sexta-feira, 6 de junho de 2014

Cotidiano - OS FILHOS

Olá,

Na constelação familiar, a prole é de relevante significação, sem a qual frustra-se a união dos parceiros, diminuindo a intensidade do afeto e da alegria da comunhão constante.
O lar. é, essencialmente, o grupo consanguíneo que estrutura a continuidade do clã por determinação divina, organizando a sociedade humana em bases de amor e de progresso ético-moral-intelectual, graças ao qual o espírito alcança a plenitude.
Constituindo verdadeira provação a ausência de filhos biológicos, quase sempre termina pelo surgimento de mágoas e de inquietações que culminam na dissolução dos vínculos afetivos em forma de separação do casal.

Faz parte da natureza animal e particularmente humana o fenômeno procriativo, por cujo meio as heranças genéticas proporcionam a continuidade da família e a alegria dos pais, realizados emocional e espiritualmente com o sucesso do empreendimento afetivo, conjugando esforços para a harmonia doméstica.
Exceto quando o egoísmo calculista opta pela ausência dos filhos na união dos indivíduos, que procuram somente desfrutar do prazer da convivência e do relacionamento sem a responsabilidade da reprodução, toda união sexual deve pautar-se na expectativa de gerar descendentes.
Naturalmente que, uma programação familiar objetivando o equilíbrio e a educação dos filhos, constitui um compromisso saudável e dignificante, considerando-se que toda convivência que não se renova na estrutura emocional em que se apóia, culmina pelo tédio, pela perda dos estímulos e pela ausência de motivações para manter-se em clima de harmonia.
Quando assim não sucede, o vazio existencial que advém da convivência com o mesmo parceiro, por imaturidade psicológica e pela falta de educação dos hábitos comportamentais, favorece a promiscuidade sexual mediante outras experiências fora do lar, com lamentáveis resultados emocionais, em face da insatisfação que sempre decorre da conduta irresponsável.
A prole, desse modo, proporciona a bênção da alegria defluente do prazer procriativo, através do qual o ser adquire auto confiança e responsabilidade. É certo que as exceções são muitas, o que não retira a qualidade divina da construção da sociedade melhor do futuro.
Quando os parceiros não compartem dos júbilos afetivos com os filhos ou não repartem com esses rebentos carnais a verdadeira doação de amor, terminam desviando os relevantes projetos da família para a auto-realização, cada um dos quais preocupando-se mais com as ambições e projeções do ego, buscando o outro somente para a satisfação dos sentimentos sem a amplitude emocional de o promover e felicitá-lo como deveria ser.
Desse modo, o filho constitui o fruto sazonado com que a vida contempla a parceria afetiva.
Mesmo quando nasce assinalado por limites orgânicos ou mentais, aturdido por transtornos emocionais, torna-se um anjo crucificado nos madeiros do sofrimento, necessitado de carinho, de assistência e de educação.
Ao mesmo tempo representa concessão divina para os pais que, dessa forma, se reabilitam com o amor encarcerado na cela sem paredes do resgate espiritual, erguendo-se na direção da plenitude, ao tempo em que o ajudam na ascensão a que tem direito.
Noutras vezes, quando impositivos poderosos assinalam-no com obsessão cruel, em processo de recuperação inadiável, o amor dos pais é-lhe a luz no final do túnel da aflição apontando-lhe a saída libertadora.
Se abençoado pela saúde e pela harmonia física, emocional e mental, mais amplos cuidados devem ser-lhe direcionados, afim de que a provação da beleza e do equilíbrio não se lhe transforme em desatino ou compromisso perturbador para o futuro.
A família é sempre o sublime laboratório de caldeamento de espíritos, ensejando as experiências iluminativas mais variadas no educandário terrestre.
Desafetos graves mergulham nas vestes carnais, a fim de recomeçar a experiência evolutiva, nos braços e na ternura dos seus antigos algozes ou de suas vítimas desditosas, experienciando vivências de reparação, mediante a compaixão e a ternura, que propiciam encantamento, renovação e paz.

