sábado, 19 de maio de 2012

ADOLESCÊNCIA - COMO PREVENIR O ALCOOLISMO?

 Olá,

neste capítulo, vamos entender como prevenir o alcoolismo.

Livro:

A PREVENÇÃO DE DROGAS À LUZ DA CIÊNCIA E DA DOUTRINA ESPÍRITA

REFLEXÕES PARA JOVENS E EDUCADORES

Rosa Maria Silvestre Santos

Pedagoga, psicopedagoga, psicodramatista, consultora de prevenção às drogas, co-dirigente do curso "Escolinha" de Pais.

Como prevenir o alcoolismo?

Através de um diagnóstico precoce, muito dificultado pelo mecanismo mais usado pelo alcoolista e família chamado "negação". 


A sociedade e a família são permissivas e condescendentes quanto ao álcool. Fica difícil assumir que possuem alguém da família com o alcoolismo, este diagnóstico sempre vem com um forte peso moral, visto que desconhecem que o alcoolista possui uma doença.

Como detectar os primeiros sinais da doença?

Exige um preparo profissional e uma ação integrada de médicos, enfermeiros, recursos humanos, assistentes sociais, chefes de seção... ou outros profissionais que possam distinguir as repetidas queixas de diarréia, gastrite, dor de cabeça, nervosismo, constantes abusos, etc.

 Qual a diferença entre alcoolismo masculino e feminino?

Alcoolismo é uma doença progressiva, mais lenta no homem (aparece depois de uns 20 a 25 anos de uso) e mais rápido na mulher (aparece após 5 a 10 anos de uso). Isto porque a mulher tem mais células gordurosas do que o homem, este tem mais massa muscular. A gordura atrai e retém mais líquidos e fica exposto mais tempo às substâncias nocivas do álcool. 
Há 15 anos atrás a porcentagem era de 1 mulher para 20 homens, hoje é de 1 mulher para 6 homens.

 Como diferenciar o bebedor social do bebedor abusivo?

O comportamento de ambos é bem semelhante, ambos podem ou não serem alcoolistas, mesmo que consigam ficar algum tempo sem beber. A quantidade e a freqüência também pode ser semelhante, mas para os autores Vespucci (1999), a diferença está na ressaca.
 O bebedor não alcóolico cuida da ressaca, toma água, alivia a dor de cabeça e do estômago, evita com repulsa a bebida. Não permite que a bebida interfira no seu modo de beber.
 O alcoolista perde progressivamente o controle sobre o álcool, sutilmente suas ações passam a girar em torno da bebida, nem ele, nem a família se dão conta. Ele procura curar a ressaca, quando as tem, bebendo um pouco mais. Depois do porre, o dia seguinte é um novo namoro, pode também ficar períodos prolongados de abstinência, semanas ou meses, mas quando ingere, mata aquela "saudade", funciona como muleta, a bebida alivia, tranqüiliza...

Existe cura?

Não há cura, o portador do alcoolismo pode deter a doença, mas primeiro precisa aceitar que ela existe, depois conscientizar-se do problema e praticar abstinência completa.

Quais as fases da doença?

A doença tem fases evolutivas:

1- Fase da adaptação: o organismo aprende a "funcionar a álcool"

2- Fase da tolerância: o organismo pede doses crescentes para sentir os mesmos efeitos

3- Fase da dependência química.
 Alguns autores classificam os alcoolistas, na fase da dependência química, de acordo com seu grau de envolvimento com o álcool:
 * Bebedor periódico: bebe grandes quantidades em pouco tempo e depois passam meses sem beber.
* Bebedor discreto e silencioso: bebe quase diariamente, regularmente
    e quantidade relativamente pequena.
* Bebedor assumido: bebe sempre, muito e constantemente.
* Bebedor camuflado: bebe sempre, quantidade pequena, média ou grande, mas raramente se embriaga.

 Quais as etapas progressivas da doença?

 1. Etapa do "beber social" cotidiano e noturno, mesmo um pequeno drinque, uma lata de cerveja diária, é prenúncio de que o organismo está dependente, precisa relaxar antes de dormir.

2. Etapa do "beber social" ao apagamento - bebe antes, durante e depois do evento social, quando excede promete a si e aos outros que vai se controlar. Começa a ter os primeiros apagamentos, amnésias que o impede de lembrar o que fez na noite anterior.

