domingo, 27 de outubro de 2013

1865, p. 66:

Olá,
“As idéias do homem são em razão do que ele sabe; como em todas as descobertas importantes, a da construção dos mundos deveu dar-lhes um outro curso. Sob o império desses novos conhecimentos, as crenças devem se modificar; o céu foi transferido. A região das estrelas sendo sem limites não pode mais lhe servir. Onde ele está? Diante desta questão, todas as religiões permanecem mudas.
 O Espiritismo vem resolvê-la demonstrando o verdadeiro destino do homem. A natureza deste último e os atributos



 de Deus sendo tomados por ponto de partida, se chega à conclusão. O homem é composto do corpo e do Espírito. O Espírito é o ser principal, o ser da razão, o ser inteligente; o corpo é o envelope material que reveste temporariamente o Espírito para o cumprimento de sua missão sobre a Terra e a execução do trabalho necessário ao seu avanço. O corpo usado se destrói e o Espírito sobrevive a essa destruição. Sem o Espírito, o corpo não é senão uma matéria inerte, como um instrumento privado do braço que o faz agir; no corpo, o Espírito é tudo: a vida e a inteligência. Deixando o corpo, ele reentra no mundo espiritual de onde tinha saído para se encarnar.
Há então o mundo corpóreo, composto dos Espíritos encarnados, e o mundo espiritual, formado dos Espíritos desencarnados. Os Espíritos são criados simples e ignorantes, mas com a aptidão de tudo adquirir e a progredir em virtude de seu livrearbítrio.
 Pelo progresso, adquirem novos conhecimentos, novas faculdades, novas percepções e, em consequência, novos gozos desconhecidos aos Espíritos inferiores; eles vêem, ouvem, sentem e compreendem o que os Espíritos atrasados não podem nem ver, nem ouvir, nem sentir, nem compreender.
 A felicidade está em razão do progresso alcançado; de sorte que, de dois Espíritos, um pode não estar tão feliz quanto o outro, unicamente porque não é tão avançado intelectualmente e moralmente, sem que tenham necessidade de estar cada um num lugar distinto. Ainda que estando ao lado um do outro, um pode estar nas trevas, ao passo que tudo é resplendente ao redor do outro, absolutamente como para um cego e um vidente que se dão a mão; um percebe a luz, que não causa nenhuma impressão sobre seu vizinho.
A felicidade dos Espíritos sendo inerente às qualidades que possuem, eles a haurem por toda parte onde se encontrem, na superfície da Terra, no meio dos encarnados ou no espaço.”

 ALLAN KARDEC

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