Olá,
Cabe à escola organizar um projeto
coletivo e um espaço para o jovem falar e ouvir seus colegas falarem de
si e de suas vidas.
A prevenção de drogas passa por três níveis:
* Prevenção Primária: acontece antes que surja o problema da
droga, é caminho fértil para a família e escola.
Supõe um diálogo aberto;
um exemplo, a presença de modelos identificatórios positivos; atividades
prazerosas (musicais, literárias, sociais, esportivas, artísticas, etc);
estímulo à auto-estima (elogios sinceros, crença na pessoa, etc);
estímulo à crítica; treino das habilidades para lidar com frustrações,
fracassos e ansiedades; espaço e treino para lidar com "figura de
autoridade".
* Prevenção Secundária: ocorre quando já começa a surgir o
consumo de drogas, é uma etapa difícil para a família que, muitas vezes,
não quer enxergar e para a escola, que fica sozinha e se sente
impotente.
A única saída é enfrentar corajosamente a situação, buscar
auxílio de pessoas especializadas, oferecer ajuda concreta, evitando
emitir juízos de valor e agindo com coerência e bom senso. A escola
deve abrir-se ao diálogo, marcar reuniões periódicas para discutirem
todos os assuntos e esperar o momento próprio de chamar a família,
com o consentimento do jovem.
Procurar junto com o jovem o que está
por trás desse comportamento e compreender as dificuldades pessoais
e, com muito tato, sensibilizá-lo a procurar uma terapia. Respeitar o
aluno, ouvir suas opiniões e conversar com argumentos lógicos e
coerentes é tarefa do professor. Nesta fase, procura-se aproveitar os
professores "líderes" para colaborarem nesta abordagem com o jovem.
* Prevenção Terciária: ocorre quando já chegou à dependência de
drogas, implica em incentivar os usuários a procurar uma terapia
adequada, contar com pessoas que são da sua confiança para
convencê-lo a encontrar ajuda especializada; incentivar o diálogo com a
família; acreditar que ele é recuperável; colaborar na reintegração social
com oferecimentos de alternativas de lazer, arte, esporte e profissão.
Significa também denunciar os eventuais traficantes e no caso de alunos
traficantes, comunicar às famílias.
Tiba (1994, p.59), em resposta a uma questão sobre a maneira como
a escola pode ajudar no problema das drogas, também confirma os
aspectos primordiais que defendemos num programa de prevenção nas
escolas:
"Seria ideal que a escola complementasse essa filosofia de vida
familiar e acrescentasse em seu currículo programas que também
preparassem seus alunos para enfrentar não só a droga, mas a vida
como um todo. No entanto, muitos professores nem conhecem a
realidade científica e psicológica das drogas, seus efeitos e suas
consequências. É frequente não saberem nem identificar um usuário de
drogas e, se identificam, não sabem o que fazer com tal descoberta, por
isso, as diretorias das escolas preferem negar as drogas em seus
estabelecimentos.
Mas já não é possível "tapar o sol com a peneira". As
drogas existem, e imaginar que apenas os "outros" as usam só facilita
sua propagação".
Tiba atribui à escola toda a sua responsabilidade. Enfatiza a
necessidade dos professores se prepararem para a convivência diária,
realizar a prevenção primária, transmitindo uma postura de vida, evitando
palestras gigantescas com grande público.
Faz-se mister desmistificar o
assunto, adotar atitude de compreensão do fenômeno e estar atento para
detectar quando seu aluno inicia o uso, já que a família, no seu
envolvimento emocional, vive a "cegueira psíquica" e não quer enxergar.
A escola tem mais condições de detectar as alterações do
comportamento do aluno e agir com coerência e bom senso, sem
atitudes levianas e sem cometer injustiças, como querer responsabilizar
a droga por tudo que aconteça.
O autor acima citado conclui com uma postura com a qual
concordamos:
"Não compete à escola o tratamento contra drogas, mas
sim o encaminhamento adequado do caso. Essas situações são muito
complicadas, e quanto mais pessoas estiverem envolvidas, maior a
confusão. Entretanto, mil vezes preferível a confusão à covarde omissão.
Se a escola não tomar nenhuma atitude, todos perdem: a família, a
escola, o aluno e a sociedade. Vence a droga, que assim ultrapassa a
terceira barreira, aquela que poderia conter a destruição da pessoa pelo
vício. A segunda foi a família, e a primeira, o usuário. Por isso, a escola
tem de ser clara e honestamente firme."
O grande dilema da escola está na sua forma de atuar. Nossa
experiência prática tem constatado que, em geral, o profissional se vê
despreparado para atuar na prevenção. Às vezes, participa de cursos,
mas não viabiliza sua prática e se sente impotente para se adaptar à sua
realidade. Muitas vezes, está solitário dentro de sua escola, sua
preocupação não atinge a direção nem a equipe escolar.
Outras vezes,
sente-se aterrorizado, recusa-se a pensar no tema, por sentir dificuldade
pessoal de lidar com o assunto. Ou ainda, usa recreativamente a droga e
teme se comprometer. Com estas e tantas outras dificuldades, a escola
se omite, adiando a sua atuação.
A prevenção de drogas nas escolas é uma decisão política e conjunta.
Prevenir drogas é, antes de mais nada, falar de educação de filhos, de
adolescência, de relação social e convivência afetiva.
Um projeto de prevenção nas escolas aborda um contexto amplo de
valorização da vida e inclui programas: culturais, de consciência
ecológica e de educação afetiva.
Continua na próxima postagem.
Livro:
A PREVENÇÃO DE DROGAS
À LUZ DA CIÊNCIA E DA DOUTRINA ESPÍRITA
REFLEXÕES PARA JOVENS E EDUCADORES
Rosa Maria Silvestre Santos
Pedagoga, psicopedagoga, psicodramatista, consultora de prevenção às drogas, co-dirigente do curso "Escolinha" de Pais.
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