3. Etapa intermediária: agravamento dos sintomas, busca ambientes desconhecidos para beber sem fiscalização. Chega em casa bêbado, com acentuado nervosismo, não sabe administrar as emoções, usa da mentira com freqüência para evitar críticas. Começa a tremer as mãos pela manhã, deteriorar as relações profissionais e familiares e freqüentemente não consegue ir ao trabalho às segundas-feiras. 4. Etapa final: morte, loucura ou recuperação. Sofre terríveis síndromes de abstinência se ficar sem a bebida, sofre taquicardia, sudoreses, convulsões, delirium tremuns... fica em desnutrição, cai com freqüência, não tem higiene... entra em degradação física, mental e emocional.

 Onde termina o beber normal e começa o alcoolismo?

 Esta é uma questão intrigante, saber onde termina o beber normal e começa o alcoolismo. Como afirma Jandira Masur, tentar responder a isso é o mesmo que distinguir entre o rosa inicial até se transformar no vermelho, difícil é a distinção do momento em que o rosa não é mais rosa. Existem sinais óbvios para se saber quando é o vermelho: a pessoa perdeu o emprego, a relação com a família está péssima, bebe pela manhã, complicações orgânicas começam a surgir: gastrite alcoólica, tremedeira nas mãos etc.
Descobrir quando o rosa não é mais rosa é bem mais difícil. Certos critérios são aceitos por alguns autores, como: a quantidade e a freqüência do álcool ingerido; se a pessoa bebe diariamente; se bebe sozinho; se bebe a ponto de sofrer prejuízos físicos ou se chegou a perder a liberdade sobre o ato de beber em detrimento de outras coisas na vida familiar ou profissional.

O processo de transição de um estado moderado para a dependência é longo, leva anos. Ninguém dorme bebendo normalmente e acorda alcoolista . Utilizamos o termo alcoolista, ao invés de alcóolatra, seguindo a mesma orientação dos autores de "Alcoolismo Hoje", acreditamos que o dependente de álcool , usa-o por necessidade e não por adorá-lo, visto que o sufixo "latra" indica adoração.

O que leva ao alcoolismo?

O alcoolista começa a beber pelas mesmas razões que o não alcoolista, isto é, pelo prazer que a bebida oferece. Porém uns bebem moderadamente a vida toda, não se excedem e nem se embriagam, devido, segundo alguns autores, ao próprio organismo que impõe limites.
Outros não sentem atrativo nenhum pela bebida. Existem aqueles que ficam fascinados pelo prazer de beber, permanecem bebendo longos anos, até que a dependência se instala e problemas sérios começam a surgir.

Qual a ação do álcool do ponto de vista médico?

De acordo com os médicos Dr. Otto Wolff e Dr. Walther Bühler, observa-se no álcool 2 tipos de efeitos: um negativo e outro "positivo". Sendo o álcool uma droga, é capaz de provocar sérios danos, inclusive a morte, caso seja ingerido em excesso. O fígado é o órgão mais lesado, pesquisas revelaram que "após a ingestão de pequenas quantidades de álcool, mesmo um fígado sadio apresenta lesões celulares...
A ingestão de quantidades maiores de álcool (80-160 g. ou seja 1-2 litros diariamente, inevitavelmente produz grave lesão do fígado após algum tempo" Wolff, Bulher (1987). Os danos também podem se dirigir à arterioesclerose coronário (riscos de infarto do miorcádio), neurites, etc. lesões que, no mínimo, encurtam a vida humana e provocam moléstias crônicas.

 Quanto ao efeito "positivo", muitos apreciam a sensação psíquica agradável, a sensação de calor que estimula e ativa, a sensação de uma aceleração do metabolismo e da circulação, o esquecimento das preocupações. Após mais doses, esclarece os Drs. Wolff e Bulher aparece o aumento da eloquência, do bom humor, mais uma dose, o estado de alegria se transforma em excitação, diminui a capacidade do pensamento, visão dupla, vertigens e embriaguez.

Qual o efeito espiritual do álcool?

Em poucas palavras, resumem os Drs. Wolff e Bulher, "o homem perde-se a si mesmo".
"A estimulação, a alegria, o esquecimento das preocupações são acompanhados por uma "crescente perda de critério": a censura é desligada, a pessoa desinibe-se, faz e fala coisas que não faria ou falaria se estivesse sóbria, ocorre um "desencadeamento irrefreado de tendências inferiores e vis".

