Olá,
“O Espiritismo não está apenas na crença na
manifestação dos Espíritos.
O erro daqueles que o condenam é
de crer que ele não consiste senão na produção de fenômenos
estranhos, e isso porque, não se dando ao trabalho de estudá-lo,
dele não vêem senão a superfície.
Esses fenômenos não são
estranhos senão para aqueles que não lhes conhecem as causas,
mas qualquer um que os aprofunde, neles não vê senão os efeitos
de uma lei,
de uma força da natureza que não se conhecia, e que,
por isso mesmo, não são nem maravilhosos, nem sobrenaturais.
Esses fenômenos, provando a existência dos Espíritos, que não
são outros senão as almas daqueles que viveram, provam, por
consequência, a existência da alma, sua sobrevivência aos corpos,
a vida futura com todas as suas consequências morais.
A fé
no porvir, encontrando-se apoiada sobre as provas materiais, se
torna inabalável, e triunfa da incredulidade. Eis porque, quando o
Espiritismo se tiver tornado a crença de todos, não haverá mais
nem incrédulos, nem materialistas, nem ateus.
Sua missão é de
combater a incredulidade, a dúvida, a indiferença; não se dirige,
pois, àqueles que têm uma fé, e a quem essa fé satisfaz, mas
àqueles que não crêem em nada, ou que duvidam.
Ele não diz à
pessoa para abandonar a sua religião; respeita todas as crenças
quando elas são sinceras. A liberdade de consciência é a seus
olhos um direito sagrado; Se não a respeitasse, falharia em seu
primeiro princípio que é a caridade.
Neutro em todos os cultos,
ele será o lugar que os reunirá sob um mesmo pavilhão, aquele
da fraternidade universal; um dia todos se estenderão as mãos,
em lugar de se lançarem anátemas.
Os fenômenos, longe de serem a parte essencial do Espiritismo,
não são senão o acessório, um meio suscitado por Deus para
vencer a incredulidade que invade a sociedade: essa parte está,
sobretudo na aplicação de seus princípios morais.
É aí que se
reconhecem os espíritas sinceros. Os exemplos de reforma
moral, provocados pelo Espiritismo, são já bastante numerosos
para que se possa julgar os resultados que produzirá com o
tempo.
É preciso que sua potência moralizadora seja bem grande
para triunfar dos hábitos inveterados pela idade, e da leviandade
da juventude.
O efeito moralizador do Espiritismo tem então por
causa primeira o fenômeno das manifestações que têm trazido a
fé; se esses fenômenos fossem uma ilusão, como o pretendem os
incrédulos, seria preciso bendizer uma ilusão que dá ao homem a
força de vencer seus maus pendores.”
Allan Kardec
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