Vezes outras, relacionamentos tumultuados que resvalam para a agressividade e a loucura, ressurgem dos vínculos biológicos em outras expressões, facultando emoções diferentes e aprendizados afetivos especiais que se consubstanciam em sentimentos de amor pleno.
A amante desprezada ontem, retoma como filha rebelde, atormentada, ensejando ao genitor piedade e misericórdia, a fim de diluir-se-lhe o ressentimento, tanto quanto o filho ingrato e grosseiro é o pai de experiência anterior espoliado nas suas aspirações, tendo nova oportunidade de desculpar, caso não disponha de valor moral para perdoar...
Não fosse a família, e crimes hediondos que são cometidos amiúde, ocultos da consciência social, mas não da individual,ficariam difíceis de ser retificados, porque no grupamento mais complexo, os ódios ressumariam com mais facilidade, gerando terríveis episódios de vingança e de insensatez que mais complicariam os processos reparadores.
No seio da família, em razão da convivência desde o berço, dos vínculos biológicos, mais fácil torna-se a recuperação de uns e de outros, por impositivo da dependência dos que chegam diante daqueles que já se encontram na experiência humana, requerendo oportunidade e amparo. Nem sempre, porém, os resultados se fazem positivos, em face da gravidade do crime e dos sentimentos profundos de mágoa e rancor, exigindo novos cometimentos no futuro. No entanto, abrem-se perspectivas melhores de entendimento e de auxílio recíproco.
É impositivo da legislação divina que o amor se expresse de variada maneira na sua essência sublime e não apenas em formulação específica e unitária, o que ocorre desde a fraternidade, na qual a amizade patenteia-se generosa, até a afetividade profunda como genitor ou parceiro sexual.
Nada ocorre em função do acaso. Mesmo quando os encontros se dão de maneira imprevista, há impulsos condutores que transcendem à capacidade de percepção do ser humano, trabalhando em favor dos processos de crescimento moral e espiritual. .
O acaso, pode, então, ser considerado como uma lei sábia que se expressa mediante fenômenos desconhecidos, mas programados antecipadamente. Sempre funciona a afinidade vibratória que identifica os indivíduos que se encontram na mesma faixa de pensamento e de evolução, unindo-os e reunindo-os conforme as necessidades da evolução.
As diversas experiências, mediante os vínculos consangüíneos, inicialmente até espraiar-se na identificação afetiva, na condição de pessoas não vinculadas biologicamente que se unem para a organização doméstica, irão organizar a célula básica da vida social, que é sempre a família, cada vez mais feliz, conforme os resultados das contínuas ligações afetivas.
Assim considerando, os filhos devem aos pais, mesmo quando estes não conseguem desincumbir-se de maneira feliz do compromisso abraçado, gratidão e respeito pela oportunidade abençoada do renascimento no corpo físico, no lar de que necessitam para evoluir.
Trabalhando o próprio caráter e aprimorando-o, cumpre-lhes manter obediência e atenção, de modo a desenvolver os valores elevados do sentimento e da razão.
Ao mesmo tempo, compreender as circunstâncias em que a família se apresenta, de modo a credenciar-se ao amadurecimento psicológico próprio para a conquista da harmonia pessoal.
Quando o lar é tranqüilo e bem estruturado, torna-se 11 ma universidade de complexas disciplinas evolutivas, facultando o engrandecimento do espírito em relação à sociedade na qual se encontra.
A convivência entre filhos e pais é recurso psicoterapêutico valioso, trabalhando o inconsciente de ambos, de maneira a serem superadas as reminiscências negativas que possam ressumar, programando a reconciliação e o bem-estar através do amor incessante, delineador da felicidade tio grupo.
Compreende-se que, nem sempre, os resultados são ótimos, no entanto, em qualquer circunstância fazem-se experiências iluminativas que são logradas pela repetição e pelo sofrimento que decorre da rebeldia ou da indiferença pela afetividade.
Somente no relacionamento doméstico é possível a preparação para a fraternidade generalizada, desde que, no grupamento familiar, de menor dimensão, onde todos se conhecem e se podem desculpar com mais facilidade, são trabalhados os sentimentos e superadas as exigências do ego, dando lugar aos interesses gerais que farão bem igualmente a cada indivíduo.
As leis de afinidade, portanto, propiciam os encontros, os reencontros e os desencontros, no santuário da família, conforme os estágios evolutivos e os níveis de consciência dos membros do clã.
Ser filho é uma oportunidade de aprendizagem para tornar-se genitor.
Não sabendo conduzir-se na condição de submissão e obediência, dificilmente saberá orientar e fazer-se compreender.
Enquanto os pais têm graves responsabilidades para com a prole, que não podem ser desconsideradas, aos filhos cumpre exercitar os deveres do afeto e do trabalho para o próprio desenvolvimento, assim como a preparação para o futuro, quando deverão proteger os pais idosos ou enfermos, quer deles necessitem ou não.
Os filhos de agora serão os genitores de amanhã, cabendo à reencarnação propiciar-lhes o futuro de acordo com a sementeira do presente.
Graças, portanto, ao mecanismo sábio das reencarnações, alteram-se as paisagens afetivas nos relacionamentos no lar, desenvolvendo a real fraternidade que deverá viger em todos os segmentos da sociedade.
Amar, desse modo, respeitando os pais, mesmo quando aparentemente não o mereçam, é impositivo da lei divina no processo da evolução do espírito, que os filhos não podem desconsiderar, porquanto a oportunidade do renascimento constitui verdadeira bênção da vida em favor da felicidade.
Devem os filhos ter em mente, quando descendentes de genitores negligentes ou inescrupulosos, perversos ou cruéis, que eles são mais enfermos do que maus, compreendendo que, nesse lar, é que se encontraram os mecanismos necessários à regularização do passado infeliz, agradecendo, assim mesmo, àqueles que lhes concederem a roupagem orgânica, quando poderiam tê-la negado e não o fizeram. 

Joanna de Âgellis/Divaldo P. Franco                      Constelação Familiar

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