Olá,
Os sentimentos dela se misturavam em seu peito. Não
sabia o que fazer.
Estava perturbada com algo incompreensível à
sua idade.
Chorava e se alegrava com facilidade. Não pensava
em outra coisa senão no que sentia e para quem dirigia seus
sentimentos.
Pensou em conversar com sua irmã, mas será que
ela entenderia?
Misturavam-se, dentro dela mesma, sentimentos,
pensamentos e sensações.
Seu corpo parecia um motor de uma
usina de força a trepidar expelindo faíscas.
Queria se acalmar,
mas parecia que algo internamente se mexia sem parar.
Lembrou-se
de suas aulas de química, quando o professor misturava os
elementos num pequeno tubo. Será que isso estava acontecendo
dentro de seu corpo? Por que não conseguia controlar?
Preferia
deitar-se para que tudo passasse.
Dormia mais do que precisava.
Seu sono era inquieto. Acordava várias vezes, sobressaltada, na
expectativa de que algo diferente acontecesse.
Em sua imaginação,
parecia que seus sentimentos eram pequenas bolas coloridas, que
iam por dentro de seu estômago, na direção de sua cabeça,
subindo e descendo sem parar.
Tudo aconteceu quando, numa aula na universidade, seu
colega do lado lhe tocou o braço e olhou em seus olhos,
perguntando pelos assuntos de uma prova que ocorreria na semana
seguinte.
Naquele instante, sentiu uma forte emoção, como se lhe
subisse um calor pelo corpo e uma sensação simultânea de leveza e bem estar.
Até aquele momento desconhecia tais emoções.
Nunca havia se relacionado ou namorado alguém. Sequer tinha
beijado uma pessoa. Acabara de fazer vinte e um anos e sempre
fora uma pessoa tímida e retraída. Depois daquele momento os
olhos dele não saíam de sua mente. Tinha certeza de que não
gostava dele, então por que só pensava em estar a seu lado?
Nem sabia se ele sentia alguma coisa por ela.
Achava natural que alguém se interessasse por outra pessoa.
Via casais passeando de mãos dadas e achava perfeitamente
natural, dizendo a si mesma que um dia aconteceria consigo. Suas
amigas falavam de seus relacionamentos e ela acreditava que
viveria a experiência de ter alguém ao seu lado.
Então, o que
provocara tamanha perturbação e alteração em suas emoções e
pensamentos?
Não tinha qualquer preconceito em relação a sexo,
pelo menos até aquele momento. Passou o resto do dia intranqüila
e pensativa. Rememorou sua infância, seus amigos e seus pais.
Sua vida foi examinada fase por fase naquela tarde, tentando se
entender.
Lembrou-se de um episódio na infância, que talvez tenha
ocorrido por volta dos oito anos de idade, em que brincava, com
seus primos e primas, de jogos que tinham prendas a serem pagas,
na forma de “beijocas”, sem qualquer malícia.
Lembrou-se de
que enrubescia na adolescência quando via cenas com beijos na
televisão, evitando-as disfarçadamente.
Questionou-se se não teria
sido por conta de sua educação religiosa que julgava as relações
entre masculino e feminino como erotizadas. Sim, realmente, ela
própria tinha esse tipo de idéia quando adolescente, mas deixou
de pensar dessa forma por causa de seu natural desejo de ter um
relacionamento amoroso.
No fundo ainda achava pecado certas
atitudes em relação a sexo, mesmo algumas socialmente aceitáveis.
Em seu inconsciente ainda havia censura e medo.
ALQUIMIA DO AMOR ADENÁUER NOVAES
Deixe seu comentário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário