Olá,
Há quem menospreze o corpo, alegando com isso honorificar a
alma; no entanto, isso é o mesmo que combater a escola, sob o estranho
pretexto de beneficiar o aprendiz.
Leve observação, porém, nos fará lembrar a importância da vida
física.
Diz-se, muitas vezes, que o corpo é adversário do espírito;
contudo, é no corpo que dispomos daquele bendito anestésico do
esquecimento temporário, com que a cirurgia
da vida, nos hospitais do tempo,
nos suprime as chagas morais instaladas por nós mesmos, no campo íntimo;
nele, reencontramos os desafetos de passadas reencarnações, nas teias da
consanguinidade ou nas obrigações do grupo de serviço para a quitação
necessária de nossos débitos, perante a lei que nos governa os destinos; com
ele, entesouramos, pouco a pouco, os valores da evolução e da cultura;
auxiliados por ele, perdemos os derradeiros resquícios de herança animal, que
carregamos por força da longa vivência nos reinos inferiores da Criação, a fim
de que nos elevemos aos topes da inteligência; integrados nele, é que somos
pacientemente burilados pelos instrumentos da Natureza, ante a glória
espiritual que a todos nos aguarda, no Infinito, na condição de filhos de Deus;
e, finalmente, é ainda no corpo que somos defrontados pelos grandes amores,
a começar pela abnegação dos anjos maternais da Terra, que nos presidem o
estágio no plano físico, habilitando-nos para aquisição dos mais altos títulos da
escola da experiência.
Meditemos em tudo isso e saibamos ver no corpo a harpa sublime
em que a sabedoria do Senhor nos ensina, século a século, existência a
existência e dia por dia, a bendita ciência do crescimento e da ascensão para a
Vida Imortal.
EMMANUEL
Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco
Cândido Xavier
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