domingo, 22 de setembro de 2019

Cotidiano - Solidariedade; Comunhão Universal II

Olá,

 Na lenta ascensão que conduz o ser para Deus, o que buscamos antes de tudo, é a felicidade, a ventura. Entretanto, no seu estado de ignorância, o homem não saberia atingir esses bens, pois ele os procura quase sempre onde eles não estão, na região das miragens e das quimeras, e isso por meio de processos cuja falsidade não lhe aparece senão após muitas decepções e sofrimentos.
 São esses sofrimentos que nos esclarecem; nossas dores são lições austeras; elas nos ensinam que a verdadeira felicidade não está nas coisas da matéria, passageiras e mutáveis, mas na perfeição moral. Nossos erros e nossas faltas repetidas, as fatais consequências que arrastam, terminam por
nos dar a experiência, e esta nos conduz à sabedoria, quer dizer, ao conhecimento inato, à intuição da verdade.
Tendo chegado a esse terreno sólido, o homem sentirá o laço que o une a Deus e ele avançará com um passo mais seguro, de etapas em etapas, para a grande luz que não se apaga jamais.
Todos os seres estão ligados uns aos outros e se influenciam reciprocamente.
 O Universo inteiro está submetido à lei da solidariedade. Assim, na escala da vida, todas as almas estão unidas por relações múltiplas. A solidariedade que as une está fundamentada na identidade de sua natureza, na igualdade de seus sofrimentos através dos tempos, na similitude de seus destinos e de seus fins.
Como os astros dos céus, todas essas almas se atraem. A matéria exerce sobre o espírito seus poderes misteriosos.
 A alma humana sente todas as atrações da vida inferior; ao mesmo tempo, percebe o apelo da vida elevada. Nessa laboriosa e penosa evolução que arrasta os seres, há um fato consolador sobre o qual é bom insistir: é que em todos os graus de sua ascensão, a alma é atraída, auxiliada, socorrida pelas Entidades Superiores.
Todos os espíritos em marcha são ajudados pelos seus irmãos mais adiantados e devem auxiliar, por sua vez, aqueles que estão colocados abaixo deles.
Cada individualidade forma como um anel da grande corrente dos seres.
 A solidariedade que os une pode bem restringir um pouco a liberdade de cada um deles, mas se essa liberdade é limitada em extensão, ela não o é em intensidade. Por mais limitada que seja a ação do anel, um só de seus impulsos pode agitar toda a corrente.
É uma coisa maravilhosa essa fecundação constante do mundo inferior pelo mundo superior. Daí vem todas as intuições geniais, as inspirações profundas, as revelações grandiosas.
 Em todos os tempos, o pensamento elevado irradiou no cérebro humano. Deus, na sua equidade, não recusou seu socorro nem sua luz a nenhuma raça, a nenhum povo.
Enviou a todos guias, missionários, profetas. A verdade é uma e eterna; penetra na Humanidade através de irradiações sucessivas, à medida que nosso entendimento se torna mais apto para assimilá-la.
Cada nova revelação é uma continuação da antiga. Aí está o caráter do Espiritualismo Moderno, que traz um ensinamento, um conhecimento mais completo do papel do ser humano, uma revelação dos poderes nele ocultos e também de suas relações íntimas com o pensamento superior e divino.
O homem, espírito encarnado, esquecera seu verdadeiro papel. Sepultado na matéria, ele perdia de vista os grandes horizontes de seu destino; ele desdenhava os meios de desenvolver seus recursos latentes, de se tornar mais feliz, tornando-se melhor.
 A nova revelação vem lembrar-lhe todas essas coisas. Ela vem sacudir as almas adormecidas, estimular sua marcha, provocar sua elevação. Ela clareia os recantos obscuros de nosso ser, nos fala de nossas origens e de nossos fins, explica-nos o passado pelo presente e nos abre um porvir que estamos livres para fazer grande ou miserável, conforme nossos atos.

Leon Denis       " O grande Enigma "

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