Olá,
7.4 — A falsidade moral dos acusadores
Continuando o episódio evangélico, o apóstolo João, ainda sem
compreender a excelsitude da indulgência, volta a perguntar:
“(...) ela pecou e fez jus à punição. Não está escrito que os homens
pagarão, ceitil por ceitil, os seus próprios erros?
O Mestre sorriu sem
se perturbar e esclareceu
— Ninguém pode contestar que ela tenha pecado; quem estará irrepreensível na face da Terra?
Há sacerdotes da lei, magistrados e
filósofos que prostituíram suas almas por mais baixo preço; contudo,
ainda não lhes vi os acusadores. A hipocrisia costuma campear
impune, enquanto se atiram pedras ao sofrimento. João, o mundo está
cheio de túmulos caiados. Deus, porém, é o Pai de Bondade Infinita
que aguarda os filhos pródigos em sua casa”. (”Boa Nova” — Irmão X / F. C. Xavier — LIÇÃO.13)
Jesus refere-se à hipocrisia, ou seja, à nossa falsidade moral, nosso
fingimento sentimental, nossas aparências de virtudes, nosso rigor com as faltas
alheias, sem registrarmos as próprias, as quais, pela nossa rigidez de
sentimento, são maiores e mais graves.
7.5 — O apedrejamento moral
No mundo de hoje, não temos mais o apedrejamento das mulheres
adúlteras em praça pública e o castigo até à morte, mas continuamos na
intimidade de nosso relacionamento com a praça imensa e sombria da
maledicência, o julgamento coletivo da crítica impiedosa, as pedradas ferinas
da calúnia, o vozerio da condenação irredutível, o prazer de ver alguém em
queda, para comentar seu comportamento infeliz, no banquete pantanoso das
conversações maldosas, o abandono aos que caem pela afeição doentia, a
morte moral no desalento e no desespero dos enganados no sentimento, sem
um coração amigo que os reerga da fuma da angústia!
Há muitos crimes não registrados pela justiça humana, porque atingem a
cidadela da alma, mas a Justiça Divina arquiva com detalhes, para julgamento
imparcial, no futuro próximo ou distante.
No diálogo de João e Jesus, vejamos o que o Divino Médico das Almas
nos fala sobre os sofrimentos maiores da mulher adúltera:
“Poder-se-ia desejar para a pecadora humilde tormento maior do
que aquele a que ela própria se condenou por tempo indeterminado?
Quantas vezes lhe tem faltado pão à boca faminta ou a manifestação
de um carinho sincero à alma angustiada?
Raras dores no mundo
serão idênticas às agonias de suas noites silenciosas e tristes. Esse o
seu doloroso inferno, sua aflitiva condenação.” (”Boa Nova” — Irmão X / F. C. Xavier — LIÇÃO.13)
Todas as criaturas, em quedas no relacionamento afetivo, principalmente
as do sexo feminino, esperam de nossa parte a indulgência. Que não sejamos,
pois, juízes da conduta alheia, a fim de que realmente possamos ajudar,
amparar e servir.
“A Indulgência jamais se ocupa com os maus atos de outrem, a
menos que seja para prestar um serviço; mas, mesmo neste caso,
tem o cuidado de os atenuar tanto quanto possível. Não faz
observações chocantes, não tem nos lábios censuras, apenas
conselhos e, as mais das vezes, velados.” (“O Evangelho segundo o Espiritismo” — Allan Kardec — CAP.10)
Nos problemas do coração, a mulher sempre ficou com
a parte mais difícil, pois sempre foi a mais acusada, a mais
esquecida, a mais ferida, a mais desprotegida e a mais sofredora, mesmo nos tempos atuais. O autor de “Boa Nova”
nos diz:
“E o homem é sempre fraco e a mulher
sempre sofredora!. (”Boa Nova” — Irmão X / F. C. Xavier — FEB — 19ª Edição, 1992 - LIÇÃO.22)
7.6 — Valor espiritual das mulheres mais desventuradas
Apesar de todas essas ingratidões, perseguições e crueldades, em todos
os tempos, para com a mulher, o Divino Mestre Jesus confia e reconhece
nelas, mesmo as mais desventuradas e infelizes nos caminhos das
experiências humanas, o verdadeiro sustentáculo de regeneração da
Humanidade, asseverando:
‘Por isso, as mulheres mais desventuradas ainda possuem no
coração o gérmen divino, para redenção da humanidade inteira. Seu
sentimento de ternura e humildade será, em todos os tempos, o
grande roteiro para a iluminação do mundo (...).“ (”Boa Nova” — Irmão X / F. C. Xavier — LIÇÃO.22)
No que concerne à prática do bem, da caridade e do auxílio aos
sofredores, não podemos esquecer que usar a indulgência será sempre amar
mais e melhor, para servirmos realmente com Jesus.
Sexo e Evolução Walter Barcelos.
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