de mais nada, falar de educação de filhos, de adolescência, de relação social e convivência afetiva. Um projeto de prevenção nas escolas aborda um contexto amplo de valorização da vida e inclui programas: culturais, de consciência ecológica e de educação afetiva.

Continua na próxima postagem.

Livro:

A PREVENÇÃO DE DROGAS À LUZ DA CIÊNCIA E DA DOUTRINA ESPÍRITA

REFLEXÕES PARA JOVENS E EDUCADORES

Rosa Maria Silvestre Santos

Pedagoga, psicopedagoga, psicodramatista, consultora de prevenção às drogas, co-dirigente do curso "Escolinha" de Pais.


Deixe seu comentário

Nenhum comentário:

Postar um comentário