Mateus Cap. 13
19 Todo aquele que ouve a palavra do reino e não a entende, vem o mau e
arrebata o que se semeou em seu coração; este é o que recebeu a
semente junto da estrada.
Explicando a parábola do semeador, Jesus retrata a categoria espiritual de
cada um a quem é endereçada a palavra divina. Aqui vemos os indiferentes;
achegam-se ao Evangelho, ouvem as lições e retiram-se; seus corações não
sentem os ensinamentos e, por comodismo, acham mais fácil abandoná-los;
são terrenos ainda não preparados para a semeadura.
20 Mas o que recebeu a semente no pedregulho, este é o que ouve a
palavra, e logo a recebe com gosto;
21 Porém ela não tem em si raiz, antes é de pouca duração e quando lhe
sobrevém tribulação e perseguição por amor da palavra, logo se
escandaliza.
Aqui vemos os entusiastas e os discípulos de primeira hora, os quais
depressa se cansam de seus trabalhos espirituais Aceitam o Evangelho mas o
abandonam tão logo tenham de fazer qualquer esforço para pô-lo em prática. O
entusiasmo deles se esfria ao receberem a mais ligeira crítica contra a doutrina
que abraçaram ou ao surgirem dificuldades para segui-la.
Quando se
defrontam com as provas e as expiações perdem o amor pela doutrina,
esquecidos de que têm dívidas de encarnações anteriores para resgatarem e
erros para corrigirem. Contudo nada se perde no planeta: em futuras reencarnações continuarão o trabalho de compreensão da Verdade.
22 E o que recebeu a semente entre espinhos, este é o que ouve a
palavra, porém os cuidados deste mundo e o engano das riquezas,
sufocam a palavra e fica infrutuosa.
Temos aqui aqueles que ao ouvirem a palavra divina, comparam as coisas
materiais com as espirituais e se decidem pelas materiais, por parecer-lhes um
caminho mais fácil e mais cômodo;
são almas de pequenino desenvolvimento
espiritual, que se acomodam melhor nas facilidades que a matéria proporciona.
Dos males é preferível sempre o menor; é mais conveniente que assim
procedam do que tomarem um compromisso divino e depois desistirem dele, o
que lhes acarretaria consequências desastrosas.
É natural que assim
aconteça, por que se ao falharmos com nossos compromissos terrenos temos
de arcar com as consequências, o mesmo sucederá se falharmos com o
compromisso divino. Recomendamos por conseguinte, aos médiuns e a todos
os trabalhadores espirituais, que antes de se comprometerem e de assumirem
responsabilidades espirituais, meçam muito bem suas forças e verifiquem,
cuidadosamente, se estão aparelhados para a tarefa, a qual uma vez iniciada,
não poderá ser interrompida nem pelos cuidados do mundo, nem pelos
encargos das coisas materiais.
23 E o que recebeu a semente em boa terra, este é o que ouve a palavra e
a entende e dá fruto e assim um dá a cento e outro a sessenta e outro a
trinta por um.
Eis aí a personificação do adepto sincero; abraça os ensinamentos divinos,
esforça-se por praticá-los e trabalha no campo espiritual sem medir sacrifícios.
E cada um produzirá de acordo com seu adiantamento espiritual; uns mais
e outros menos. Esta comparação de Jesus dizendo que uns dão cem, outros
sessenta e outros trinta por um, significa que na seara do Senhor há trabalho
para todos, desde o mais pequenino ao mais letrado, desde o mais pobrezinho
ao mais bem situado no mundo. Não há escolha de classe social, nem de cor,
nem de fortuna, nem de credos nem de intelectos; todos podem produzir
segundo suas capacidades e posses. Evidentemente, os mais esclarecidos
trabalhadores são os que aceitam a sobrevivência da alma e a reencarnação e
repelem as religiões dogmáticas.
Eliseu Rigonatti O Evangelho dos humildes
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