quinta-feira, 12 de junho de 2014

Cotidiano - O CRISTO ESTÁ NO LEME

Olá,

A reunião da noite de 2 de junho de 1955 reservou-nos grande surpresa.
Intuitivamente assinalamos que o nosso Grupo estava sendo visitado por mensageiro espiritual de elevada hierarquia.
E não nos enganávamos.
Colocando-se de pé, o instrutor passou à palavra.
Dicção educada. Voz clara e bela.
Em sucinto estudo, exalça a figura excelsa de Jesus, à frente do Espiritismo.
Na saudação final, identifica-se. Tínhamos conosco a presença de Bittencourt Sampaio, cuja sublime envergadura espiritual escapa à exiguidade de nossa conceituação.
Despede-se o orientador e encerramos a reunião.

Movimentamo-nos para estudar a mensagem, ouvindo-a, de novo; no entanto, com o maior desapontamento, notamos que a gravadora não funcionara.
Perdêramos a palavra do grande Instrutor.
Comentando a alocução ouvida, a maior parte dos companheiros afasta-se do recinto.
Nós, porém, um conjunto de seis amigos, permanecemos na sede do Grupo mais tempo, examinando a máquina e lamentando o acontecido.
Uma hora decorrera sobre o encerramento de nossas tarefas e preparávamos a retirada, quando o médium anunciou estar ouvindo de nosso amigo espiritual José Xavier o seguinte aviso: 
— “Não se preocupem. Meimei e eu gravamos a palavra do benfeitor que esteve entre nós, de passagem. Reúnam-se em silêncio e o médium poderá ouvi-la de nossa máquina, fixando-a no papel.”
Sentamo-nos ao redor da mesa, com o material de escrita indispensável.
Depois de nossa prece, o Chico esclarece estar vendo uma pequena gravadora junto de nós, manejada pelos amigos espirituais e, dizendo escutar a mensagem, põe-se a escrever moderadamente, evidenciando a audição em curso.
Entretanto, o médium escreve e faz a pontuação, ao mesmo tempo.
Ajudando-o a segurar o papel, conjeturamos mentalmente: — “Ora, se o Chico está ouvindo a mensagem gravada, como pode fazer a pontuação? Estamos diante de um ditado ou de psicografia comum?”
No instante exato em que formulamos a indagação em pensamento, sem externá-la, o médium interrompe a grafia por momentos e explica-nos:
— “Meu amigo, o José (1) recomenda-me informar a você que, enquanto Meimei está comandando a gravadora, ele está ditando a pontuação para melhor segurança do nosso serviço.”
Extremamente surpreendido, guardamos o esclarecimento.
Terminada a escrita, o médium leu quanto ouvira.

Notamos com admiração que o papel apresentava a mensagem que ouviramos de Bittencourt Sampaio.
Relatada a ocorrência que julgamos seja nossa obrigação consignar nos apontamentos sob a nossa responsabilidade, para os estudiosos sinceros de nossa Doutrina, passamos à comunicação do venerável orientador.

Meus amigos, que o amparo de Nossa Mãe Santíssima nos agasalhe e ilumine os corações. Cristo, no centro da edificação espírita, é o tema básico para quantos esposaram em nossa Doutrina o ideal de uma vida mais pura e mais ampla.
Confrange a quantos já descerraram os olhos para a verdade eterna, além da morte, o culto da irresponsabilidade a que muitos de nossos companheiros se devotam, seja na dúvida sistemática ou na acomodação com os processos inferiores da experiência humana, quando o Espiritismo traduz retorno ao Cristianismo puro e atuante, presidindo à renovação da Terra.
 Com todo o nosso respeito à pesquisa enobrecedora, cremos seja agora obsoleta qualquer indagação acerca da sobrevivência da alma por parte daqueles que já receberam o conhecimento doutrinário, porque semelhante conhecimento é precisamente o seio sagrado de nossos compromissos diante do Senhor.
Há mais de dez milênios, nos templos do Alto Egito e da antiga Etiópia, os fenômenos mediúnicos eram simples e correntios; entre assírios e caldeus de épocas remotíssimas, praticava-se a desobsessão com alicerces no esclarecimento dos Espíritos infelizes; precedendo a antiguidade clássica, Zoroastro, na Pérsia, recebia a visitação de mensageiros celestiais e, também antes da era cristã, na velha China, a mediunidade era desenvolvida com a colaboração da música e da prece.
Mas, o intercâmbio com os desencarnados, excetuando-se os elevados ensinamentos nos santuários iniciáticos, guardava a função oracular do magismo, entremeando-se nos problemas corriqueiros da vida material, fosse entre guerreiros e filósofos, mulheres e comerciantes, senhores e escravos, nobres e plebeus.
É que a mente do povo em Tebas e Babilônia, Persépolis e Nanquim, não contava com o esplendor da Estrela Magna — Nosso Senhor Jesus-Cristo —, cujo reino de amor vem sendo levantado entre os homens.
Na atualidade, porém, o Evangelho brilha na cultura mundial, ao alcance de todas as consciências, cabendo-nos simplesmente o dever de anexá-lo à própria vida.
Espíritas! Com Allan Kardec, retomastes o facho resplendente da Boa-Nova, que jazia eclipsado nas sombras da Idade Média!
Compreendamos nossa missão de obreiros da luz, cooperando com o Senhor na construção do mundo novo!...
Não ignorais que a civilização de hoje é um grande barco sob a tempestade... Mas, enquanto mastros tombam oscilantes e estalam vigas mestras, aos gritos da equipagem desarvorada, ante a metralha que incendeia a noite moral do mundo, Cristo está no leme!
Servindo-o, pois, infatigavelmente, repitamos, confortados e felizes:
Cristo ontem, Cristo hoje, Crísto amanhã!...
Louvado seja o Cristo de Deus!

Bittencourt Sampaio/Francisco C. Xavier                     Instruções Psicofônicas  
    
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