Na realidade a pessoa não passa a beber para criar coragem, mas para perder o controle de si, para deixar transparecer sua "natureza baixa". Mesmo em pequenas doses ocorre uma diminuição da consciência e uma incapacidade do espírito de agir no corpo.
Diz Rudolf Steiner que "o álcool isola o homem de tudo o que é espiritual, luta contra a atividade de nosso EU espiritual" Não podemos subestimar o problema do alcoolismo, é uma doença grave progressiva e incurável, cuja única saída será o tratamento e a abstinência total.

Precisamos compreender que os danos físicos não são tão eminentes, a não ser após a ingestão regular de quantidades maiores, mas os efeitos sobre a estrutura espiritual e a personalidade do ser humano são intensos, mesmo ingerindo-se pequenas quantidades, o homem se desconecta do aspecto espiritual, perde-se de si mesmo e provoca a decadência física e psíquica da sua personalidade.

O uso do álcool na Antigüidade é diferente do uso atual?

O álcool é tão antigo quanto a humanidade, mas existem diferenças fundamentais entre o passado e o presente. Antigamente as bebidas tinham baixo teor alcóolico, os tempos eram outros, a estrutura do homem antigo totalmente diferente do moderno, dizia Drs. Wolff e Bülher que o álcool era até um fator positivo, dava o "peso terreno" que faltavam aos antigos.

 Afirmam eles que "do ponto de vista da humanidade, a missão do álcool era retirar o homem de seu estado de consciência clarividente e atavístico, e cortar-lhe a ligação direta e instintiva com as forças da natureza e com o mundo espiritual. Este desligamento devia tornar o homem mais terreno e promover a formação da personalidade.
Hoje, no entanto, a ligação do homem com a terra é não somente suficiente, mas, às vezes, excessiva, fato que se traduz no aparecimento de certas doenças. Se esta tendência for reforçada constantemente pela ingestão de àlcool (mesmo em quantidade pequena), teremos duas conseqüências:
 a promoção da predisposição a certas doenças e o impedimento de um passo decisivo na evolução da humanidade.

O homem precisa hoje reconquistar a ligação perdida com o mundo espiritual. O álcool impossibilita esta reatação. O álcool é, hoje, um inimigo da humanidade. O consumo regular do álcool é um herança do passado, que precisa ser abandonada em prol do desenvolvimento do eu humano em direção à individualidade criadora e livre".(Wolff e Bülher, ob. cit.,p. 7)

Quais as conseqüências do alcoolismo?

O consumo de bebidas alcoólicas é um traço comum na nossa sociedade. É bastante contraditório porque, se de um lado, traz a aproximação fraterna entre as pessoas, de outro, provoca a destruição do indivíduo e daqueles que o cercam, quando é levado ao excesso.
As conseqüências físicas na evolução do alcoolismo, mesmo quando o indivíduo possui uma dieta normal, acarretam sérias complicações orgânicas e mesmo desnutrição, porque existe um mau aproveitamento dos alimentos ingeridos, além de problemas digestivos, neurológicos, cardiovasculares, entre outros.

Além destas complicações físicas mencionadas acima, aparecem pela ordem de frequência, respectivamente, os seguintes problemas sociais: no trabalho; na família (cônjuge e filhos); financeiro; violência; habitacionais; com amigos; previdenciários e legais. De acordo com os Drs. Otto Wolff e Walther Bülher (1987) estas conseqüências do alcoolismo independem do grau de envolvimento com o álcool: "entre as seqüelas do alcoolismo crônico temos alterações nervosas e doenças psíquicas muito variadas...sabemos hoje que o consumo regular do álcool provoca alterações da concepção espiritual, da atenção, da memória, retardamento do pensar, perda da capacidade de crítica e juízo, assim como irritabilidade, tristeza e estreitamento do campo de interesses...

 Estas alterações psíquicas são devidas em parte a autênticas lesões cerebrais. São manifestações das lesões nervosas em geral, produzidas pelo álcool, e que muitas vezes incluem também paralisias e inflamações nervosas; Progredindo o alcoolismo, surgem finalmente alucinações, isto é, ilusões sensoriais patológicas, e o "delirium tremuns" quadro grave que requer tratamento em clínica psiquiátrica e que se caracteriza principalmente pela desorientação, 7 a 8% dos alcóolicos apresentam, aliás, crises epiléticas, que desaparecem com a "cura" do alcoolismo.

Grifos meus.

Visite estes sites:

http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=536

http://boasaude.uol.com.br/lib/ShowDoc.cfm?LibDocID=3511&ReturnCatID=1796

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