Olá,
“Sabe-se que os Espíritos, por causa da
diferença que existe em suas capacidades, estão longe de estar
individualmente de posse de toda a verdade;
que não é dado a
todos penetrar certos mistérios; que seu saber é proporcional à
sua depuração;
que os Espíritos vulgares não sabem mais que os
homens, e mesmo menos que certos homens;
que há entre eles,
como entre os últimos, os presunçosos e os pseudo-sábios que
crêem saber aquilo que não sabem;
sistemáticos que tomam as
suas idéias pela verdade... árbitros da verdade.
Em semelhante
caso, que fazem os homens que não têm, neles mesmos, uma
confiança absoluta? Apegam-se à opinião de maior número, e a
opinião da maioria é seu guia.
Assim deve-se proceder em
relação aos ensinos dos Espíritos que disso nos forneceram, eles
mesmos, os meios.
A concordância dos ensinamentos dos Espíritos é então o melhor
controle; mas é preciso que ela tenha lugar em certas condições.
A menos certa de todas é quando um médium interroga, ele
mesmo, a vários Espíritos sobre um ponto duvidoso; é bem
evidente que se ele está sob o império de uma obsessão, e se
estiver influenciado por um Espírito enganador, esse Espírito
pode lhe dizer a mesma coisa sob nomes diferentes.
Não há, não
mais, uma garantia suficiente na conformidade que podemos
obter pelos médiuns de um só centro, porque eles podem sofrer a
mesma influência. A única garantia séria está na concordância
que existe entre as revelações feitas espontaneamente pela
mediação de um grande número de médiuns, estranhos uns aos
outros, e em diversos países.
Concebe-se que não se trata aqui
das comunicações relativas a interesses secundários, mas daquelas
que se relacionam aos princípios mesmos da Doutrina...
O primeiro controle é, sem contradita, aquele da razão, à qual
é necessário submeter, sem exceção, tudo aquilo que venha dos
Espíritos; toda teoria em contradição manifesta com o bom
senso, com uma lógica rigorosa, e com os dados positivos que se
possui, mesmo que seja assinada por nome respeitável, deve ser
rejeitada.
Mas esse controle é incompleto em muitos casos,
devido à insuficiência de luzes de certas pessoas e da tendência
de muitos para manter seu próprio julgamento como árbitro
único da verdade.
A única garantia séria está na concordância
que existe entre as revelações feitas espontaneamente pela
mediação de um grande número de médiuns estranhos uns aos
outros e em diversos países.
Tal é a base sobre a qual nós nos apoiamos quando formulamos
um princípio da Doutrina; não é porque esteja de acordo
com nossas idéias que o damos como verdadeiro; não nos colocamos
de nenhuma maneira como árbitros superiores da verdade,
e não dizemos a ninguém:
Crê em tal coisa, porque o dizemos.
Aos nossos olhos, nossa opinião não é mais que uma opinião
pessoal, que pode ser certa ou falsa, porque não somos mais
infalíveis que ninguém. Não é mais porque um princípio nos é
ensinado que é para nós a verdade, mas porque recebeu a sanção
da concordância.”
Allan Kardec
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