Olá,
A parábola realmente não diz que só foi chamado o segundo depois de o primeiro não ter ido. Ao contrário,
parece que se dirigiu a um e depois, sem esperar o resultado, dirigiu-se ao outro. Pode até compreender-
se melhor , seguindo a lição apresentada pelo maior número de testemunhas: uma vez que o
primeiro havia dito NÃO, o pai vai ao segundo e o convoca ao trabalho na vinha. Logo, as razões diplomáticas,
neste caso, deixariam de existir, cedendo lugar a razões lógicas.
Entretanto, e como à lição não importa muito a ordem dos fatores, mantivemos em nossa tradução a
ordem do maior número, seguindo Aland (ed. 1968). O essencial é sentir a oposição entre o que diz
SIM e não faz, e o que diz NÃO e faz.
Note-se que no vers. 30, as traduções correntes trazem: "irei, senhor", e nós traduzimos apenas: "Eu,
senhor"! Assim está no original, quase unanimente (1). Pode interpretar-se como omitido o verbo
"irei"; o egô, entretanto, não pode ser substituto de "sim". Não poderíamos, observar, que essa resposta
já significava certa má vontade, como seja: "logo eu"!?
Não podendo ter certeza absoluta do sentido,
mantivemos a tradução literal: "Eu, senhor".
(1) Só trazem hypágô, "vou", os códices theta (séc. IX), 700 e 1216 (séc. XI); a fam. 13 (séc. XI); o
lecionário 547 (séc. XIII); e as versões copta saídica (séc. III, mas de leitura duvidosa), armênia
(séc. IV-V) e geórgias 1 e 2 (séc. IX-X). Como vemos, emendas recentes ou interpretações em línguas
diferentes.
Depois de narrada a parábola, vem a pergunta sutil: "Qual dos dois fez a vontade do pai"?
Os fariseus, que tantas vezes haviam feito perguntas cuja resposta esperavam embaraçasse e prendesse
Jesus em armadilha - das quais, porém, Ele sempre se saiu galhardamente - desta vez não perceberam a
emboscada que lhes armara Jesus e caíram redondamente.
O Rabbi Nazareno não os poupa e, aproveitando
a própria resposta, volta-se contra eles, que são os que não fazem a vontade do pai, embora
digam SIM com a boca, hipocritamente.
Logo a seguir, Jesus cita o que ocorreu com o Batista.
Quando este chegou, aqueles que haviam dito
SIM a Moisés, não atenderam à "voz que clamava no deserto"; enquanto isso, os exatores de impostos
e as prostitutas que tinham dito NÃO à lei mosaica, atenderam à pregação joanina e mudaram seu
comportamento. E nem sequer diante desse exemplo os fariseus abriram os olhos ... E nem souberam
responder, na véspera, se o mergulho do Batista era do "céu" ou dos homens ...
Continua na próxima postagem.
SABEDORIA DO EVANGELHO - CARLOS TORRES PASTORINO.
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